Uma nota técnica sobre as extensas manchas de espuma na superfície da Lagoa da Conceição, especialmente nas margens norte e leste do Canto da Lagoa, junto à ponte da avenida das Rendeiras e ao longo da rua Vereador Osni Ortiga, em Florianópolis, aponta que, associados à escuma (manchas) “observaram-se peixes e camarões mortos. A análise microscópica das amostras revelou ser material orgânico em decomposição e grande quantidade de material de biofilme bêntico (crescido junto ao fundo). Este biofilme, com aspecto de espuma aerada densa, estava composto por uma massa mucilaginosa e fibrilar formada por bactérias, microalgas do grupo das diatomáceas (diversas espécies bênticas), além de cianobactérias (Oscillatoria) e dinoflagelados, alguns potencialmente tóxicos (Prorocentrum e Gymnodinium)”.
A nota é assinada pelo Laboratório de Ficologia (Lafic), – Laboratório de Oceanografia Química e Biogeoquímica Marinha, Núcleo de Estudos do Mar (Nemar), Veleiro Eco, e Daniele Damasceno Silveira, do Laboratório de Reuso de Aguas (LaRA) e se baseia em averiguação, análises e coleta de material dos pesquisadores da UFSC, que complementam e corroboram análise realizada por laboratório particular.
De acordo com a nota, “esses eventos têm se tornado cada vez mais frequente na Lagoa da Conceição, sendo mais visível no Canto da Lagoa, por este ser uma porção semifechada da lagoa, com circulação restrita e pouca renovação das águas. São sintomas claros da saturação de ocupação urbana nesse ambiente associada à deficiência de saneamento”.
A nota alerta ainda que as evidências de contaminação por esgoto doméstico, reveladas pelas concentrações de coliformes fecais acima do permitido para garantir a saúde dos banhistas, “reforçam as advertências em relação ao ambiente ser impróprio para o banho e mesmo para o contato secundário (como práticas náuticas que podem ocasionar contato com a água)”. Os pesquisadores lembram que a “presença de rotavírus, adenovírus e hepatite A já foram relatadas nas águas superficiais da grande Florianópolis, incluindo a da Lagoa da Conceição” e que “a detecção do vírus SARS-CoV-2 em fezes, rios e esgoto foi recentemente relatada, levantando a hipótese de transmissão fecal-oral. Como toda hipótese, essa precisa ser testada, considerando a pouca probabilidade do coronavírus sobreviver por muito tempo em águas naturais. Contudo, a precaução é necessária, devido às dezenas de casos de contaminados confirmados na bacia da Lagoa da Conceição e a carência de um sistema de saneamento eficiente”.
Confira a nota completa aqui.
(UFSC, 21/05/2020)
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