O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) divulga o resultado da coleta realizada na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, e relatório com levantamento histórico sobre o monitoramento da qualidade da água no local. As análises buscam identificar os motivos que levaram ao aparecimento de manchas nos últimos dias na região.
Para isso, a pesquisa foi segmentada em três diferentes etapas:
1. Análise da série histórica de coliformes fecais, com dados do Programa da Balneabilidade;
2. Amostragem e análise de outros parâmetros físico-químicos, em pontos históricos do Programa da Balneabilidade;
3. Monitoramento do local por Veículos Aéreos Não Tripulados.
De modo a planejar futuras coletas e compreender a dinâmica local, priorizou-se um monitoramento em três pontos onde há registros de balneabilidade: Pontos 38 e 62, onde houve maior intensidade da formação de espumas, e Ponto 72, com características opostas aos dois primeiros pontos.
Para a análise da série histórica foi utilizada estatística descritiva para avaliação da média e mediana de concentração de Escherichia coli nos três pontos, a partir do ano de 2010. Após o estudo constatou-se que os três pontos, historicamente, apresentam condições impróprios para banho.
No entanto, nos pontos 38 e 72 há redução dos valores de coliformes fecais na água, em 2019 e 2020. Na contrapartida, o ponto 62 merece mais atenção, visto que os resultados, ainda que demonstrem redução de concentração, estão superiores aos padrões previstos na CONAMA 274/2000, sendo o ponto de pior qualidade entre os avaliados.
Com relação à análise das amostras coletadas dos pontos 38, 62 e 72 na última quinta-feira, 21 de maio de 2020, verificou-se que há baixas concentrações de clorofila A, demonstrando a baixa incidência de algas e outros organismos que realizem fotossíntese.
O oxigênio dissolvido nos três pontos também demonstrou uma boa capacidade de oxigenação da lagoa. Mesmo o ponto de menor concentração (38), apresentou um resultado muito superior ao padrão de qualidade para Classe I e II das águas salobras, definidas pela Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005.
Nos três pontos foi verificada a presença de Escherichia coli, mas em valores “toleráveis”, considerando o limite de 800 NMP/100ml. A concentração de fósforo total obtida é considerada normal. Valores de nitrogênio são normais, se considerado o padrão de Classe II, mas excedem, por pouco, os padrões de Classe I. Os valores de surfactantes (tensoativos que reagem ao azul de metileno) encontram-se 5 vezes acima dos padrões de qualidade.
A combinação da presença de Escherichia coli, valores levemente altos de nitrogênio total e a presença de detergentes indica que há influência de esgoto sanitário na Lagoa da Conceição, ainda que alguns de seus valores estejam dentro dos padrões de qualidade preconizados pela Resolução CONAMA 357/2005.
Além das coletas, o IMA realizou sobrevoos de drones nos dias 21, 22 e 25 de maio. Tais inspeções terão continuidade de forma a verificar possíveis poluições difusas e pontos onde há incidência localizada de espuma para encontrar a origem de tais eventos.
Portanto, por meio da série histórica e do resultado da coleta realizada no dia 21 de maio de 2020, concluiu-se que há efeitos da contaminação por esgoto sanitário na Lagoa da Conceição.
Foram constatadas a presença de coliformes fecais (ainda que dentro dos padrões, há presença em 3 pontos), nitrogênio total (concentração levemente acima do padrão Classe I) e surfactantes, sendo que todos podem ter origem no esgotamento sanitário.
A fim de confirmar que a poluição por esgoto seja a causa da formação da espuma, o IMA continuará com a análise ampliada do monitoramento dos pontos do Programa de Balneabilidade nas próximas semanas, além do monitoramento por veículos aéreos não tripulados. As imagens e vídeos feitos por drones podem ser acessados no link disponível no documento.
(DeOlhoNaIlha, 26/05/2020)
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