A pandemia de coronavírus não alterou apenas o comportamento das pessoas em todo o mundo. De acordo com o estudo realizado sobre o indicador da poluição em grandes centros urbanos do país, as mudanças no ar também são surpreendentes. A pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) a partir de imagens de satélite fornecidas pela Agência Espacial Europeia (ESA), com o auxílio da plataforma Google Earth Engine.
A primeira análise foi realizada com aproximadamente 90 imagens do estado catarinense. Comparando de 20 de março de 2019 a 08 de abril de 2019, antes da declaração de pandemia, e o mesmo período, mas de 2020, após as medidas de restrição de circulação para conter o contágio da Covid-19, os dados mostram que em Santa Catarina houve redução da poluição atmosférica, especialmente, no litoral norte e no sul, onde há grande concentração de indústrias e pessoas.
“Conseguimos identificar claramente que onde há muitos veículos circulando ou atividade industrial forte a qualidade do ar melhorou consideravelmente”, afirmou o diretor de Qualidade Ambiental do IMA, Fábio Castagna.
Em um segundo momento a pesquisa foi estendida para outras regiões do país. De acordo com o gerente de informações ambientais e geoprocessamento do IMA, Diego Hemkemeier Silva, a ampliação da pesquisa e o processamento das imagens permitiram a verificação de que, qualitativamente, os maiores impactos ocorreram nas cidades de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Analisamos, com base em imagens do satélite Sentinel 5-P, da Agência Espacial Europeia (ESA), períodos pré e pós quarentena e notamos uma visível redução da concentração de dióxido de nitrogênio (NO2) nessas metrópoles”, destaca.
O NO2, em concentrações elevadas, é um gás tóxico, um dos mais nocivos à saúde humana, resultante principalmente da queima de combustíveis fósseis de veículos e em indústrias. Pode causar complicações pulmonares quando a exposição é contínua e em grande quantidade. Regiões como a Europa e Ásia possuem locais com altíssimas concentrações e este componente é um dos causadores da conhecida Chuva Ácida.
Ainda de acordo com Diego Hemkemeier é necessário um maior tempo para uma análise quantitativa, ao menos 30 dias, para identificar os fatores que levaram à redução. A chuva, por exemplo, pode contribuir para reduzir a concentração do NO2 no ar. “Mas é muito provável que a diminuição do fluxo de veículos seja a causa principal para a queda na concentração deste importante indicador da poluição do ar”, ressalta o gerente do IMA.
(IMA, 13/04/2020)
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