Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 16/04/2020)
O Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (Cofem) divulgou nota na tarde desta quinta-feira lamentando a decisão do governo do Estado de interromper o diálogo com o setor produtivo e outras instituições que acontecia no grupo de trabalho criado para discutir as questões ligadas ao coronavírus. Para as entidades, a profundidade da crise da pandemia e as estarrecedoras consequências no Estado, especialmente sociais, tornam mais urgente a necessidade de diálogo com o governo.
Além das entidades empresariais, também participam desse grupo a Assembleia Legislativa, os Ministério Público Estadual, Federal e do Trabalho e a Federação dos Municípios (Fecam).
— As reuniões, que eram diárias, foram suspensas e o diálogo interrompido. Causa estranheza ao COFEM, como membro do grupo de trabalho, tomar conhecimento, pela imprensa, de decisões importantes tomadas pelo Governo. É urgente avançar na construção de protocolos que permitam a segurança para as pessoas e o aumento da atividade econômica em Santa Catarina, pois as pesquisas mostram que os impactos no emprego são dramáticos – alerta o Cofem na nota.
Questionado sobre esse fechamento do diálogo por parte do governo, o secretário de Comunicação do Estado, Ricardo Dias, informou que o Grupo Econômico, coordenado pelo Secretário da Fazenda, Paulo Eli, segue trabalhando com a participação das entidades empresariais.
— O canal não está fechado, as reuniões acontecem de acordo com a prioridade dos assuntos. Nesta sexta, às 14h, terá reunião novamente e todos representantes de federações estão convidados – informou Dias.
Segundo ele, o governador participa dessas reuniões, embora nem todas em função das agendas, mas o diálogo segue aberto.
De acordo com o Cofem, o ponto crítico agora, que o setor produtivo gostaria de conversar mais, é sobre a retomada gradativa de atividades tendo a preservação da saúde como prioridade mas olhando também a economia no curto e médio prazo.
A propósito, o governo de Carlos Moisés foi muito criticado ano passado por não ter diálogo com o setor produtivo do Estado. Com a pandemia mudou, passou a ser mais elogiado, mas agora o setor alerta novamente sobre a falta de comunicação. A nota do Cofem mostra que as instituições e entidades gostariam de uma interlocução mais frequente com o governador, pelo menos nesta que, por várias características, é a pior crise dos últimos 100 anos.
O Cofem é integrado pelas federações das Indústrias (Fiesc), do Comércio (Fecomércio), Agricultura (Faesc), Transportes (Fetrancesc), Associações Empresariais (Facisc), das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) e das Micro e Pequenas Empresas (Fampesc).
Leia a nota do Cofem na íntegra:
A importância do diálogo
Desde o início do atual Governo, o COFEM tem reiterado a importância do diálogo com o setor produtivo sobre as questões relativas ao desenvolvimento do Estado. Com a crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus, e suas estarrecedoras consequências, especialmente sociais, isso se torna ainda mais urgente. Todos colocamos a vida em primeiro lugar, mas é fundamental encontrar uma equação que permita garantir a saúde das pessoas e, também, a subsistência delas. Isso, por sua vez, depende da sobrevivência de nossas empresas e da possibilidade de manutenção dos respectivos empregos que elas geram.
No início deste mês fomos chamados pelo Governo a participar de um grupo de trabalho para busca de soluções e enfrentamento do coronavírus. Entre os participantes, além das entidades do COFEM, estão também a ALESC, os Ministérios Públicos Estadual, Federal e do Trabalho, e a FECAM. Fruto da interação entre os participantes, houve avanços importantes, como a construção de protocolos de segurança para a volta de atividades de diversos setores.
Todavia, as reuniões, que eram diárias, foram suspensas e o diálogo interrompido. Causa estranheza ao COFEM, como membro do grupo de trabalho, tomar conhecimento, pela imprensa, de decisões importantes tomadas pelo Governo. É urgente avançar na construção de protocolos que permitam a segurança para as pessoas e o aumento da atividade econômica em Santa Catarina, pois as pesquisas mostram que os impactos no emprego são dramáticos.
Temos que avançar. O momento exige humildade e união. Muitos podem contribuir, inclusive os que reconhecidamente têm serviços relevantes prestados a Santa Catarina. O COFEM, preocupado com a iminente desestruturação social do estado, reafirma o compromisso de continuar contribuindo com a saúde das pessoas e a sobrevivência das empresas catarinenses, que são instrumentos de geração de empregos e cidadania.
Florianópolis, 16 de abril de 2020
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