Da Coluna de Renato Igor (NSC, 06/04/2020)
Já há um movimento em Santa Catarina que tenta convencer as autoridades estaduais e municipais a liberarem as atividades esportivas ao ar livre. Interlocutores encaminharam o pedido para a Fundação Catarinense do Esporte (Fesporte) e membros do colegiado estadual. O decreto estadual 521/20 estabelece que “ficam proibidas a concentração e a permanência de pessoas em espaços públicos de uso coletivo, como parques, praças e praias, em todo o território catarinense.” Mas nem todos respeitam. No fim de semana, os calçadões da Beira-Mar Norte e Beira-Mar do Continente, em Florianópolis, e Beira-Mar de São José, no município vizinho, registraram grande movimento de pessoas caminhando e se exercitando. Na praia do Campeche, Sul da Ilha, mesmo sem aglomerações, muitos atletas surfaram. A Fesporte e a Secretaria Estadual da Saúde estudam o assunto.
Quem coordena o movimento é o ex-presidente da Sociedade Catarinense de Medicina do Esporte, o cardiologista Artur Herdy.
”Estou tentando ajudar, mas sem ser irresponsável com a epidemia. Esse assunto precisa estar esclarecido. O Ministério da Saúde orienta uma coisa, mas parece que municípios e estados têm visões heterogêneas. Estou na emergência do Hospital Regional de São José, atualmente, sei o que virá. Mas as pessoas precisam estar o mais saudável possível pra enfrentar o contato com o vírus, o que é inevitável. Somos a capital com maior número de pessoas que se exercitam no país, proporcionalmente. Não podemos estragar isso logo no momento que mais precisamos de saúde”, explica.
O informe nº 3 da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) , da última segunda-feira (30), aponta que a prática de atividade física ao ar livre, sem aglomerações, protege o sistema imunológico e faz bem à saúde física e mental.
”De acordo com a Organização Mundial de Saúde(OMS), o Ministério da Saúde do Brasil, e a nossa Sociedade (SBMEE), realizar exercício físico ao ar livre está recomendado, observando sempre os protocolos de prevenção amplamente conhecidos. Ressaltem-se os cuidados para que o exercício seja feito de forma isolada (nunca em grupo), evitando aglomerações e contatos pessoais próximos, respeitando distância interpessoal adequada (pelo menos de um metro, segundo o MSB), além de manter os cuidados preconizados de etiqueta respiratória e de higiene. Em relação a estes protocolos preventivos, cabe ressaltar que, ao sair de casa, o praticante pode se expor a situações de imprevisibilidade, precisando estar atento para evitar a possibilidade de aproximação inadequada com outras pessoas em elevadores de prédios, áreas comuns de condomínios e em espaços públicos (já que outros podem ter a mesma ideia de se dirigir àquele local escolhido, causando aglomerações indesejadas), além do risco potencial de contato com superfícies diversas (botões, corrimão, maçanetas, portas, barras de apoio e/ou para alongamento etc.), eventualmente contaminadas. Portanto, a prática de exercício ao ar livre, desde que não proibida por lei decretada pelo poder executivo, para determinada localidade ou região, está recomendada, por ter, reconhecidamente, efeitos benéficos para a saúde física e mental (especialmente neste período de redução de mobilidade social), mas precisando seguir sempre as recomendações de distanciamento e de higiene preventiva, preconizadas pelos órgãos oficiais de saúde.”
A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) esclarece que a prática esportiva fortalece o sistema imunológico, mas isso não representa que o atleta está imune ao vírus:
”A prática regular de exercícios físicos está associada a uma melhora da função imunológica em seres humanos, otimizando as defesas do organismo diante de agentes infecciosos. Isso não quer dizer que uma pessoa fisicamente ativa está imune ao coronavírus, pois este é um agente infeccioso novo, com a população mundial não tendo exposição suficiente para ter anticorpos para combater este vírus. Portanto, os cuidados gerais, amplamente divulgados, como evitar aglomerações, lavar as mãos regularmente com água e sabão ou usar álcool gel 70% e manter a etiqueta respiratória, além de observar determinações obrigatórias de restrição de mobilidade e/ou de isolamento social, decretadas pelo poder executivo em localidades específicas, devem ser seguidos por todos, independentemente de seu nível de condicionamento físico.”
O presidente da Fesporte, Rui Godinho, já discute o assunto internamente.
“Estou constantemente conversando com o secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, sobre a possibilidade dessas práticas esportivas ao ar livre poderem ser liberadas o quanto antes. O governo está liberando gradualmente, por setores, o retorno as atividades. Apoio o retorno dessas atividades individuais o quanto antes. Porém, com o aval do secretário Helton, que avalia, junto ao governador, cotidianamente a progressão, do Covid 19 em SC”, conclui.
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