O fechamento do contrato de importação de 200 respiradores para o sistema nacional de saúde, realizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) em parceria com o governo do Estado, indústrias e instituições catarinenses, foi o primeiro resultado prático do programa + Respiradores, iniciativa da Rede SENAI de Institutos de Inovação. O objetivo é suprir os hospitais brasileiros com o equipamento, que é considerado crucial nas situações de crise aguda do Covid-19, doença provocada pelo coronavírus, que afeta a capacidade de respiração e exige a intervenção mecânica para a manutenção da vida do paciente. Além da importação de produtos, o programa prevê a ampliação da produção nacional e a adaptação de produtos similares, sendo que dois projetos já foram aprovados pelo Edital de Inovação na Indústria. Outra ação tem foco na recuperação de aparelhos danificados.
“Esta importação só foi possível pela parceria entre FIESC, Intelbras, Associação Catarinense de Medicina (ACM) e governo do estado, observa o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. Ele ressaltou o empenho do escritório da Intelbrás na China, destacando que a participação da empresa foi fundamental na busca de fornecedor e na condução das tratativas. Informou ainda que o governo estadual vai arcar com os custos da operação. Dessa forma, os recursos arrecadados por meio do Fundo Empresarial para Reação Articulada de Santa Catarina Contra o Coronavírus, também criado pela FIESC, serão aplicados na produção nacional dos aparelhos.
Para o médico Ademar José de Oliveira Paes Junior, presidente da ACM (entidade parceira no programa), não é possível prever com precisão quantos respiradores serão necessários no país nos próximos meses. “A demanda exata depende da adesão da população ao isolamento social”, afirma. Ele estima que somente o estado de Santa Catarina venha a apresentar um déficit de 200 a 300 equipamentos, num cenário de extrema colaboração da população quanto ao isolamento. O número de aparelhos em uso no país totaliza 61,6 mil, dos quais cerca de 70% estão no Sistema Único de Saúde (SUS) e 30% na rede privada, informa Paes Júnior.
O programa + Respiradores também prevê a ampliação da produção nacional. Neste caso, já foram identificados dois fabricantes que manifestaram interesse em ampliar a produção, mas relatam obstáculos, como falta de capital de giro, dificuldades na aquisição de componentes nacionais ou importados e limitações na capacidade de testes de equipamentos. Os institutos SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura (Joinville) e em Sistemas Embarcados (Florianópolis) estão desenvolvendo soluções para estas questões. Outros fabricantes estão sendo identificados e contatados.
A terceira frente de ação é a adaptação de produtos similares. Há um contato em andamento com uma indústria de respiradores veterinários, localizada no interior de São Paulo e que se dispõe a fabricar um ventilador em versão simplificada e que poderia ser indicada para pacientes em fase inicial da doença, podendo evitar o agravamento da crise. A indústria teria capacidade de fabricar mil unidades por mês com o apoio do SENAI. Um protótipo do aparelho está sendo avaliado por médicos de Santa Catarina (teste não em humanos), num trabalho coordenado pela ACM. Para este caso, os pontos críticos são a avaliação médica quanto à adequação do aparelho, a aprovação pela Anvisa e desembaraços alfandegários de componentes que precisam ser importados.
Além dos recursos do Fundo Empresarial criado pela FIESC, estas duas frentes contarão com aportes do Edital de Inovação da Indústria, que é lançado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aprovou a destinação de R$ 10 milhões para cinco projetos de inovação. Dois desses projetos foram apresentados pelos Institutos SENAI localizados em Santa Catarina. Um, em parceria com a Novitech Equipamentos Médicos contempla o aumento da capacidade produtiva de ventiladores pulmonares. O outro é em parceria com a Arede Equipamentos Hospitalares, com o objetivo de realizar a adaptação de um ventilador pulmonar de baixo custo.
Além de viabilizar o aumento da produção, os institutos SENAI buscam identificar formas de redução de custos. Os aparelhos importados chegam ao Brasil pelo valor aproximado de R$ 75 mil. Os de fabricação nacional custam em torno de R$ 55 mil. Já o produto que pode ser adaptado tem preço estimado em R$ 9 mil.
Há uma quarta ação, que envolve a recuperação de aparelhos fora de operação – é coordenada pelo SENAI/Cimatec, da Bahia, com apoio em Santa Catarina dos Institutos de Joinville e de Florianópolis além da GM em Joinville. Neste caso, o objetivo é recolocar em operação cerca de 3,6 mil respiradores que carecem de manutenção. Esta ação também contará com recursos do Edital de Inovação.
(FIESC, 25/03/2020)
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