A primeira semana do mês de novembro começou intensa na CPI da Zona Azul na Câmara Municipal de Florianópolis. Na manhã de ontem (04/11), pessoas consideradas chaves para os membros da comissão parlamentar de inquérito prestaram depoimentos, eram ex-funcionárias da Dom Parking ligadas a supervisão e administração, e ainda, ex-funcionário que participou do processo de licitação do contrato de concessão de estacionamento rotativo da cidade.
A primeira depoente a ex-supervisora da empresa Dom Parking, Graziela Isabel Coelho, falou sobre suas atividades na empresa, a movimentação financeira realizadas pelos monitores, supostas indicações políticas na contratação de funcionários e a atual situação dos trabalhadores que foram demitidos. “Boa parte do meu trabalho eu fazia na rua auxiliando os monitores e uma parte eu ficava na empresa organizando a escala. O supervisor em si tinha contato com os valores vendidos, o que não era pouco. O dinheiro arrecadado diariamente em espécie era entregue ao financeiro da empresa. O que era feito eu não sei, o que posso afirmar e que já presenciei foi a retirada do dinheiro pelo nosso diretor financeiro. Todo começo do mês ele pegava R$21 mil reais em espécie em notas de R$ 50 reais novas”, afirmou. Graziela foi a que mais trouxe assuntos reveladores e que podem acrescer à CPI, mas que precisam ser investigados porque envolvem outros fatos que até o momento não haviam sidos citados.
A ex-diretora Operacional da Dom Parking Joice Maria Garcia trabalhou na empresa durante seis anos e, pela função que exercia na empresa, tinha um maior contato com o Nerto Laudelino Machado, diretor financeiro, e até com o filho do dono da empresa. Ela disse aos vereadores que tinha conhecimento dos atrasos e da falta de pagamentos dos direitos trabalhistas, assim como da premiação em dinheiro dada aos funcionários às sextas-feiras, e confirmou que o setor financeiro tinha conhecimento. “Todo o recurso que saia da empresa era de única e exclusiva responsabilidade do setor. Quanto ao depósito do fundo de garantia era de conhecimento de todos na empresa. Sempre que perguntava ao gestor da empresa, ele dizia que não seria possível o pagamento por dificuldades da empresa e que estaria priorizando o pagamento salarial,’ afirmou. Joice ainda acrescentou que, no dia em que possivelmente os Correios foram entregar de concovação para a CPI da Zona Azul na Câmara, ela foi impedida de abrir a porta por Nerto Machado e por Vitor, filho do proprietário da Dom Parking.
O ex-presidente da comissão de Licitação da Prefeitura Municipal de Florianópolis, Jarrie Albani Leiria, que participou do processo licitatório do contrato de concessão dos estacionamentos públicos da Capital, disse não lembrar dos fatos apresentados pelos vereadores e que precisaria consultar todo o processo da época.
Prosseguindo nos trabalhos, na manhã desta terça-feira (05/11), foi a vez do ex-secretário Vinicius Cofferre que esteve à frente da pasta de Mobilidade Urbana do município de 2015 até o fim de 2016, depor na CPI da Zona Azul. Anteriormente, ele também já foi o responsável pela diretoria de operações da secretaria e secretário-adjunto. “Em 2014, eles começaram já a ter problemas financeiros e nós notificamos a empresa e fizemos a cobrança. No final, ainda em 2014, ela fez um depósito e quase normalizou a situação dela. Em 2015, voltou acontecer a inadimplência. Fizemos todos os processos legais para a punição da empresa. Na transição de governo, nós apresentamos todo o processo e os encaminhamentos feitos e terem conhecimento”, disse o ex-secretário.
O relator da CPI, vereador gabriel Meurer, diz que faltou muita informação e que na maioria houve algumas contradições. “ Nós esperávamos muito mais e que muitas coisas os depoentes diziam que não tinham responsabilidade sobre tal função, mas foram citados por outros em oitivas anteriores como a pessoa responsável por tais função. Muitas coisas estão sem resposta, mas vamos montar esse quebra-cabeça”, destaca Meurer.
Co-relator da CPI, vereador Pedrão (PP) mostrou insatisfação com as oitivas e lamentou a falta de informação dos ex-funcionários com todo processo e os problemas de gestão pública. “Uma lástima o depoimento, uma prova que os contratos entre a administração pública e as empresas prestadoras de serviço não são levadas a sério. Uma falta de transparência total e que trouxe um prejuízo de R$ 19 milhões de reais para a prefeitura e R$ 2,5 milhões para o usuário do sistema. A empresa ao longo de seis anos arrecadou quase R$ 70 milhões e deveria ter pago cerca de R$ 20 milhões aos cofres públicos e não pagou quase nada. Sem falar dos valores de ISS que também não foram pagos ao município”, destacou Pedrão.
A CPI deve realizar reunião deliberativa na tarde de quarta-feira (06/11) para analisar os depoimentos desta semana, assim como as providências e definir os próximos depoentes.
(CMF, 05/11/2019)
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