Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 22/11/2019)
A reforma das pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Salles, em Florianópolis, é a evidente obra que tem tudo para falta dinheiro. Documentos da secretaria de Infraestrutura de 2015 e 2016 comprovam essa tese. A licitação do contrato que está em vigor foi lançada com valor bem inferior ao apontado por estudo como necessário para a recuperação das únicas ligações entre a Ilha e o Continente na Capital catarinense.
Explico abaixo:
Contratado para fazer um levantamento das necessidades das pontes, o Consórcio Pontes Sul chegou a um valor para a reforma. Segundo os engenheiros, seriam necessários
R$ 63.859.912,75 ↓
para a recuperação. O valor foi apresentado em junho de 2015, e chegou a tramitar dentro do governo do Estado. Pouco tempo depois, os técnicos do extinto Deinfra fizeram uma reunião com o consórcio e chegaram a outro valor:
R$ 57.215.410,47 ↓
Em uma nova rodada de revisão, o valor caiu novamente, segundo os documentos:
R$ 49.308.315,85 ↓
O Estado, à época, ignorou este levantamento e lançou a licitação em dezembro de 2015 com um valor bem inferior ao inicialmente apontado:
R$ 37.784.801,00 ↓
Por isso é que dentro do atual contrato não estão partes importantes das duas pontes como as passarelas e o asfalto. Mas, durante a licitação, a empresa vencedora ofertou um valor ainda menor do que o estipulado pelo edital. A Cejen Engenharia ganhou com:
R$ 29.960.175,30
Asfalto e passarelas serão incluídas em uma futura licitação a ser lançada pelo governo do Estado após o estudo que será contratado para a reforma. A atual gestão da secretaria de Infraestrutura diz que pretende fazer um contrato para abranger tudo que ficou de fora inicialmente, além daquilo que precisa ser feito e não foi apontado na primeira licitação.
Em coletiva de imprensa, nesta semana, o governador Carlos Moisés da Silva e o secretário de Infraestrutura, Carlos Hassler, criticaram gestões anteriores. Hassler citou a falta de organização da pasta em relação a documentos sobre as estruturas. Nos documentos que mostram a redução de valores, os responsáveis pelo Deinfra em 2015 e 2016 citam encontros com o consórcio e também questionamentos quanto a critérios usados pelos orçamentos iniciais para justificar as mudanças de valores.
Lentidão
Fora as alterações orçamentárias, as pontes também sofreram com a lentidão das licitações. Os estudos foram feitos entre 2012 e 2014. O edital da reforma saiu no final de 2015, com a definição da vencedora em 2016. Desde lá, o Estado não conseguiu contratar a empresa fiscalizadora da obra, o que aconteceu somente em 2018.
Por isso é que a reforma começou em fevereiro de 2019, com um cenário bem diferente daquele de 2012, quando iniciaram os estudos. O descaso e falta de planejamento carecem de uma responsabilização de agentes públicos e políticos envolvidos na lentidão da recuperação das pontes Ilha-Continente.
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