Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 30/10/2019)
Cada vez mais pessoas escolhem morar em cidades para ter maior qualidade de vida. Começa segunda-feira e vai até quinta da próxima semana, em Florianópolis, a 12ª edição do Knowledge Cities World Summit (KCWS), a Cúpula Mundial das Cidades do Conhecimento, tendo como tema central Sustentabilidade e Inovação na Era do Conhecimento.
Primeira vez que o evento acontece no Brasil, vai reunir no Hotel Sesc Cacupé pelo menos duas centenas de especialistas internacionais e nacionais, numa iniciativa da Câmara de Tecnologia e Inovação da Fecomércio-SC e correalização do Sebrae-SC.
A presidente da Câmara de Tecnologia e Inovação da Fecomércio-SC e diretora de Inovação e Fomento da Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes), Jamile Sabatini Marques, diz que as cidades devem utilizar o conhecimento para gerar riqueza. Confira a entrevista:
O que representa para Santa Catarina e Florianópolis sediar um evento internacional como o KCWS?
O evento reúne vários atores que são referência nesse tema de cidades do conhecimento, cidades inteligentes. Quando a gente fala em cidades inteligentes, não estamos falando com foco em tecnologia embora esse termo tenha sido cunhado na área de tecnologia.
O LabChis – Laboratório de Cidades mais Inteligentes e Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) trouxe o termo Cidades Humanas, Inteligentes e Sustentáveis para mostrar a importância do humano, a tecnologia como meio para melhorar a qualidade de vida do ser humano. Qual é a importância desse evento e de trazer vários atores?
Porque é muito importante discutir o futuro das cidades, que são a nossa casa. É onde a gente mora, quer qualidade de vida. É para refletir o que a gente quer para as nossas cidades na área ambiental, cultural, econômico e social, os quatro pilares. O evento vai trazer isso para reflexão, com participação importante de pessoas da academia.
O que consiste uma cidade do conhecimento e sustentável?
Uma cidade do conhecimento é aquela que sabe utilizar o conhecimento como forma de geração de riqueza. Um exemplo é o setor tecnológico, o qual é baseado em pessoas e seus conhecimentos. Também iremos abordar no KCWS o Sistema de Capitais, onde cada cidade deve trazer o seu conhecimento e riqueza cultural como propulsores do desenvolvimento econômico baseado no conhecimento.
Temos como exemplos em Florianópolis a pesca, a renda de Bilro, o cultivo das ostras e outros. Se pensarmos em Lages, o pinhão é um capital importante para a cidade. Cada cidade terá seu Capital o qual deve explorado.
É importante que as cidades fomentem o conhecimento para desenvolver as suas economias. Quando falamos em sustentabilidade, usamos o conceito da ONU, de desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. As cidades necessitam deste equilíbrio para que haja sustentabilidade.
Quem vem do exterior para o 12º KCWS?
A gente está trazendo seis professores da Austrália. Firmamos uma parceira Brasil-Austrália, e o governo da Austrália está financiando a vinda desses professores para criar uma rede de networking entre os profissionais brasileiros e australianos. A gente vai ter aulas desses especialistas dentro do KCWS. Estamos trazendo duas pessoas do México que são referência, virão também profissionais da Inglaterra e Estados Unidos. São pessoas que já estavam conectadas de uma forma e outra em pesquisa e já se reúnem anualmente para discutir esse tema. Esta vai ser a primeira reunião do grupo no Brasil.
Além da academia, quem mais vai participar do evento?
O objetivo é que as plenárias tenham a tríplice hélice (universidades, empresas e governos). Não é a academia falando com a academia. Convidamos o governo do Estado, o Sebrae-SC e a prefeitura de Florianópolis para que tragam os secretários, os agentes públicos para pensarem as nossas cidades. O objetivo é que essas pessoas pensem no futuro das cidades.
Quais serão os temas mais destacados?
Teremos vários temas. Primeiro: o que a gente quer para as cidades? Que sejam inteligentes, sustentáveis, isso precisa andar junto. O evento abre com uma plenária sobre esse assunto. Também teremos plenária sobre ecossistema de inovação e empreendedorismo.
Teremos um painel com representantes da prefeitura de Florianópolis e do governo do Estado que terá o professor Tan Yigitcanlar, da Queensland University of Technology (QUT), da Austrália, é quem vai moderar esse painel. Haverá um espaço da USP sobre cidades globais e teremos também abordagem resiliência e clima em cidades.
O que é resiliência para cidades?
No meu conceito, resiliência para cidades é essa readaptação que precisamos fazer em relação ao clima. No caso de Brumadinho, por exemplo, como as pessoas vão se readaptar. É mais essa busca e o quanto você consegue diante das necessidades que estão vindo.
Há um painel sobre antropoceno, que é o ser humano na terra e o que a gente quer sobre o futuro. O professor Francisco Javier Carrillo, do Instituto Tecnológico de Monterrey (TEC), do México, escreve muito sobre isso. Cidades inclusivas pensando em várias perspectivas de inclusão. O KCWS é um evento para todos. Todos que moram numa cidade querem que ela melhore.
Como a senhora abriu caminhos para trazer o evento da KCWS para Florianópolis?
Quando eu fiz doutorado optei pelo formato sanduíche, uma parte no Brasil e outra na Austrália, onde fui orientada pelo professor Tan Yigitcanlar. Aí terminei o doutorado em 2016 e ele veio para o Brasil como professor visitante da UFSC. Gostou muito, falou que a gente poderia fazer uma edição desse evento em Florianópolis e vendeu a cidade para os parceiros do KCWS. A gente falou com o presidente Bruno Breithaupt, da Fecomércio, e ele concordou. Também procuramos o Sebrae, que aceitou ser nosso parceiro como correalizador. Fiz doutorado no curso de Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC, do qual um ano eu cursei na Austrália, trabalhando de lá para a Abes. Foi quando fiz contados com professores internacionais que participam do KCWS.
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