Florianópolis é uma cidade marcada por um ambiente de inovação, não só econômico, com seu consolidado polo tecnológico, mas também social. Pesquisadores da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) mapearam uma rede de mais de 300 instituições na cidade dedicadas a causas sociais, que por sua vez contam com apoio de quase 230 organizações de suporte.
O levantamento é do Observatório de Inovação Social de Florianópolis (Obisf), plataforma colaborativa criada como resultado de um projeto de pesquisa e extensão liderado pelas professoras Carolina Andion e Graziela Alperstedt, do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag) da Udesc.
O estudo foi apresentado a estudantes, pesquisadores, representantes de órgãos públicos e de organizações da sociedade civil na tarde da sexta-feira, 9, durante o evento Obisf Portas Abertas, no Plenarinho da Reitoria da Udesc, em Florianópolis.
Pesquisa
O trabalho de mapeamento e observação dessas iniciativas é feito desde 2017. Elas são cadastradas na plataforma pelas próprias organizações ou pelos pesquisadores do observatório. Depois de mapeadas, as iniciativas têm suas informações complementadas e checadas pela equipe, passando a ser observadas.
O Observatório tem mapeadas até o momento 309 iniciativas de inovação social da cidade, das quais 110 são observadas. A plataforma inclui ainda 228 ações de suporte a esse tipo de ação, por meio de programas de aceleração, apoio técnico, articulação, centros de pesquisa, certificação, espaços de diálogo, financiamento, formação, incubadoras e empreendedorismo social.
Organizações
As iniciativas mapeadas estão a cargo de vários tipos de organizações. Há coletivos informais, associações, cooperativas, empreendedores individuais, empresas com missão social ou ambiental, fundações, movimentos sociais, plataformas ou aplicativos e programas governamentais, de empresas, universidades ou organizações da sociedade civil.
Elas se dedicam a causas diversas. Isso inclui assistências social, ativismo e mobilização política, consumo consciente, cultura e arte, defesa de direitos, desenvolvimento comunitário, desenvolvimento urbano e sustentabilidade, direitos das crianças e dos adolescentes, direitos dos animais, educação, energias renováveis, esporte e gênero.
Ecossistema
O estudo concluiu que o ecossistema de inovação de Florianópolis não é tanto resultado de políticas públicas ou ações de governo. A rede foi se constituindo mais de baixo para cima, por ação das organizações e grupos informais que vão se formando por conta própria. Até por ter se constituído assim, é um sistema “mais proativo do que planejado”, segundo a professora Carolina Andion.
O ecossistema é também formado por uma rede mais dispersa do que conectada. Em muitos casos, organizações que trabalham com a mesma causa em áreas diferentes não atuam juntas. “Isso levanta a questão de até que ponto será capaz de produzir mudanças sociais duradouras para resolver os dilemas da cidade”, afirma Andion.
Em relação às demandas sociais atendidas, Florianópolis segue a lógica comum às cidades de países em desenvolvimento. A maioria das instituições de inovação social se mobiliza em torno das questões mais urgentes, trabalhando com os públicos mais excluídos.
“Os resultados do estudo não apenas geram aprendizado para os atores do ecossistema de inovação social em Florianópolis, mas também podem trazer evidências sobre os elementos-chave que poderiam fortalecer as práticas nessas redes”, conclui a pesquisadora.
Mais informações
Mais informações sobre a pesquisa podem ser obtidas com Observatório de Inovação Social de Florianópolis (Obisf) da Udesc Esag, pelo e-mail contato@observafloripa.com.br ou pelo telefone (48) 3664-8283.
(Udesc, 13/08/2019)
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