Um projeto necessário para garantir saneamento de esgoto para o Sul da Ilha durante os próximos 50 anos. É assim que o SDO (Sistema de Disposição Oceânica), popularmente conhecido como emissário submarino, é tratado pela Casan, que deseja ampliar a rede de esgoto no Sul, atualmente restrita à construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) no Rio Tavares.
Polêmico, o projeto nunca foi abandonado pela Casan apesar da mobilização comunitária contrária no passado. Segundo projeto apresentado pela autarquia ao Instituto do Meio Ambiente, o SDO ainda está em fase de licenciamento ambiental e por isso ainda não tem recursos assegurados. A estimativa é de que sejam necessários R$ 190 milhões para a implantação, em uma obra que tem previsão de 27 meses de duração.
O emissário submarino levará o efluente final da ETE através de uma tubulação até o meio do oceano, distante 5,3 quilômetro da costa, em local de fácil diluição. Diversos estudos foram realizados para definição do local mais propício para a instalação da tubulação subterrânea, que apontaram a faixa de areia do Novo Campeche, devido às condições de mar aberto, ao norte da Ilha do Campeche.
“Foram realizadas cerca de sete mil análises. Foi investido muito para gerarmos conhecimento para termos um empreendimento seguro”, relata o engenheiro da Casan, Alexandre Bach Trevisan. Os estudos também indicaram o “Pipe Jacking” como o melhor método de construção do emissário, devido ao menor impacto sócio ambiental produzido na região.
Na faixa inicial, entre as dunas e a zona de arrebentação das ondas, a tubulação será de concreto. Na sequência, a tubulação inserida será de PEAD (Polietileno de Alta Densidade) e estará ancorada no fundo do mar com a ajuda de blocos de concreto. O diâmetro da tubulação será de 90 centímetros, com comprimento aproximado de seis quilômetros. Nos últimos 175 metros serão utilizados 50 difusores para fazer a dispersão do efluente tratado de forma equilibrada, para evitar impacto na hidrodinâmica da região.
De acordo com Trevisan, o emissário se torna a alternativa mais viável diante de alguns fatores como a pequena demanda para a água de reuso para fins não potáveis e a pouca capacidade de infiltração do efluente tratado, além de conflitos com áreas de preservação legalmente protegidas, como a RESEX do Pirajubaé (onde desagua o Rio Tavares), e a pouca capacidade de diluição dos rios. “O Sul da Ilha precisa de uma disposição segura de efluente e só o emissário pode também suprir essa necessidade de ampliação da cobertura”, explica Trevisan, ao lembrar que atualmente apenas a Lagoa da Conceição dispõe de rede coletora de esgoto na região de abrangência do projeto do emissário.
AUDIÊNCIA PÚBLICA DISCUTE RIMA
A apresentação e a discussão do Rima (Relatório de Impacto Ambiental) serão feitas durante audiência pública marcada para o próximo dia 20 de maio, às 19h, no Colégio do Campeche, na SC-405. Uma das primeiras etapas do processo de licenciamento ambiental, o encontro é uma oportunidade que a comunidade tem para questionar e tirar dúvidas sobre o projeto junto aos técnicos do IMA , promotor da audiência. Proponente do projeto, a Casan também terá 15 minutos para expor as razões de implantação do empreendimento e, na sequência, o relatório será apresentado pelos técnicos da empresa contratada pela autarquia.
“É uma fase essencial para o licenciamento, pois é por meio deste encontro que o órgão ambiental conhece a realidade local e as percepções sobre a instalação do empreendimento”, destaca o presidente do IMA, Valdez Rodrigues Venâncio.
Com quase 50 páginas, o Rima registra as situações social, econômica e ambiental atual da região e identifica possíveis alterações que podem ser geradas, com objetivo de apontar as medidas que devem ser adotadas para potencializar, diminuir, recuperar ou compensar os efeitos das modificações provocadas pelo emissário. O Rima é solicitado pelo IMA e representa o primeiro passo legal para dar início ao processo de instalação do empreendimento.
(ND, 07/05/2019)
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