A primeira vez que visitei uma das três ilhas que compõem as fortificações na Ilha de Santa Catarina foi ao final da década de 1990 em uma viagem de conclusão do Ensino Médio. Faz tempo, mas nunca esqueci a construção imponente da Fortaleza de Santa Cruz, localizada na Ilha de Anhatomirim, hoje área de jurisdição de Governador Celso Ramos. Anos depois, retornei em um passeio de barco que passou, também, pela Fortaleza de Santo Antônio, localizada na ilha de Ratones Grande, em Florianópolis. A experiência ficou completa em 2018 com uma visita, por terra, à Fortaleza de São José da Ponta Grossa, na Praia do Forte no norte da Ilha de Santa Catarina.
As fortalezas da Ilha de Santa Catarina são Patrimônio Histórico Nacional e retratam a história do sistema defensivo criado pela Coroa Portuguesa a partir de 1739. Os canhões, as guaritas, a casa de pólvora e tantos outros elementos que compõem as fortalezas foram construídos com a função de proteger a entrada da Barra Norte da Ilha catarinense.
Essa história está viva e ao alcance de todos. Antes abandonadas e às ruínas, hoje as fortalezas estão sob gestão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina (CFISC/SeCArte), e podem ser visitadas todos os dias da semana das 9 às 17 horas, com exceção da Fortaleza de São José da Ponta Grossa que fecha o ingresso entre as 12 e 13 horas.
Os primeiros domingos do mês, entre março e novembro, têm atraído um bom público porque a entrada é gratuita. O primeiro dia de gratuidade deste ano, em 03 de março, bateu recorde de público desde a implantação da isenção, em 2017: Foram 2.100 visitantes em Anhatomirim, 545 em São José e 239 em Ratones.
Ainda, a partir de 2018 a Fortaleza de São José passou a contar com o serviço de guia de turismo. A iniciativa foi renovada para este ano por meio do projeto de extensão “Turismo receptivo na Fortaleza de São José da Ponta Grossa/SC” que oportuniza aos estudantes do curso técnico de Guia de Turismo Regional Santa Catarina (IFSC) colocarem em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula.
Bolsistas e voluntários acompanham grupos de visitantes interessados em serem guiados para contar, com detalhes, a riqueza de informações que constroem a história da fortaleza. Além de melhorar o atendimento e a experiência turística dos visitantes, o serviço de guia torna o passeio mais completo porque permite conhecer personagens, histórias e curiosidades inerentes ao local.
“As pessoas sempre querem saber o alcance dos canhões, por exemplo. Essa é uma informação que os guias de turismo são capacitados para prestar”, revela Roberto Tonera, chefe da Divisão de Restauração da CFISC.
Antes do início das atividades, os guias recebem uma capacitação para conhecer mais sobre a história do local, os costumes e as práticas. Para 2020, a expectativa é ampliar o serviço de guiamento para as outras duas fortalezas. “Essa atividade é essencial porque, além de qualificar o atendimento de um local gerenciado pela UFSC há 40 anos, estamos oportunizando que o visitante absorva as informações do local por meio do contato humano. Sem isso, seria como olhar para um livro de fotografias sem legenda”, explica o chefe da Divisão.
Serviço
A parceria de guiamento turístico na Fortaleza de São José da Ponta Grossa está atrelada ao Dia de Visita Gratuita ao local, que acontece sempre nos primeiros domingos de cada mês, até novembro deste ano.
A visitação gratuita também é realizada nas outras duas fortalezas nos mesmos moldes, porém sem Guias de Turismo. O acesso às Fortalezas localizadas nas ilhas de Anhatomirim e Ratones é feito apenas por barco, e os custos são a cargo do visitante. “A nossa principal meta é o melhor atendimento ao usuário. Queremos que ele absorva a informação histórica ali presente, por isso existem placas de comunicação visual, aplicativos para dar esse suporte. Entretanto, a troca mais aguardada é por meio do guiamento. É esse contato físico que enriquece a visita é agrega ao usuário o conhecimento histórico, patrimonial e cultural”, finaliza Tonera. A meta é chegar ao atendimento de visitação com guitas todos os dias da semana nas três fortalezas.
(UFSC, 01/04/2019)
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