“Os museus resgatam a memória. O trabalho sobre a memória repercute em uma sociedade com um conhecimento sobre si. O que ela foi, o que ela representa e onde ela pretende chegar.”
– Renilton Roberto da Silva Matos de Assis, coordenador do sistema estadual de museus.
Após quatro anos, desde o início das obras de restauração da antiga Casa de Câmara e Cadeia, a Prefeitura de Florianópolis entregou no mês de setembro o prédio histórico que irá abrigar o Museu da Cidade, no prazo de seis meses.
O prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeia, que fica no entorno da Praça XV de Novembro, no Centro, é um dos três mais antigos da capital.
Datado de 1771 e tombado como patrimônio histórico, o museu teve suas instalações submetidas a uma ampla restauração, iniciada em setembro de 2014.
O Serviço Social do Comércio (Sesc), escolhido por meio de licitação, será responsável pelas novas instalações que devem ser inauguradas em março de 2019, já que a entidade tem o prazo de 180 dias para abrir o equipamento cultural ao público.
A intenção é contar a história política e econômica de Florianópolis, de forma interativa e dinâmica, utilizando tecnologias e mídias contemporâneas.
Sistema preventivo de incêndio
Na edificação histórica, com área total construída de 865,9 metros quadrados, foram trocados o telhado e a fiação elétrica, assim como substituído o sistema de coleta de águas pluviais. Pela primeira vez em 247 anos, o prédio passou a contar com sistema preventivo contra incêndio e com sistema de climatização, considerando as devidas condições de guarda e de conservação do acervo do Museu da Cidade.
Também foram realizadas ações especiais para a preservação da memória da antiga Casa de Câmara e Cadeia, com a revitalização das pinturas, datadas do século XIX, de uma coluna e de parte da abóboda do corredor principal. O arco em tijolos maciços desse mesmo corredor, no térreo, também foi preservado.
Roseli Pereira, superintendente da Fundação Franklin Cascaes, avalia a implantação do sistema de prevenção de incêndio como fundamental. “É uma segurança porque não tem como recuperar um espaço histórico sem um sistema de prevenção de incêndio. Esse espaço foi conquistado com muito trabalho, com apoio do Governo Federal e também do município de Florianópolis. Esperamos que atenda toda a população – não só da cidade, como turistas e moradores da região – na promoção do acesso à cultura e à cidadania.”
Situação dos museus, segundo o Corpo de Bombeiros Militar
De acordo com o 1º tenente do Corpo de Bombeiros Militar do estado, Murilo Pedro Demarchi, em 2013 houve uma alteração da lei que regulava a segurança contra incêndio em Santa Catarina, que foi a Lei 16.157. Por meio dela, foram classificadas as edificações em existentes, novas e recentes. Os museus se enquadram nas edificações existentes.
“Alguns deles são patrimônio histórico e o corpo de bombeiros, por meio de suas instruções normativas, possui uma regulação específica para as edificações existentes. Algumas questões estruturais vinculadas a determinado sistema preventivo poderão ser isentas, compensadas ou dispensadas, tendo em vista também o fato da edificação ser considerada como patrimônio histórico. No que couber e, claro, garantindo a segurança do local, serão determinados alguns requisitos mínimos de segurança contra incêndio”, esclarece Demarchi.
O tenente explica que, em linhas gerais, os requisitos determinados dependem muito da área total construída e da altura da edificação. “Por exemplo, se eu tenho um museu que possui área superior a 750 metros quadrados, eu preciso obrigatoriamente ter alguns sistemas, como hidráulico preventivo, sistema de proteção contra descargas atmosféricas, sistema preventivo de extintores, sinalização de abandono de local, sistema de iluminação de emergência. Materiais de acabamento também são analisados pelo próprio Corpo de Bombeiros. Alguns materiais poderão ser instalados, outros não, tendo em vista as características de propagação de chamas de incêndio.”
Em Florianópolis, existem 26 museus. Desses, sete estão regulares, dois estão em regularização e 17 estão irregulares. Segundo Demarchi, as edificações irregulares foram notificadas para que seja dada continuidade no seu processo de regularização.
(Floripa News, 13/10/2018)
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