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Famílias conhecem projeto das novas casas para liberar área do Parque do Abraão

As famílias que vivem onde será construído o Parque do Abraão, na região continental da Capital, conheceram nesta terça-feira, 17, como serão construídas as suas novas casas na Rua João Meirelles. O projeto foi aprovado pela Secretaria do Continente no fim de junho e o alvará de construção foi expedido pela prefeitura no dia 4 de julho. Agora, a empreiteira responsável pela obra tem até 18 meses para entregar as residências, que vão proporcionar uma vida mais digna às famílias, e o parque para toda a comunidade.

O projeto das casas foi apresentado pela arquiteta do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Elisa Beck. Segundo ela, as unidades serão construídas próximas à estação elevatória da Casan, de frente para o parque e próximas da rua principal. No total, serão construídas oito casas geminadas de dois pavimentos. Cada uma terá 63 metros quadrados com três dormitórios, banheiro, cozinha, sala e área de serviço, além de muro e portão. Atrás das residências ficarão sete vagas de estacionamento para as famílias.

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Adelson dos Santos Fabrício, de 40 anos, mora há 15 anos com a esposa e dois filhos, de nove e 10 anos, no local. Ele ficou feliz em saber que mais um passo foi dado para a construção do parque sem prejudicar os moradores e não vê a hora de poder ir para a casa nova.

— O projeto atendeu as expectativas das famílias. Não vemos a hora de começarem as obras desse parque. Vivemos a vida inteira ali na parte ruim, onde sofremos muito e agora terá algo bom, um parque na frente de casa para os nossos filhos poderem aproveitar. Ficamos muito felizes, apesar de não ter ainda uma data para começar a obra — diz Fabrício.

Com o Parque do Abraão, a esperança de Fabrício é recuperar um projeto social que ele tocava há mais de 10 anos e foi encerrado há três. Era uma escolinha de futebol para a gurizada da comunidade.

— A ideia era tirar os meninos do tráfico, das drogas, e oferecer uma oportunidade para eles. Eu dava aula duas vezes por semana, levava para alguns campeonatos, ensinava a procurar um caminho melhor, sem falar que tinham bons meninos de futebol e que poderiam ser atletas — conta.

Sem apoio público e privado e após o início das negociações para a construção do parque, o projeto foi encerrado. Desde então, o campo de futebol que existe no local está abandonado e por várias vezes foi tomado pelo mato.

Impasse para início das obras

Durante a reunião de apresentação do projeto das casas às famílias, na sede da Defensoria Pública da União (DPU), um questionamento foi levantado pelos moradores: para onde eles vão durante as obras? Segundo um dos moradores que vive exatamente no local onde serão erguidas as novas casas, que preferiu não dar entrevista, a empreiteira está aguardando a remoção das famílias para começar os trabalhos.

O defensor público João Panitz informa que vai solicitar uma audiência de conciliação para que o caso seja discutido com a prefeitura, a empreiteira e os moradores. O secretário do Continente, Edson Lemos, o Edinho, diz que a prefeitura já está ciente da situação e deve achar uma saída até o fim do mês. Segundo ele, a Secretaria de Habitação está vendo a possibilidade de pagar aluguel social para que as famílias possam se mudar logo. Edinho garante que este impasse não irá atrasar as obras.

A família Oliveira, que vive nos fundos do terreno, já tem uma decisão judicial para que a prefeitura pague o aluguel social até que as novas casas sejam construídas. A decisão da juíza federal Marjôrie Cristina Freiberger saiu no final de junho e levou em conta as péssimas condições em que a família está vivendo.

Dona Mara de Oliveira, 59, e mais sete pessoas vivem numa casinha de madeira prestes a ruir. Ela informa que, até o momento, não recebeu o benefício para poder alugar uma casa para a família.

— Por enquanto vamos vivendo e esperamos para ver o que vai acontecer.

A prefeitura ainda está dentro do prazo para pagar o aluguel aos moradores.

O parque

O Parque do Abraão terá 20 mil metros quadrados. Ele terá pista de caminhada, bicicletário, mesas para jogos de tabuleiro, área de descanso, vagas de estacionamento, campo de futebol suíço, duas quadras de areia, parque infantil, academia ao ar livre e espaço para cachorros. O parque é uma compensação ambiental pela construção de condomínios residenciais feitos pelo Grupo Cyrela naquela região.

O primeiro projeto foi apresentado em 2013, no entanto, não contemplava as oito famílias que vivem no local há anos. Foi só no ano passado que um acordo foi firmado com os moradores para que, antes do parque, a empresa construa novas casas para as famílias. A empreiteira contratada pela Cyrela tem até 18 meses para concluir as obras, mas segundo Edinho, a empresa quer entregar num prazo menor. Os recursos da obra, R$ 1,6 milhão, são da Cyrela.

(Hora de Santa Catarina, 17/07/2018)

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