Com apoio de entidades privadas, como a Acate, e da Universidade Federal, evento selecionou projetos de destaque nas áreas de Cidades Inteligentes e Gestão Eficiente
A busca por soluções de gestão eficiente e cidades inteligentes pautou boa parte dos debates do Congresso Catarinense de Prefeitos, organizado em Florianópolis pela Federação Catarinense de Municípios (FECAM). Na quarta-feira (13.06), enquanto alguns candidatos à Presidência apresentavam na plenária principal suas propostas aos participantes, 14 startups mostravam projetos inovadores que podem ajudar municípios a reduzir custos, gerar receitas e oferecer serviços inteligentes à população.
Como uma plataforma que permite o compartilhamento de veículos na frota pública, chatbots com inteligência artificial para gestão de saúde ou um sistema online que capacita e conecta produtores rurais familiares com compradores recorrentes de alimentos, como escolas. Estas foram algumas das ideias vencedoras do Prêmio Soluções Inovadoras, que selecionou os três melhores projetos nas categorias de “gestão eficiente” e “cidades inteligentes”. Foram avaliados critérios como a potencial resolução de problemas que impactam as cidades, viabilidade e facilidade de implementação e inovação da proposta.
As vencedoras na categoria Gestão Eficiente foram: Sistema VGEO, Leis Municipais Versionadas e Sumá. Na categoria Cidades Inteligentes, os melhores projetos apresentados foram: Fleeter, TNH Saúde e Khronos Ao Vivo.
“Não há outra saída para nós, gestores públicos, senão buscar soluções por meio da tecnologia e da inovação” resume Robson Jean Back, prefeito de São Martinho, no sul de Santa Catarina. Ele foi um dos membros da banca, que também contou com representantes de universidades e empresas privadas na avaliação das startups. “Temos uma enorme dificuldade para tomar decisões em cima de indicadores, as informações estão dispersas em várias secretarias e muitas vezes nem chegam até o prefeito. A falta de sistemas de informação impacta direta e negativamente nos serviços aos cidadãos, por isso precisamos que a universidade e as startups venham nos auxiliar para diminuir o amadorismo na gestão pública e tomar as melhores decisões”, comenta. No ano passado, o município implantou um sistema de comunicação para eliminar o uso de papel e oferecer serviços à população via internet.
Apresentação de startups chamou a atenção do público no terceiro dia do Congresso de Prefeitos, em Florianópolis. / Foto: Bruna Passos
Mais do que uma premiação, a iniciativa marcou o lançamento de um banco de soluções que será compartilhado com os municípios catarinenses que demandem projetos de tecnologia e inovação. “Essa ideia não se encerra aqui no Congresso, pelo contrário. Vamos ter um canal permanente para fazer a conexão entre as startups e os gestores públicos” antecipa Gilsoni Lunardi Albino, diretor executivo do Consórcio de Informática e Gestão Pública Municipal (CIGA) de Santa Catarina.
Entidades como a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e o departamento de Engenharia de Gestão do Conhecimento (EGC) da Universidade Federal (UFSC) tiveram papel decisivo na organização e curadoria das empresas – a metodologia utilizada é do grupo de pesquisa VIA Estação Conhecimento, que também contribuiu com voluntários. Segundo o diretor do CIGA, essa articulação entre a “tríplice hélice” (gestão pública, academia e entidades privadas) deve se manter para gerar resultados. Além das seis premiadas, as demais empresas que se inscreveram para o evento farão parte deste projeto compartilhado.
“O Banco de Soluções é a melhor entrada em Santa Catarina para uma empresa de tecnologia para a área pública. É muito difícil para as startups terem a oportunidade de encontrar um prefeito e apresentar seu projeto”, comenta Thaís Nahas, consultora da Acate para projetos de Cidades Inteligentes. “Nosso objetivo era conhecer novas empresas e estimulá-las a participar do evento. E nos supreendemos com o nível de maturidade das startups que se apresentaram”, ressalta.
A Leis Municipais, por exemplo, nem é uma startup. Fundada em 1999, é uma empresa consolidada, com sede em Itapema e que conta com 70 funcionários e quase 2 mil clientes na área pública. A inovação apresentada é uma plataforma que permite a consulta a todas as versões de leis municipais – não apenas o texto que está em vigor mas as disposições que foram alteradas ao longo dos anos.
Cícero Liz (segundo à esquerda), CEO da Leis Municipais e um dos premiados: empresa atende quase 2 mil municípios disponibilizando legislação para o público. / Foto: Diego Redel
“Nós surgimos em uma época que a internet estava ainda começando no país e nosso primeiro cliente foi a prefeitura de Florianópolis, em 2000. Na época a cidade foi pioneira ao disponibilizar toda a legislação municipal para consulta pública. Mas com o tempo, as leis vão sendo alteradas e muitas vezes, numa análise jurídica, é preciso voltar no tempo para saber o que era válido antes dessas alterações. A possibilidade de acessar diversas versões de uma mesma lei é uma inovação nossa, com apoio de inteligência artificial”, explica Cícero Liz, CEO e cofundador da empresa. Diariamente, são disponibilizadas no site mais de 4 mil leis – ao todo, são cerca de 4 milhões de documentos legais do setor público.
Grandes empresas catarinenses também apresentaram novidades para a área pública durante o evento. A Softplan lançou o Innova City, solução para otimizar processos e redução de custos para setores como trânsito, tributos municipais e obras. Já utilizada pela prefeitura de Palhoça, a solução permite por exemplo a fiscalização de veículos com irregularidades, defesa de multas, análise de dados na área tributária, além de gerar informações atualizadas em tempo real sobre ocorrências de trânsito com sugestão de rotas. A IPM Sistemas, de Rio do Sul, apostou no aplicativo Atende.Net, que permite ao cidadão interagir e solucionar problemas com a prefeitura de sua cidade diretamente pelo celular.
“Às vezes pensamos que a cidade inteligente é uma coisa para o futuro, mas depende de uma implementação simples de sistemas que já existem. O importante é descobrir novas soluções e buscar estas parcerias com entidades, empresas e universidades. Santa Catarina sai na frente por ter um ecossistema mais organizado, mas nosso papel institucional é apoiar principalmente os pequenos municípios. Queremos que quem atenda as grandes cidades também atenda as menores”, resume Gilsoni, do CIGA.
(SCInova, 15/06/2018)
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