Graças ao apoio financeiro do governo estadual uma tecnologia inovadora para colheita de mexilhões foi desenvolvida pela Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina). O novo sistema mecanizado para recolher mexilhões cultivados pode reduzir riscos ocupacionais que comprometem a saúde de maricultores brasileiros, entre outros benefícios.
Santa Catarina é o maior produtor nacional de moluscos bivalves (mexilhões, ostras e vieiras), mas carece de tecnologias nacionais de mecanização desta produção. Também a importação de máquinas estrangeiras é inviável, principalmente pelos altos custos dos equipamentos, processos de importação e da adequação desses produtos às condições locais. “Com despesas de custeio e investimento financiadas pela Fapesc, nossa pesquisa objetivou contribuir com a mudança desse cenário por meio do desenvolvimento de soluções para a mecanização de operações da produção de mexilhões, especificamente da etapa da colheita, que concentra as atividades mais árduas e exigentes de mão de obra nos cultivos comerciais”, diz André Luís Tortato Novaes, engenheiro agrônomo do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap/Epagri).
Içar da água as linhas de cultivo, extrair delas os mexilhões, desagregá-los, lavá-los, classificá-los conforme tamanho e acondicioná-los para transporte são algumas das ações que podem ser executadas ainda no mar, por conta do projeto de pesquisa “Desenvolvimento da plataforma mecanizada para cultivo de mexilhões em fazendas marinhas de Santa Catarina”. Ele teve as despesas de custeio e investimento financiadas pela FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).“Somos muito gratos por todo o apoio recebido da Fapesc e fazemos questão de evidenciar esse incentivo à inovação em todas as ocasiões em que o resultados de pesquisa são apresentados”, acrescenta Novaes. A Epagri entrou com recursos humanos, estrutura e também recursos financeiros para efetivar alterações na configuração de protótipos após a realização de testes preliminares em campo.
Multiuso
As soluções desenvolvidas foram integradas em um sistema que agrega oito projetos de máquinas/equipamentos materializados em dez protótipos. As máquinas e equipamentos desenvolvidos foram: plataforma autopropelida, sistema de elevação de carga, sistema de sustentação de longlines, extrator de mexilhões das cordas de cultivo, desagregadora de mexilhões, lavadora de mexilhões, classificadora de mexilhões e uma unidade hidráulica de acionamento. Além dos projetos e da prototipagem das soluções de mecanização foram realizados dois estudos onde se avaliou o desempenho operacional e a ergonomia na execução de operações da colheita manual de mexilhões. Estes estudos serviram para gerar dados de referência de desempenho operacional e ergonomia de operações não mecanizadas da colheita de mexilhões e estabelecer uma abordagem metodológica para avaliar o desempenho dos protótipos quanto a esses dois aspectos.
A pesquisa originou projetos de máquinas, protótipos de máquinas, manuscritos de artigos e publicações científicas, o desenvolvimento de um processo mecanizado de colheita de mexilhões e a disponibilização das tecnologias desenvolvidas para empresas locais poderem fabricá-las para produtores de mexilhões. A partir de resultados preliminares obtidos em ensaios em campo, alterações na configuração de alguns projetos/protótipos foram realizadas. Novos ensaios em campo farão parte do escopo de um novo projeto de pesquisa que objetiva medir o desempenho operacional e a ergonomia na realização da colheita de mexilhões com uso do sistema mecanizado projetado.
Novas baterias de ensaios com o sistema mecanizado de colheita de mexilhões estão sendo feitas em fazendas marinhas de Palhoça, para medir seu desempenho operacional e a ergonomia, ou seja, o conforto e facilidade de uso que ele proporciona aos trabalhadores envolvidos com a colheita da produção. Tão logo esse ensaios sejam concluídos, ações de divulgação da nova tecnologia aos produtores catarinenses serão desencadeadas, avisa o pesquisador.
(Fapesc, 14/05/2018)
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