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13/03/2018
Tarifas e infraestrutura são desafios para transporte marítimo na Grande Florianópolis
13/03/2018

Viagem experimental mostra como será o transporte marítimo na Grande Florianópolis

Uma viagem experimental mostrou, na manhã desta segunda-feira, 12, o que pode ser um novo meio de transporte na Grande Florianópolis. Às 9h37 partiu do Iate Clube Veleiros da Ilha, na Capital, um catamarã com capacidade para 180 passageiros em direção à Ponta de Baixo, em São José, naquele que deverá ser o primeiro trajeto de transporte marítimo na região (em Florianópolis, a saída será feita de um trapiche a ser construído no Centrosul).

A proposta não é novidade, mas até agora todas as outras iniciativas fracassaram. O que garante sua implementação desta vez, segundo o secretário estadual de Infraestrutura Luiz Fernando Vampiro, é que já foram obtidas as licenças ambientais necessárias para colocar o modal em funcionamento.

— Agora temos a Licença Ambiental Provisória, o que é fundamental para o pontapé inicial, já que também temos a contratação de uma empresa com expertise.

A contratação da empresa BB Barcos, de Imbituba, ocorreu com dispensa de licitação, segundo o governo estadual, por conta da “expertise” da empresa. O contrato terá duração de seis meses após o início das operações, previsto para acontecer entre agosto e outubro deste ano. O preço da passagem é estimado em R$ 9, o que indica que as viagens marítimas terão maior fluxo de turistas do que de moradores da região, como aponta Vampiro.

— O fator fundamental para o transporte coletivo ser barato é a demanda, por isso a gente entra com esse viés turístico, para que possamos implantar (o modal) e ter uma renda. Se a gente depender só do usuário do transporte público, com tarifa a R$ 4, é capaz do sistema não avançar. O turismo vem primeiro, depois o morador que não tem tanta preocupação vem atrás — disse o secretário estadual de Infraestrutura.

A viagem

O catamarã utilizado na viagem demonstrativa é dos mais modernos e tem capacidade para 180 passageiros sentados (não serão permitidos passageiros em pé). Com velocidade de até 32 nós — cerca de 60 km/h —, o trajeto entre o Centro Sul, em Florianópolis, e o trapiche da Ponta de Baixo, em São José, é feito em menos de 15 minutos, sem levar em conta o tempo de embarque e desembarque.

Mesmo com as condições adversas em parte do trajeto, com chuva, ondas e vento Sul, o catamarã manteve a estabilidade e o conforto dos passageiros. Raul Machado, proprietário da BB Barcos, conta que a empresa já trabalha com transporte marítimo em Belém (PA) e não terá problemas para implementar o serviço aqui na Grande Florianópolis.

— Vamos utilizar o mesmo barco (apresentado hoje), a única diferença é que não teremos banheiros e lanchonete. Inicialmente faremos o trajeto Florianópolis-São José, depois teremos uma série de linhas, onde a mais interessante é Barra do Aririú (Palhoça)-Centro Sul.

O que dizem os municípios

João Batista Nunes, vice-prefeito de Florianópolis

A gente vivenciou iniciativas louváveis, mas que nunca saíram do papel. Infelizmente, os atores envolvidos criavam expectativa, mas na hora do vamos ver as coisas não aconteciam.

Infelizmente, como é uma linha experimental, será impossível colocar a passagem (a preço) popular. Ainda assim, temos que louvar a iniciativa, porque mesmo sendo um valor de transporte executivo representa a quebra do paradigma. Depois vamos pensar em massificar o transporte.

Rodrigo de Andrade, secretário de Planejamento de São José

Há uma necessidade de se testar esse modal. Vai funcionar? Quanto vai custar? Quanto vai ser positivo pra população? Este é o momento dos municípios se unirem para ver se realmente funciona.

É importante lembrar que precisamos fazer a integração com o transporte terrestre, para que o cidadão saia do ônibus e, sem pagar nada mais, pegue o catamarã.

Camilo Martins, prefeito de Palhoça

Sou um grande apoiador do transporte marítimo como saída para este caos na mobilidade. Essa alternativa é fundamental, mas se o governo não for o fiador desse projeto, tenho receio que não aconteça. Também é preciso integração, porque economicamente não é muito viável.

O município de Palhoça contratou um estudo de batimetria para construir quatro4 trapiches: Praia do Sonho, Enseada de Brito, Praia de Fora (Barra do Aririú) e Ponte do Imaruim. Estamos contraindo empréstimo no Badesc e vamos fazer os trapiches para, nesse momento, atender mais os turistas.

Vilson Norberto Alves, vice-prefeito de Biguaçu

Isso é um sonho antigo, um avanço para os municípios. Esperamos que Biguaçu também seja contemplado (no projeto), precisamos fazer uma integração do transporte, inclusive na parte marítima.

O ideal é que o mesmo cartão que paga a passagem de ônibus faça também a integração marítima. Não acho justo pagar pelo ônibus e depois ter que pagar pelo catamarã.

(Hora de Santa Catarina, 12/03/2018)

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