Da Coluna de Carlos Damião (ND, 31/12/2017)
O ano que termina foi o ano da Ponte Hercílio Luz. O ano que começa será o ano da Ponte Hercílio Luz. Dois anos que entram para a história da engenharia mundial, representando a solução para um problema crônico, que se arrastava desde a primeira interdição do monumento, em 22 de janeiro de 1982.
Encerramos 2017 com mais de 50% das obras de recuperação da ponte concluídas. Foi o ano em que a empresa responsável, a Teixeira Duarte, promoveu a mais delicada intervenção na ponte, a chamada transferência de carga do vão central para a estrutura provisória instalada na parte inferior. A tarefa foi realizada em diversas etapas, a mais radical de todas concluída no dia 6 de dezembro. Ao contrário do que vaticinavam as Cassandras, a ponte não caiu, nem sofreu danos físicos. “Comportou-se” muito bem, confirmando aquilo que os mais autorizados engenheiros sempre souberam: a qualidade e a segurança do trabalho desenvolvido entre 1922 e 1926, sob a supervisão dos engenheiros norte-americanos Robinson e Steinman.
O ano de 2018 representa a reta final da reforma, com a substituição gradativa das barras de olhais e outras peças que vão garantir vida nova e segurança para o maior símbolo de Santa Catarina, ícone turístico, paisagístico, histórico e cultural do Estado e do país. As próximas fases são consideradas menos críticas do que as realizadas entre fevereiro e dezembro de 2017, quando foram executadas as operações de transferência de carga. São passos quase artesanais da reforma, como tem sido até aqui, por se tratar de uma obra única no mundo, na atualidade, acompanhada à distância e de perto por engenheiros de diferentes especialidades e nacionalidades. Um desafio grandioso, que só foi possível graças à determinação do governador Raimundo Colombo (PSD), que ignorou as opiniões dos palpiteiros e dos juízes histéricos da internet, encarando a solução de forma definitiva.
O QUE FICARAM NOS DEVENDO
Casa de Câmara e Cadeia – As obras de restauração do belo prédio histórico, construído no século 18, ficaram paralisadas durante todo o ano de 2017. A prefeitura anunciou a retomada dos trabalhos em maio, mas na realidade poucas melhorias avançaram desde então, por falta de recursos. A expectativa, naquele mês, era de que a edificação estivesse pronta em dezembro, para começar a receber as instalações do Museu da Cidade. Há promessas oficiais de que o caso se resolva durante 2018, devolvendo a Florianópolis um de seus palácios mais significativos, que foi sede da Câmara de Vereadores, da cadeia municipal e da prefeitura.
Terreno do Exército – Localizada num dos pontos mais nobres de Florianópolis, em frente ao Beiramar Shopping, a área de 1.619 metros quadrados que estava sob o cuidado do Exército desde a década de 1970 foi doada para o município no fim de dezembro de 2016. O deputado federal Esperidião Amin (PP), que articulou todas as negociações com o Exército, garantiu R$ 250 mil da União para que a prefeitura começasse os trabalhos de implantação de uma praça, com nome já definido: Forte de São Luiz, numa alusão à fortaleza que existiu no local até o fim do século 19. Embora alguns néscios desprezem a ideia de escavações arqueológicas, elas são necessárias para a busca de eventuais resquícios materiais do forte. Num trabalho de drenagem na Praça Esteves Júnior, por exemplo, foram descobertos dois canhões do Forte São Francisco Xavier da Praia de Fora, que ficava no local.
Alfândega – Edificação importantíssima, do século 19, continua à espera de restauração, apesar de sediar o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Santa Catarina. O prédio está mal conservado, é constantemente vandalizado e depende de recursos públicos para sua completa recuperação. O prefeito Gean Loureiro garantiu recentemente que a obra sai em 2018, num pacote que inclui a total revitalização do Largo da Alfândega Prefeito Dakir Polidoro.
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