Após anos em péssimas condições, o trajeto entre o Terminal Rodoviário Rita Maria e o Terminal de Integração do Centro (Ticen), em Florianópolis, ganhou novas calçadas, rampas de acesso e piso tátil. As obras de requalificação do local fazem parte do projeto Rota Acessível, que visa melhorar a mobilidade das pessoas com deficiência.
Todo o trecho – com cerca de 200 metros de extensão – teve as calçadas alargadas e construídas em concreto liso. De acordo com Alexandre Farias Luz, coordenador municipal de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, o concreto facilita a locomoção de cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida, com carrinhos de bebê e malas, justamente por ser um piso liso, sem fissuras. Seis rampas foram construídas com inclinação suave e piso tátil para auxiliar as pessoas com deficiência visual.
A Rota Acessível foi desenvolvida pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), em parceria com a Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e entidades como a Associação Catarinense para Integração do Cego (Acic) e Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos (Aflodef). Os serviços duraram quase três meses e custaram R$ 106,8 mil.
— O resultado foi um espaço qualificado e acessível para todos, neste local que é a porta de entrada de turistas que chegam de ônibus em nossa cidade — diz Ingrid Etges Zandomeneco, arquiteta e urbanista do Ipuf, responsável pelo projeto.
Além da Rota Acessível, a prefeitura deve lançar ainda este ano um manual de padronização das calçadas. De acordo com Alexandre, a ideia é que os proprietários refaçam suas calçadas seguindo o modelo estipulado pela prefeitura, que contempla todos os quesitos de acessibilidade.
— Queremos fazer a revitalização em todas as calçadas. A padronização vai funcionar junto com as rotas acessíveis.
Moradores de turistas aprovam obra
Quem precisa passar pelo trecho entre a rodoviária e o Ticen sabe como a situação das calçadas era péssima. José Campos Bandeira, 77 anos, morador de Canasvieiras, diz que antes era horrível passar pelo trecho.
— Essa parte (em frente ao estacionamento) era cheia de cascalho, era terrível de passar. Agora melhorou bastante.
Manoel Fernandes da Silva, de 92 anos, morador de Palhoça, até já avisou os filhos, que moram em Brusque e Itajaí, que não precisam mais se preocupar porque as calçadas melhoram bastante.
— Eu nunca caí porque sempre me cuido, ando com cuidado. Tô muito feliz com essas calçadas novas – conta o aposentado que, por causa da idade, tem dificuldades para andar.
José Roberto Leal, o Zezinho, presidente da Aflodef, comenta que a entidade fiscalizou a obra e afirma que as calçadas estão dentro dos padrões.
— Antes se fazia as obras e não conversavam com a gente e parecia que estávamos subindo uma rampa que mais parecia o Morro da Cruz. Estamos felizes que nos consultaram. A qualidade de vida é o deficiente poder sair de casa e chagar ao seu destino com conforto e segurança.
Segunda etapa será no Centro Histórico
O projeto contempla mais etapas. Segundo Alexandre, ainda não há trecho definido, porém já se sabe que será na região central, como nas ruas Deodoro, Trajano e Jerônimo Coelho. O novo trajeto que será totalmente acessível deve ser divulgado em março.
O presidente da Aflodef, José Roberto Leal, comenta que as entidades – Aflodef e Acic – sugeriram à prefeitura que a Rota Acessível tivesse uma continuação com saída do Ticen e subisse até a Praça XV, passando pelo Mercado Público.
— Sugerimos que subisse pela Rua Deodoro ao lado do Mercado Público, pelo fato de que a Deodoro não é muito inclinada e seria melhor para os cadeirantes.
Da Rua Deodoro, a rota seguiria pela Felipe Schmidt, Praça XV, Trajano e Tenente Silveira. A terceira etapa, segundo Leal, deveria ser toda ao redor da Praça XV.
Sinaleiras sonoras, só no ano que vem
Mesmo tendo mais de 3 mil pessoas com deficiência visual, Florianópolis possui apenas quatro sinaleiras com aviso sonoro para que os deficientes visuais possam cruzar as ruas com segurança. Porém, de acordo com a prefeitura, só duas delas estão funcionando.
Em novembro, a Hora acompanhou a situação dos semáforos sonoros e, na época, apenas um estava funcionando. Todos os semáforos ficam no Centro da capital: na Avenida Rio Branco, na Mauro Ramos (em frente à igreja Universal), na Felipe Schmidt (na Praça XV) e na Avenida Paulo Fontes (na frente do Ticen).
De acordo com Alexandre, a prefeitura está fazendo um estudo para verificar qual equipamento será instalado nos semáforos e quais são os locais que têm maior fluxo e demanda.
— Não adianta fazer a rampa e não ter a sinalização sonora (no caso da rota acessível). A nossa previsão é que em março seja lançado o edital para contratar a empresa que vai instalar os equipamentos sonoros. A princípio vamos colocar nos locais de maior fluxo para dar mais segurança e auxiliar a rota das pessoas com deficiência.
(DC, 19/12/2017)
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