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Qual o ponto de partida para criar uma cidade inteligente?

por Thais Strassmann Nahas*

Precisamos falar mais sobre os problemas que enfrentamos dia a dia em nossas cidades. Precisamos reconhecer esses problemas e encontrar soluções.

A parcela da população brasileira que vive em áreas urbanas chegou a 84,72%, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015. Brasileiros migram diariamente para os centros urbanos por diversos motivos, principalmente em busca de oportunidades de trabalho. Não é muito difícil constatar isto, basta uma breve passagem por algumas cidades Brasil afora.

A crise econômica dos últimos anos escancarou ainda mais esta realidade das pequenas cidades brasileiras e, ao mesmo tempo, vem causando o caos nos grandes centros urbanos, com o elevado crescimento populacional e desordem na ocupação territorial. Somamos aí também a histórica corrupção, má gestão pública dos recursos, falta de planejamento urbano e estamos atingindo o colapso na mobilidade, saneamento, educação, saúde e segurança, entre outras áreas.

Todos estes problemas estão conectados – e é preciso ter uma visão sistêmica e entender de forma detalhada os desafios que nossas cidades enfrentam para se encontrar soluções. O saneamento básico, por exemplo, está diretamente envolvido com a saúde pública. O crescimento desordenado tem influência direta nos problemas de mobilidade. A falta de investimento em educação básica tende a piorar os índices de criminalidade.

Há dados sendo gerados constantemente que, combinados, geram informações importantíssimas para a definição de prioridades e tomada de decisão

Estes desafios estão detalhados na quantidade de alunos matriculados nas escolas, no número de atendimentos nos postos de saúde, nos acidentes de trânsito em uma determinada região, na quantidade de pessoas que utilizam o transporte público em um determinado trajeto e horário, nos tipos de crimes mais praticados em diferentes bairros, nos investimentos em saneamento etc. Está tudo nos dados gerados constantemente e que, combinados, geram informações importantíssimas para a definição de prioridades e tomada de decisão. Este é o ponto de partida para uma cidade iniciar uma estratégia de transformação em uma cidade inteligente.

Diante deste contexto, é preciso usufruir também dos benefícios que a tecnologia oferece para tornar nossas cidades mais resilientes, sustentáveis e eficientes. Se queremos mais transparência nos dados públicos, mais eficiência no atendimento ao cidadão, mais assertividade na prevenção de desastres, mais engajamento dos moradores ou até melhorar a mobilidade, podemos certamente desenvolver projetos inovadores que incluam os mais recentes avanços tecnológicos.

É preciso usufruir também dos benefícios que a tecnologia oferece para tornar nossas cidades mais resilientes, sustentáveis e eficientes.

Oportunizar a participação ativa dos cidadãos, da sociedade civil organizada e do setor privado é outro grande passo para o encontro de soluções para os problemas urbanos. Ao disponibilizar os dados e informações para a sociedade, ao contrário do que muitos sempre acreditaram, a administração municipal tende a encontrar mais aliados e especialistas que podem enxergar novas possibilidades para resolver questões nunca antes solucionadas.

Quanto maior a participação da sociedade, mais projetos poderão surgir e é importante que a administração municipal dê espaço e valorize estes projetos.

* Thaís Strassmann Nahas é consultora do Programa Cidades Inteligentes da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e escreve mensalmente sobre Cidades Inteligentes para o SC Inova

(SC Inova, 19/12/2017)

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