A ação que ainda esta em andamento não resolverá a ocorrência de esgoto na praia e nas lagoas, mas amenizará a poluição da areia e a contaminação dos moradores e banhistas.
Na manhã desta terça-feira (01), a PMF executou um mutirão no Riozinho do Campeche. Estavam presentes, o superintendente da Floram, Marquinhos, o superintende de saneamento básico, Lucas Arruda, e a equipe da Comcap. A trilha de acesso à praia foi roçada e limpa, uma retroescavadeira retirou o esgoto que estava sobre a orla e desviou o canal do Rio do Noca, o Riozinho, para que desembocasse reto ao mar. Dentro das ações que ainda serão executadas, segundo Lucas Arruda, estão, autuar os grandes consumidores de água, como prédios, condomínios, restaurantes e supermercados, fiscalizar através de denuncias, lacrar o esgoto do infrator e, caso constatado a irregularidade, a ideia é encaminhar para o corte do fornecimento de água até regularização. O Rio do Noca também será desassoreado e o canal alargado para evitar o acumulo de resíduos sólidos.
O movimento SOS Campeche praia limpa cobra fiscalização da PMF. A comunidade deve colaborar, regularizando suas residências e fiscalizando, fiscalizando o seu vizinho e denunciar. A educação da comunidade e o envolvimento com a causa de cada morador do bairro é fundamental para que no mínimo o problema amenize até que a estação de tratamento de esgoto do campeche seja concluída.
A Praia do Campeche vem sofrendo a anos com o despejo de esgoto in natura na rede pluvial e na rede de esgoto inativa pelos próprios moradores do bairro e estabelecimentos. O esgoto transborda nas redes de coleta com as chuvas e contamina a orla, rios e as lagoas do bairro. As duas lagoas do bairro também estão sofrendo com o mesmo problema, a Lagoa Pequena e a Lagoa da Chica.
Investir em saneamento básico é investir em saúde. A cada R$ 1,00 gasto com tratamento de esgoto, são economizados R$ 4,00 em saúde pública.
Doenças transmissíveis pelo esgoto in natura:
Febre Tifóid: Doença infecciosa que causa febre contínua, mal-estar, manchas rosadas no tronco, tosse seca, prisão de ventre e comprometimento dos tecidos linfóides.
Febre Paratifóide: É semelhante à Febre Tifóide, mas menos letal. É causada por infecção bacteriana, com apresentação de febre contínua, eventual aparecimento de manchas róseas no tronco e diarréia.
Shigeloses: Infecção bacteriana aguda no intestino grosso. Apresenta febre, náuseas e, às vezes, vômitos, cólicas e tenesmo (sensação dolorosa na bexiga ou na região anal). Em casos graves, as fezes apresentam sangue, muco e pus.
Cólera: Doença intestinal bacteriana aguda, com diarreia aquosa abundante, vômitos ocasionais, rápida desidratação, acidose, câimbras musculares e colapso respiratório, podendo levar o paciente a morte em um período de 4 à 48 horas, se não houver tratamento.
Hepatite A: Febre, mal-estar geral, falta de apetite, náuseas e dores abdominais seguidas de icterícia. A convalescença é prolongada e a gravidade aumenta com a idade, porém há recuperação total sem sequelas.
Amebíase: Infecção causada por um protozoário parasita que atinge os intestinos. As enfermidades variam desde uma disenteria aguda e fulminante, com febre e calafrios e diarreia sanguinolenta ou mucóide (disenteria amebiana), até um mal-estar abdominal leve e diarreia com sangue e muco alternando com períodos de estremecimento ou remissão.
Giardíase: Diarreia crônica com cheiro forte, fraqueza e cólicas abdominais, graças às toxinas que libera. Gera um quadro de deficiência vitamínica e mineral e, em crianças, pode causar a morte, se não houver tratamento.
Leptospirose – Ocorre com mais frequência em épocas de chuva ou alagamento, pode apresentar uma simples gripe e até complicações hepáticas e renais graves.
São inúmeras outras doenças também são causadas pela falta de tratamento de esgoto, como: poliomelite, diarreia por vírus, ancilostomíase (amarelão), ascaridíase (lombriga), teníase, cisticercose, filariose (elefantíase), esquistossomose, etc. Por isso é importante cobrar das autoridades a construção e a manutenção de redes de esgoto e seu tratamento, e a população tem de fazer a disposição correta do efluente doméstico, pois conforme foi apresentado, o saneamento básico precário atinge diretamente a saúde da população.
ETE-Campeche
A Casan iniciou em 2006 a obra da ETE-Campeche mas o empreendimento foi embargado, a Agência de Fomento Japoneza, JICA, que financiava a obra aguardou 9 anos,. O dinheiro acabou sendo usado para ampliar a estação dos Ingleses, no norte da Ilha, para que a companhia não perdesse os recursos. Um novo projeto foi executado e as obras iniciaram em março de deste ano (2017), mas em poucos dias depois foi embargada novamente a pedido do ICMBio, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que exige a construção de um emissário submarino, tubulação subaquática que leva os efluentes para o fundo do mar.
A conclusão da ETE estava prevista para março de 2019, mas já esta parada a sete meses. De acordo com relatório técnico do ICMBio, a instalação da ETE-Campeche em local inapropriado poderá vir a causar danos “irreparáveis” ao meio ambiente (manguezal do Rio Tavares) e prejudicar o sustento de dezenas de famílias humildes, cuja fonte de renda vem da extração de berbigão. A Casan espera para este mês a autorização para retomar as obras do sistema de esgoto do Campeche e região.
(Riozinho, 01/11/2017)
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