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Muitas maneiras de perceber e lembrar Florianópolis

Da Coluna de Carlos Damião (ND, 12/11/2017)

O tema da coluna da semana passada (edição de 4 e 5/11) motivou até quinta-feira 29 compartilhamentos e 394 curtidas, apenas no meu perfil do Facebook. Mais importante que isso, no entanto, foram as manifestações de dezenas de leitores a propósito de referências da cidade que merecem ser lembradas, pelo que significaram ou significam.

“A coluna está em sintonia com aquele trabalho de Kevin Lynch – ‘A imagem da cidade’. Nós estruturamos uma ‘imagem da cidade’ de diferentes formas, pois utilizamos ‘elementos’ para a interpretarmos: limites, bairros, nós, marcos e caminhos. Os comentários reforçam aquela leitura. Cada um de nós lê e interpreta de forma diferente a cidade, pois temos formas diferentes de perceber”, escreveu o economista e fotógrafo Sérgio Luiz da Silva.

Selecionei entre os comentários algumas menções que dizem respeito a lembranças físicas, aquilo que o geógrafo e professor Paulo Fernando Lago chamava de “patrimônio da saudade”, ou seja, as marcas afetivas que a cidade incorpora em cada um dos moradores. Muitos estabelecimentos comerciais e clubes ainda existem, alguns com até mais de 100 anos. Outros “sucumbiram ao progresso”, como disse um leitor.

Edifícios

– Comasa, Zahia, Dias Velho, Ceisa Center, ARS, Joana de Gusmão, Bahia.

Boates

Capelinha, Dizzy, Shampoo, Boate da Engenharia (UFSC), Metrô.

Bares

– Bar do Ataíde, Roma Bar, Glória (Estreito), Tritão e Chopão (Coqueiros), Reçaka, Degrau, Katcips, Petit (atual Canto do Noel), Roda Bar, Lugar Comum, Havana (bar do Mosquito).

Lanchonetes e restaurantes

– Lindacap, House Lanches, Kayskidum, Vagão, Espetinho, Anatole, Cachorro-quente do Afonso, Vidal 58, Braseiro, Manolo’s, Bob’s (antigo), Kibelândia, Break (ou Breque) Burger, Polly’s, Goiano (mercado), Prayon (primeiro chinês), Iron Bar, Rancho da Ilha, Riosulense, Guaciara.

Sorveterias

– Cocota, Baraúna, Ilhabela, Caramba, Costeira.

Padarias e confeitarias

– Foguinho, União, Natal, Pimpão, Brasília, Torten Haus, Sally’s, Candy, Confeitaria do Chiquinho.

Lojas

– Brunetti Discos, Discolândia, Ás de Ouro (discos), Amauri, Koesa e CRamos (lojas de automóveis), Zandomênico (instrumentos musicais), Machado & Cia (móveis), Bush (plásticos), Banca do Beck (Praça 15), Miscelânea e Bazar Tóquio (miudezas), Casa 3B (Bom, Bonito e Barato, a lanchonete da loja servia a melhor empada da cidade), Alfred (roupas masculinas), A Grutinha (roupas femininas), LPO (Lojas Pereira Oliveira), Koerich, Arapuã, A Esportiva, Modelar (roupas), A Capital (roupas), Lojas Coelho (tecidos), Marrocana e Patropi (butiques), Beco (jeans), Galeria das Sedas, Kotzias Tecidos, Instaladora Cascaes (material elétrico).

Fábricas

– Luz & Cia – Fábrica de refrigerantes no bairro José Mendes, foi depois uma unidade da Coca-Cola. Também as fábricas de pregos, gelo e rendas (todas da marca Hoepcke).

Clubes

– Clube 12 de Agosto, Lira Tênis Clube, Tiro Alemão, Veleiros da Ilha, Limoense, Ipiranga, Santa Catarina Country Club, Clube 15 de Novembro, Veleiros da Ilha, Penhasco.

Cinemas de rua

– Jalisco e Glória (Estreito), Roxy, Ritz, São José, Coral (depois Carlitos), Cecomtur, Art 7.

Pontos urbanos

– Trevo da Seta – Onde havia uma placa com seta indicando o caminho para o aeroporto, daí o nome.

– Trevo do Erasmo – Referência a um estabelecimento comercial da SC-405, de propriedade do comerciante Erasmo Antunes, hoje com 94 anos.

– Paredão da Hercílio Luz – Conjunto de prédios “colados”, construído na década de 1980.

– Rio da Avenida – Rio da Bulha, na Hercílio Luz, que recebeu cobertura na década passada e se transformou em passeio.

– Caminho de Cima (ida) e Caminho de Baixo (volta) – Estradas antigas entre o Itacorubi e o Norte da Ilha, antes da SC-401.

– Reta das Três Pontes – Atual Avenida da Saudade.

– Campo da Liga – Estádio de futebol que existia na área hoje ocupada pelo Beiramar Shopping.

– Escadaria do Mijo – Escadaria que liga as ruas Nereu Ramos e Marechal Guilherme à rua Deodoro e Avenida Osmar Cunha.

– Praça 15 de Novembro e sua figueira.

– Ponte Velha (Hercílio Luz). Ponte Nova (Colombo Salles).

Zona de meretrício

– Vila Palmira – Rua de um loteamento em Barreiros (São José). A célebre zona surgiu a partir de um projeto de higienização social em Florianópolis na década de 1960.

Em tempo

João Ari Dutra, veterano radialista da Capital (irmão do fotógrafo Paulo Dutra), me abordou na rua para dizer que o Banco Redondo já existia no início da década de 1950. “Era menor, mas existia”. João Ari morava no Morro do Céu, bem próximo à pracinha. Como não havia nascido ainda, não tenho razão para duvidar da palavra dele.

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2 Comentários

  1. RENATO LOBO disse:

    Revivi com saudade vários lugares que frequentei e por onde passei, por isso agradeço muito pela matéria. No entanto, senti falta de lugares como a Lanchonete Kretzer (embaixo do Center Plaza Hotel, no inicio da Felipe Schmidt, outro esquecido). Ali, eu gostava de tomar um belo Peach Melba. O Restaurante Telhado, que funcionou na Deodoro, depois foi para a subida da Felipe Schmidt, antes do que hoje é o Pórtico. Servia um camarão delicioso. O Roda Bar, ao lado da Secretaria da Fazenda, o bar Escova, ao lado da catedral. Obrigado pelo resgate.

  2. Ivete fernandes disse:

    Adorei a matéria. Qdo você falou dos clubes, faltou o clube 6 de janeiro no bairro do balneário do Estreito.

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