Pensar em soluções simples para problemas complexos, este é um dos objetivos do Projeto Tecnologias Sociais de Gestão da Água (TSGA), resultado de uma parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Embrapa e Epagri. O projeto comemora 10 anos em 2017, mesmo ano em que concretizou uma de suas últimas metas: a inauguração de uma estrutura física, o Centro TSGA, dentro da Universidade. A primeira edição do projeto foi realizada de 2007 a 2010, e a segunda, com apoio da Petrobras, teve início em 2013. O TSGA foi um dos poucos projetos do Sul do Brasil a serem aprovados pelo edital do Programa Petrobras Socioambiental.
“O projeto é focado no meio rural, porque é um ambiente muito mais carente em tecnologias”, explica o coordenador Paulo Belli Filho, professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC. Dentro das comunidades rurais, são trabalhadas questões como saneamento básico, resíduos sólidos, controle de cheias, recuperação da mata ciliar e sustentabilidade na produção agropecuária.
Valéria Veras, engenheira Sanitária e Ambiental e gerente de projetos do TSGA, explica que cada local tem soluções particulares para os problemas. “A ideia central é criar parcerias nas comunidades usando os conhecimentos científicos dentro das três instituições parceiras, e considerar o que já existem nessas comunidades, criando soluções próprias para aquele local”.
A abrangência do projeto é em regiões estratégicas de Santa Catarina. A sede é em Florianópolis, mas cada região tem uma identidade. O TSGA conta com profissionais em Chapecó, Concórdia, Urubici, Orleans, Tubarão, entre outras.
Tecnologias Sociais
Depois de estabelecer uma parceria e criar a solução ideal para as demandas locais, são implantadas unidades demonstrativas, com caráter pedagógico, para servirem como referência à comunidade. Também são disponibilizadas cartilhas e manuais técnicos para que os agricultores engajados no processo possam dar continuidade ao processo. Essa é a base das tecnologias sociais: solucionar problemas e empoderar a comunidade com aquele conhecimento. Por isso, elas devem ser acessíveis e fáceis de aplicar. “Se na visão do especialista aquilo vai resolver o problema, mas a população não é parceira, a tecnologia deixa de ser social: é uma tecnologia qualquer”, aponta Paulo. O coordenador comenta que a ideia de pensar soluções simples para problemas complexos existe desde o século XIX, mesmo sem a consciência de que já estavam aplicando tecnologias sociais. “Hoje, temos vários problemas complexos: a geração de renda, a fome, a falta de água, de saneamento, de energia. Mas isso não quer dizer que a solução não é simples”, ressalta.
Capacitação e Educação Ambiental
Além das tecnologias, o projeto tem outros dois pilares:
A capacitação para a gestão ambiental é feita a partir de cursos presenciais e a distância, que ficam permanentemente disponíveis na página do projeto, com o objetivo de oferecer um estudo autônomo e gratuito a qualquer pessoa interessada nos assuntos tratados pelo TSGA. São oferecidos cursos sobre agroecologia, sustentabilidade, saneamento, gestão social de bacias hidrográficas, entre outros.. Embora a gestão de água seja o centro da questão, há diversas temáticas ao redor do assunto.
O segundo pilar, a educação ambiental, consiste no desenvolvimento de atividades em escolas e eventos públicos, onde são oferecidas oficinas pedagógicas sobre qualidade da água e reutilização e reciclagem de resíduos sólidos. Também está em andamento a “Rede de Escolas Encantadoras”, que tem como proposta o compartilhamento dos conhecimentos entre as diversas escolas participantes das atividades de Educação Ambiental do projeto TSGA.
O centro TSGA
O produto de fechamento do projeto é a construção da estrutura física. O Centro TSGA, prédio que já está em fase final de implantação e foi inaugurado em maio deste ano, recebeu do Inmetro e da Eletrobras a “Etiqueta de Eficiência Energética de Edificações Comerciais, de Serviços e Públicos”, classificada no padrão A (nível máximo de eficiência). Projetado com os princípios de sustentabilidade ambiental, o prédio conta com estruturas para aproveitamento de água da chuva, telhado verde, materiais de construção alternativos, além de uma arquitetura que evita o uso de climatização e iluminação artificial.
A ideia da construção de uma estrutura física para o TSGA é desenvolver atividades como formação e capacitação, educação ambiental, pesquisas científicas e extensão comunitária, com caráter interdisciplinar. “Tudo isso para que possamos estar de acordo com os objetivos da tecnologia social, que é atingir a todos e que seja fácil de aplicar, conhecer e compreender. Além de ser viável economicamente, ela tem que ser simples para que as pessoas possam se apropriar daquele conhecimento, e possam operar sozinhas aqueles sistemas” comenta Valéria.
Mais informações no site.
(Ufsc, 24/10/2017)
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