Da Coluna de Estela Benetti (DC, 11/10/2017)
Santa Catarina e Reino Unido podem avançar em parcerias e investimentos, especialmente nas áreas de inovação, educação e saúde. É isso que sinalizou na sua primeira visita ao Estado o novo representante da Rainha Elisabeth no Brasil, embaixador Vijay Rangarajan. Sábado e domingo ele esteve em Blumenau e desfilou na Oktoberfest. Elogiou muito a “alegria e o senso de comunidade”. Em Florianópolis, visitou o governo, Federação das Indústrias (Fiesc) e centros tecnológicos. A seguir, os principais trechos de entrevista para a coluna.
Que parcerias e negócios são possíveis entre SC e o Reino Unido a partir dos contatos que o senhor fez com o governo do Estado e Fiesc?
Vemos possibilidades de parcerias entre os governos de SC e do Reino Unido e também entre empresas. Uma das parcerias possíveis é como podemos trabalhar em conjunto na melhoria do ensino de inglês (formação de professores) para as escolas de Santa Catarina. Na área de saúde também temos sistemas semelhantes e podemos compartilhar experiências, tipo de tratamento e big data (dados). Além disso, há ideias de parcerias e investimentos no sistema portuário. São muitas as possibilidades. Podemos fortalecer essas ligações.
Com o Brexit, o Reino Unido saiu da União Europeia e pode fazer acordos comerciais independentes. Quais são as expectativas com o Mercosul?
Nós estaremos atuando de forma independente a partir de março de 2019. Agora, estamos apoiando integralmente o acordo Mercosul-União Europeia. Avaliamos que é muito importante. Temos uma janelinha até dezembro e janeiro para finalizar esse acordo nos próximos meses. Por parte do Reino Unidos, trabalhamos pelo sucesso desse acordo. Depois do Brexit poderemos buscar algo diferente. Se tivermos antes o acordo Mercosul-UE será melhor manter isso com o Reino Unido.
Qual foi a sua impressão sobre a economia catarinense?
Vocês têm números muito bons na economia do Estado. SC teve menos problemas na recessão e agora, apresenta muita inovação, muitos polos tecnológicos, agroindústria e portos. É uma economia fascinante que pode fazer parcerias com o Reino Unido. Para mim, o mais importante é a inovação. O Estado apoia pequenas e microempresas inovadoras, o que é um ponto importante para nós.
Londres é uma cidade que se reinventou com avanços em tecnologia e inovação. Isso pode facilitar interação entre empresas britânicas e de SC?
No Reino Unido, queremos aproveitar as ideias inovadoras do Brasil e vice-versa. Temos muitas empresas inovadoras brasileiras investindo no Reino Unido e muitas empresas britânicas trabalhando online com o Brasil. Essa é a economia do futuro.
O que diferencia o ecossistema de inovação de Londres?
Depende do setor. Cambridge tem um parque científico de “Hot Science” muito focado em tecnologia, nanotecnologia e saúde. Londres tem empresas de tecnologia e se destaca em jogos, desenho, cultura. Cada região tem um perfil. É como no Brasil, que tem diferentes polos. Londres tem boa qualidade de vida; vocês, em Florianópolis, têm uma qualidade de vida incrível. A natureza é maravilhosa. A investidores que podem se estabelecer em qualquer lugar do mundo, é preciso oferecer qualidade de vida, educação, segurança e apoio do governo. Acredito que vocês têm isso.
Vale do Silício europeu
Na última semana, a Apex Brasil e a Agência de Comércio Internacional do Reino Unido (DIT) assinaram memorando de entendimento para fortalecer a cooperação econômica entre os dois países para um fluxo de investimentos direto bilateral. Mais de 100 empresas brasileiras, no ano passado, abriram unidades na Grã-Bretanha. É possível abrir um negócio por lá em apenas seis dias em média. Em alguns casos, abre-se em 24 horas. Vale ressaltar que o Reino Unido é líder em pesquisa e desenvolvimento na Europa, tendo 100 parques científicos e 90 prêmios Nobel. Abriga milhares de empresas na Tech City, considerada o Vale do Silício europeu. Para ajudar na criação de novas empresas o governo britânico reduziu impostos e criou pacote para acelerar negócios.
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