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Projeto visa reconhecer simbolicamente Cruz e Sousa como promotor público

Passado mais de um século da trajetória do catarinense João da Cruz e Sousa, mais conhecido como “poeta Cruz e Sousa”, na cidade de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina resgata sua história, com o propósito de homenagear um dos maiores poetas do Brasil. A iniciativa é do deputado Dirceu Dresch (PT), a partir do projeto de lei nº 379/16, que visa reconhecer simbolicamente Cruz e Sousa como promotor público, direito que lhe foi negado em 1883.

A matéria que tramita no Parlamento acolheu sugestões de integrantes do movimento negro da cidade e após sua aprovação vai conceder simbolicamente a Cruz e Sousa o cargo de promotor público, uma vez que, ao longo da sua trajetória de vida, o poeta deixou de assumir a função. Cruz e Sousa foi nomeado para o cargo durante a monarquia, em 1883, pelo então presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Gama Rosa, porém a pressão de políticos locais, que não aceitaram um negro ocupando o cargo, impossibilitaram o poeta de exercer a função.

Além de contribuir com a trajetória de Cruz e Sousa, a proposta promete um novo final para sua história, com direito ao reconhecimento ao título que era seu por direito. Segundo Dresch, o principal objetivo do projeto é corrigir uma injustiça cometida há mais de 100 anos. “Catarinense, um dos nomes mais relevantes na poesia e na luta pela abolição da escravatura no Brasil, Cruz e Sousa merece ter esse reconhecimento. Buscamos homenagear e ao mesmo tempo reconhecer o papel exemplar desde catarinense.”

De acordo com o parlamentar, a matéria não produzirá efeitos patrimoniais ou indenizatórios, uma vez que sua finalidade está voltada apenas para o resgate político da história, valorizando a trajetória do poeta e promovendo o enfrentamento ao racismo. Para o autor da iniciativa, o reconhecimento póstumo é um ato de justiça. “Mesmo tarde, precisamos fazer justiça a quem está aqui hoje, a todos os negros e negras que precisam ter seu espaço respeitado”, disse Dresch. Para ele, “a discriminação que Cruz e Sousa sofreu continua todos os dias, com a vitimização da juventude pobre e negra deste país”.

Movimento negro

Ativista dos movimento negro e estudioso da obra e da vida do poeta, Marcio de Souza é um defensor do projeto pois acredita que a proposta resgata a história do poeta vivenciada no século 19, no período da escravidão. Segundo ele, o poeta visto como um homem estudioso e bem formado para a época, se destacava pelo poder intelectual, abrangendo o mundo das ciências jurídicas, físicas, naturais e matemáticas. “O valor do título simbólico sugerido representa um resgate da história, onde o poeta recebe seu merecido reconhecimento, além do respeito por toda sua história.”

Marcio ressalta que Cruz e Sousa foi um homem à frente de seu tempo, pois sabia difundir valores pelos quais ainda se luta atualmente. Para ele, o poeta só chegou ao fim da vida empobrecido pelo peso da discriminação da sociedade, onde a falta de sensibilidade e a intolerância não permitiram que um homem oriundo das classes populares e negro fosse empoderado. “Isso fez com que Cruz e Sousa não aproveitasse a oportunidade oferecida.”

O poeta e a arte

Declamado por muito admiradores, marcou a história catarinense com a sua poesia. Diante desse rico trabalho deixado por Cruz e Sousa, o ator e servidor público João Batista Costa vem trabalhando há mais de 20 anos com as palavras do poeta através da interpretação. Com tanta identificação pelo poema de Cruz e Sousa, João Batista acredita que o projeto é essencial, mas ainda é preciso trabalhar para ter uma sociedade mais justa e mais igualitária. Na ocasião, o ator fez uma breve interpretação de um poema de Cruz e Sousa.  Escritas há décadas pelo poeta brasileiro, as palavras declamadas por João Batista expressam o sentimento de orgulho do homem que fez história.

Cruz e Sousa

Filho de escravos alforriados, Cruz e Sousa nasceu no dia 24 de novembro de 1861 e faleceu pobre em 1898, no interior de Minas Gerais, vítima de tuberculose. Foi criado junto à família do marechal Guilherme Xavier de Sousa, por isso teve acesso a uma educação refinada, onde aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu matemática e ciências naturais.

(Agência ALESC, 03/07/2017)

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