Os esgotos domésticos e industriais e o uso de fertilizantes na Agricultura têm levado toneladas de nitrogênio e fósforo para os ecossistemas costeiros, desencadeando a eutrofização. O crescimento excessivo de microalgas (marés vermelhas) ou de macroalgas (marés verdes) é um exemplo de resposta do sistema frente a essa poluição. A decomposição desta matéria orgânica e daquela vinda diretamente do esgoto doméstico, consome o oxigênio livre presente na água, formando as zonas mortas. A zona costeira mundial tem sofrido com a ocorrência da formação periódica ou permanente dessas zonas, onde a concentração de oxigênio é baixa para a sobrevivência de espécies, gerando perdas como peixes, camarões, siris – prejudicando a cadeia produtiva dos ecossistemas marinhos, incluindo a pesca. Este cenário não é diferente em Santa Catarina.
O Laboratório de Oceanografia Química da UFSC, sob coordenação da professora Alessandra Larissa D’ Oliveira Fonseca, desenvolve pesquisas para compreender a entrada, a transformação e o transporte de matéria (como nitrogênio, fósforo e matéria orgânica) na zona costeira de Santa Catarina, utilizando-se de modelos de ecologia de ecossistemas.
A Lagoa da Conceição e os rios Papaquara e Tavares, em Florianópolis, e o rio da Madre, em Paulo Lopes, são alguns dos sistemas em monitoramento que apresentam zona morta. Com o desenvolvimento desta, a comunidade tradicional de pescadores da Lagoa da Conceição já identifica as perdas da atividade. A zona morta que ocorre na região central (lagoa do meio) também está associada à entrada de água salgada pelo canal da barra, que fica estagnada no fundo e não sofre ventilação pelas trocas de gases entre a atmosfera e água superficial.
Nos rios Tavares e Papaquara, a falta de oxigênio é permanente na região interior e mais urbanizada destes estuários, onde também está localizado o emissário da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Canasvieiras (Papaquara) e onde se planeja instalar a ETE-Rio Tavares. No rio da Madre, o cultivo de arroz e a urbanização são os principais agentes da formação periódica da zona morta. Os estudos são importantes para compreender as modificações que os ecossistemas vêm sofrendo pelas ações humanas e para auxiliar na gestão costeira. Com parcerias firmadas, os dados produzidos pelo laboratório dão suporte às ações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ministério Público Federal de Santa Catarina.
(UFSC, 14/07/2017)
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