Uma técnica muito utilizada em casas e pequenas propriedades rurais para destinação de resíduos orgânicos e a produção de adubos naturais, a compostagem pode ser se tornar também uma boa alternativa para as prefeituras, sobretudo pela economia nos gastos com aterros sanitários.
Esta é a ideia central do seminário “A Compostagem de Pequeno Porte como Solução para os municípios de Santa Catarina”, que teve início na manhã desta segunda-feira (3) e se estende durante o período da tarde no Palácio Barriga Verde, em Florianópolis.
O evento é promovido em parceria pela Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) e Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar da UFSC (Lacaf), com o apoio da Assembleia Legislativa.
Na abertura, o deputado Mário Marcondes (PSDB), citando dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), afirmou que atualmente cerca de 52% do volume total dos resíduos orgânicos produzidos no Brasil não é separado ou recebe qualquer tipo de tratamento específico, indo parar diretamente nos aterros sanitários e lixões.
O parlamentar defende que uma alteração neste quadro depende tanto de ações governamentais, quanto uma mudança de postura por parte da sociedade. “É fundamental criarmos políticas públicas para diminuirmos a quantidade de resíduos sólidos e traçarmos mecanismos para desviá-los dos aterros sanitários. Mas precisamos também de uma mudança no estilo de vida da sociedade. Um simples ato no dia a dia pode trazer um grande benefício para o planeta e podemos começar com algo como dar mais atenção ao nosso próprio lixo.”
A programação da manhã incluiu a apresentação de experiências consideradas exitosas na gestão de resíduos orgânicos, tais como a ”Revolução dos Baldinhos”, “Família Casca” e o “Método UFSC de Compostagem”. “Para nós, hoje é um grande dia, pois acreditamos piamente na capacidade desse modelo de gestão de resíduos para os pequenos e grandes municípios e também como elemento de renovação da vida”, declarou na ocasião o diretor-presidente do Cepagro, Eduardo Daniel da Rocha.
Entres os municípios mais avançados no reaproveitamento dos detritos orgânicos está Florianópolis, que desde 2008 conta com pátios de resíduos descentralizados e mais recentemente vem oferecendo oficinas de compostagem. “Cerca de 37% do lixo da Capital é formado por orgânicos, um volume bastante significativo e acreditamos que a compostagem, aliada a projetos de agricultura urbana, seja o caminho para que a gente consiga desviar esses materiais dos aterros”, disse Karina da Silva de Souza, gerente do Departamento de Planejamento, Gestão e Projetos da Comcap.
Para o coordenador do Lacaf-UFSC, Oscar José Rover, os projetos ligados à compostagem são viáveis e podem ser facilmente aplicados pelos gestores municipais, desde que para isso eles também atentem para o fator social das iniciativas. “A compostagem em si não resolve, ela contribui, ela traz um elemento central, mas é fundamental considerar o envolvimento da comunidade, seja das pessoas que disponibilizam o seu resíduo, seja das pessoas que vão colocar as ações em prática, pois este é um processo que exige um conjunto de conhecimentos.”
O gerente de desenvolvimento da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), Daniel Vinicius Netto, afirmou que já vem trabalhando o tema junto às lideranças municipais do estado e que vem obtendo respostas positivas. “A redução nos resíduos que saem das casas traz uma redução óbvia no impacto ambiental, mas também possibilita que as prefeituras economizem com a manutenção dos aterros sanitários, algo que tem sido buscado por inúmeros municípios.”
O seminário continua no período da tarde com a apresentação do painel “A Política Nacional de Resíduos Sólidos” e a apresentação de outras iniciativas voltadas ao reaproveitamento de resíduos. Outro destaque é o lançamento da obra “Critérios Técnicos para a Elaboração de Projeto, Operação e Monitoramento de Pátios de Compostagem de Pequeno Porte” e o lançamento do vídeo “Revolução dos Baldinhos: o Modelo de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura Urbana”.
(Agência ALESC, 03/07/2017)
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