s empresas suspeitas adulterar pescados importados em Santa Catarina acrescentavam sódio e água para aumentar de forma irregular o peso dos produtos, segundo a Polícia Federal. A suspeita dos policiais é de que as irregularidades praticadas há dez anos tivessem apoio de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Foi o que apontou a Operação Fugu.
Cinco servidores do Ministério da Agricultura foram afastados do cargo, três deles, segundo a Polícia Federal, ocupavam os cargos mais altos do Ministério em Santa Catarina. Nos próximos dias, o órgão deve divulgar uma lista com os nomes das empresas que serão obrigadas a recolher do mercado os pescados adulterados.
Conforme a Polícia Federal, as empresas de pescado importavam peixe adulterado da China e do Vietnã e, em Santa Catarina, incluíam substâncias de forma irregular. Além de receberem dinheiro das empresas para não fazer a fiscalização, fiscais suspeitos de participar do esquema ainda puniam os servidores que não faziam participavam da fraude.
“Eles eram humilhados em reuniões em frente a empresários, eles eram removidos de locais onde eles estavam efetuando a fiscalização como devida. Em contrapartida também se identificaram outros fiscais que estavam coniventes com essas três pessoas da superintendência do Mapa, com relação à não-fiscalização dessas empresas de pescados”, disse o delegado da Polícia Federal Maurício Todeschini.
Furos na carne
Uma foto divulgada pela polícia mostra um salmão apreendido, em que são visíveis os furos feitos para acrescentar os aditivos, o sal e, principalmente, a água.
Segundo o Mapa, a presença de pequenas aberturas no peixe também é uma forma de o consumidor identificar irregularidade.
Em outra foto aparecem os parasitas encontrados no salmão apreendido – são os riscos no meio do peixe. Segundo o Ministério da Agricultura, esses parasitas podem provocar diarreia e até alergia alimentar grave. Foram encontradas irregularidades também nas espécies panga e merluza.
Os peixes apreendidos estavam em três empresas de pescado de Itajaí e Navegantes. Houve apreensão também em cinco frigoríficos em Santa Catarina, que importavam esses produtos. No esquema, os peixes entravam no país através dessas empresas que são alvos menos frequentes de fiscalização do que as empresas de pescado.
Nota do ministério
Em nota divulgada na noite desta terça, o Mapa afirmou que “apoia integralmente a ação da Polícia Federal e vem colaborando com as investigações”. Segundo a pasta, “todos os servidores envolvidos na ação foram afastados preventivamente por 60 dias e, os que possuem cargos em comissão, exonerados das funções”.
O Mapa também informou que será aberta uma sindicância para investigar o envolvimento dos servidores. “Com relação à Operação Fugu, realizada em Santa Catarina, todo o trabalho técnico, durante os nove meses de investigação, foi realizado com a participação de técnicos do Mapa, inclusive com a análise de amostras efetuadas no Lanagro (laboratório do ministério) no Pará”.
O ministério afirmou ainda que “mantém a mesma postura de transparência e de cooperação com as investigações, como ocorreu durante os trabalhos de investigação da Operação Carne Fraca, deflagrada em março deste ano”.
( G1, 16/05/2016)
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