O potencial do aeroporto Hercílio Luz atraiu o investimento da empresa suíça Zurich Airports AG. Na manhã desta quinta-feira, ela ofertou R$ 84,3 milhões de sinal pela concessão do aeroporto de Florianópolis e venceu o leilão ocorrido na Bovespa, em São Paulo. O valor total a ser pago para o governo pelo direito de administrar o Hercílio Luz pelos próximos 30 anos é de R$ 241 milhões.
Mesmo que o terminal catarinense fosse o menor e, aparentemente, menos atraente, a Zurich decidiu apostar na estrutura. Em entrevista ao DC, o diretor de Negócios Internacionais da empresa, Martin Fernandez, explicou o que levou a empresa a escolher o Hercílio Luz. Além disso, garantiu que vai fazer o novo terminal de passageiros, previsto no estudo de viabilidade da concessão. Leia a entrevista completa abaixo.
Por que a escolha por Florianópolis?
Para nós acontecem duas coisas. Vimos o potencial que temos em Florianópolis e achamos que lugares que possuem muitas praias e tecnologias na Europa têm muito mais passageiros. Mas em Florianópolis isso não acontece. As instalações não estão bem, a situação não é ótima. E nós queremos fazer essa mudança. Achamos que o aeroporto pode crescer significativamente.
Vocês já procuraram o Estado para saber dos acessos. Eles são fundamentais para a evolução do aeroporto, certo?
Claro. Nosso vice-presidente das Américas é que está a cargo disso. Mas estivemos lá, sabemos os problemas. Mas as pessoas (autoridades) nos disseram que vão terminar a construção. Esperamos que se cumpra. Não tem sentido ter um aeroporto sem acesso. Nós vamos fazer um aeroporto de classe mundial, mas precisa do acesso.
O que vocês esperam do aeroporto de Florianópolis? Em quanto vocês pensam em aumentar o número de passageiros?
Temos diferentes processos. Uma coisa importante é a situação política, como vai se desenvolver, entre outras cenários. Mas o que está claro é que vamos fazer um novo terminal e proporcionar uma nova experiência para os brasileiros porque essa é a nossa especialidade. Vamos fazer que (o aeroporto) trabalhe como um relógio suíço.
A Zurich trabalha em que outros aeroportos atualmente?
Estamos em Belo Horizonte, e fora do Brasil temos aeroportos no Chile, Colômbia, Índia e outros contratos menores em outros lugares, além da Suíça. Não achamos que somos conquistadores. Viemos ao país, trazemos o melhor know-how aeroportuário e depois temos que valorizar o trabalho local. Em Belo Horizonte, temos a Praça Mineira, que são seis e sete lojas só com comida regional. Para nós é importante. Fazemos a mesma coisa em outros lugares. Queremos dar a boa experiência ao passageiro, combinada com a experiência local.
Então Florianópolis pode esperar essa cara da Zurich?
Sim, 100%. Para nós, o conceito é trabalhar com coisas pequenas, trabalhamos de forma compacta, mas tem que dar certo, tem que funcionar. O passageiro tem que poder entrar e sair, encontrar as coisas ele mesmo, também tem que haver coisas para comer, fazer pequenas compras, e ter acesso para sair. O acesso é muito importante, senão a experiência é ruim. Já chegam no aeroporto cansados.
O turismo de Florianópolis atraiu?
Sim. É a maior demanda reprimida, seguramente. Contamos que essa demanda pode explodir em Florianópolis. Não entendemos como um aeroporto com uma praia, uma cidade com essas características boas, só tem 3,6 milhões de passageiros. Para nós é uma grande incógnita. Porque em outros lugares, no EUA, México, Cancun, tem 20 milhões de passageiros. Não é uma comparação lógica, mas temos que colocar metas grandes.
A Zurich disputou até o final também Porto Alegre. Por quê?
É uma concessão com dimensões diferentes. Naturalmente, Porto Alegre tem 9 milhões de passageiros e lá pode-se fazer mais coisas. Mas, para nós, que somos especialistas em estruturas pequenas, o problema de Florianópolis atualmente é o tamanho. O aeroporto não é um patinho feio (como perguntou um dos veículos de imprensa), é um patinho pequeno que queremos transformar em grande.
A situação política e econômica do Brasil assustou a Zurich?
Sim, naturalmente. Mas esperamos que o Brasil consiga fazer a virada. O Brasil vai dar certo. As mudanças que estão sendo feitas são dolorosas, mas precisam ser feitas. Acredito que no segundo semestre deste ano o Brasil vá melhorar.
(Diário Catarinense, 16/03/2017)
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