Pelo menos por mais alguns meses a estrutura do terminal desativado do Jardim Atlântico, na parte continental de Florianópolis, seguirá sem serventia nenhuma ao povo da região. No local, onde em 2014 começaram obras para erguer o Mercado Público do Continente, agora sobram dúvidas sobre o futuro da edificação cujo trabalho está parado há mais de seis meses após a empresa responsável pelo serviço decretar falência. Diante da incerteza, a prefeitura da Capital já admite a possibilidade de abandonar a ideia de construção do mercado e, talvez, optar por um espaço de comércio popular semelhante ao Direto do Campo, por exemplo.
Quem informa a possível mudança de planos é o secretário do Continente, Edinho Lemos, que participa do estudo e trabalha ainda em conversas com pessoas que chegaram a adquirir boxes do tão falado e propagado Mercado Público do Continente e agora não sabem quando e nem o que sairá do espaço cercado de tapumes na esquina da Gualberto Sena com a PC3.
No final de 2016, a prefeitura, através da administração Cesar Souza Junior (PSD), rescindiu unilateralmente o contrato com a empresa que tocava as obras no local. O caso foi encaminhado então para a Procuradoria Jurídica do Município. Outro fator que colabora para o município pensar em um novo projeto é o fato de que a licitação dos boxes teve poucos interessados.
— Sete pessoas chegaram a comprar boxes para o mercado. Agora, elas estão questionando e querendo a devolução do dinheiro. Pedimos para a Procuradoria avaliar a questão, porque o processo licitatório não foi feito pela Secretaria do Continente, mas sim pela Administração. Devido a esse impasse, o prefeito Gean Loureiro determinou que sejam feitos estudos para verificar a viabilidade de se fazer o Mercado Público ou algum outro tipo de comércio com mix de produtos, como é o Direto do Campo — explica Edinho.
“Moradores” da obra
Dentro do terminal desativado, e onde as obras do que seria o Mercado Público chegaram a estar 70% concluídas a um custo superior a R$ 1,7 milhão, moram dois casais que alegam estar no local a pedido da empresa que executava a obra. Eles dizem que “cuidam” o espaço, impedindo que andarilhos e usuários de drogas ocupem o interior da estrutura. O secretário Edinho, no entanto, acredita que as pessoas que estão no terminal desativado podem ser funcionários da empresa que não receberam pelo trabalho efetuado.
— Eles dizem que estão ali a pedido da empresa. Mas, na realidade, eu acho que eles estão ali para tentar salvaguardar o direito deles já que acreditamos que eles não receberam o dinheiro da empresa que faliu. Então, estão ali para daqui a pouco tentar um acordo com a prefeitura — afirma Edinho, lembrando que eles também coíbem a entrada de estranhos e evitam furtos no local, como já aconteceu.
— Ali foi mais de R$ 1,7 milhão jogado fora — observa.
Obra parada revolta comunidade
Presidente da Associação de Amigos do Estreito e líder comunitário da região continental, Édio Fernandes, o Jajá, é um dos que reclama da insegurança na região e credita isso também às obras paradas, pois além do terminal desativado, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Continente e a Unidade de Acolhimento Infantil e Adulto do bairro estão sem funcionar poucos metros de distância entre cada uma delas.
A personal trainer Ane Karoliny, 25 anos, diz que à noite a situação fica mais perigosa para quem precisa passar caminhando pela Gualberto Sena e PC3, vias que depois das 21h tem movimento de pedestres e veículos bem reduzido.
— Até antes das 20h ainda tem pessoas caminhando na rua e se exercitando, mas depois disso já fica complicado, principalmente para mulheres que andam sozinhas — conta Ane.
As outras duas obras paradas naquela região também não têm data para recomeçar.
(Diário Catarinense, 06/03/2017)
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