Três em cada dez catarinenses (32%) admitem que adquiriram produtos falsificados em 2016, aponta a última pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC), no início deste mês. Apesar de demonstrar uma tendência de queda (em 2011, o índice atingiu 57%), o levantamento também demonstra que a quase totalidade destes consumidores (93,7%) conhecem os impactos negativos que a aquisição de itens piratas acarreta.
Realizada nos municípios de Blumenau, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Joinville e Lages, a pesquisa também apontou que a principal motivação para a troca dos produtos originais por pirateados continua sendo os preços mais atraentes (69,7%).
A reboque da recessão, que provocou desemprego e reduziu a renda das famílias, os catarinenses com menor poder aquisitivo (classes D e E) aumentaram o consumo em 8 pontos percentuais, passando de 28% em 2015 para 36% em 2016. Por outro lado, as classes A e B tiveram queda de 21 pontos percentuais do ano passado para cá, de 36% para 15%, atingindo o menor índice desde o início da pesquisa.
Os jovens e jovens adultos são os maiores consumidores, com 46,5% na faixa etária entre 18 a 24 anos e 38,6% de 25 a 34 anos. Em média foram consumidos 16,6 produtos piratas neste ano.
Os CDs e DVDs (39,2%) seguem no topo do ranking dos mais comprados, seguido pelas roupas (10,6%), óculos e equipamentos eletrônicos, empatados com 9,3%. Os dois itens também aparecem na lista dos mais rejeitados, com 8,5% e 15,6%, respectivamente.
A facilidade em encontrá-los (12,5%) e a chance de ter acesso antes mesmo dos originais serem lançados oficialmente (9,2%) também estimulam a compra. Entre aqueles que não consomem, 32,9% disse que não tiveram necessidade, 23,9% preferem o original e 17,1% considera a qualidade ruim.
Ciclo negativo
Somente entre 2012 e 2015, informa o Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FCNP), o prejuízo do país com o comércio de produtos falsificados somou R$ 115 bilhões, entre perdas da indústria e o valor que o Estado deixou de arrecadar com a sonegação fiscal.
Segundo os dados apurados pela Fecomércio-SC a grande parte dos consumidores está consciente dos reflexos da pirataria: 93,7% sabem que a prática prejudica o fabricante ou artista; 88,3% que alimenta a sonegação de impostos; 85% que impacta no faturamento do comércio; 81,3% que pode causar consequências negativas aos seus usuários e 78,9% que financia o crime organizado. A percepção de que os itens pirateados pode causar desemprego também aumentou 9,4 pontos percentuais de 2015 para 2016, chegando a 56,3%.
“Estes resultados são preocupantes, pois mostram uma naturalização da questão no estado. Ou seja, as pessoas entendem os reflexos da pirataria, mas continuam adquirindo. Além de gerar um rombo às empresas formais e aos cofres públicos, esta prática alimenta um mercado ilegal. É uma concorrência desleal com o comércio que tem um grande impacto na competitividade catarinense”, pontua o presidente da Fecomércio-SC, Bruno Breithaupt.
Visando sensibilizar a sociedade sobre o tema e coibir a oferta de produtos falsificados, diversas ações já vêm sendo colocadas em prática pela Federação. “Em 2017, pretendemos lançar, em conjunto com o Conselho Estadual de Combate à Pirataria, uma campanha de esclarecimento no estado e também estamos buscando, junto às câmaras municipais uma regulamentação para as feiras itinerantes do Brás”, disse o gerente de planejamento da entidade, Renato Barcellos.
(Agência ALESC, 16/12/2016)
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