Após oito meses de atraso, as obras de restauração da antiga Casa de Câmara e Cadeia, na praça XV de Novembro, serão finalizadas ainda em novembro. A promessa, antecipada pelo colunista Moacir Pereira nesta terça-feira, é da Secretaria de Obras de Florianópolis, que coordena os trabalhos com recursos próprios e do governo federal orçados em aproximadamente R$ 5,9 milhões e executados com aditivo de R$ 1,35 milhão. Depois da entrega, o prédio ficará sob responsabilidade do Sesc de Santa Catarina, que irá instalar no local o Museu de Florianópolis, cuja abertura está prevista somente em 2017.
Conforme o secretário Rafael Hahne, que em junho havia prometido entregar o prédio restaurado no mês seguinte, o atraso é justificado por questões orçamentárias.
— Temos recursos do governo federal e municipal. Conseguimos liberar em outubro a última parcela do recurso federal para incrementar a parte do patrimônio histórico. O restauro está praticamente finalizado — garante.
Outros entraves na reforma foram as escavações arqueológicas nos fundos e no corredor de acesso ao local, onde foram encontrados dois canhões de pequeno porte que vão integrar o acervo museológico. A meta da pasta é repassar a Casa de Câmara e Cadeia restaurada ao Sesc para montagem do museu ainda em novembro, apesar de não especificar o dia.
— Em paralelo, continuamos construindo o anexo [prédio de 225 metros quadrados, que irá abrigar banheiros, elevador, escritórios administrativos e uma pequena cafeteria] nos fundos. Essa é a parte menos adiantada, porque ainda estamos na parte de estrutura, e vai exigir sinergia entre a equipe atual e a da nova administração. Terminamos as fundações e aguardamos a chegada da estrutura metálica, que é fabricada fora — acrescenta Hahne.
Instalação do museu
O Museu de Florianópolis, que deve retratar a história da capital catarinense desde o período pré-cabralino, já tem alguns ambientes previstos no Plano Museológico: salas de exposições de curta duração, Centro de Referência do Patrimônio Cultural de Florianópolis, espaço multiuso (auditório e espaço educativo), laboratório de conservação e restauração, cafeteria e loja. Por meio da assessoria de imprensa, o Sesc em Santa Catarina informou que “está em está em permanente contato com a Prefeitura Municipal de Florianópolis para definir a data de entrega da obra”.
— Há reuniões regulares de planejamento entre a instituição e a comissão nomeada para acompanhar e auxiliar na implantação do museu, sendo que o prazo contratual de abertura é março de 2017, podendo variar de acordo com a data da entrega total da obra pela Prefeitura — esclarece a nota enviada por e-mail.
Além disso, o Sesc garante que o pré-projeto expográfico* já foi aprovado pela comissão e, agora, segue em fase de detalhamento técnico e aprofundamento das pesquisas históricas e de acervo. Até lá, não é possível detalhar a respeito da narrativa do museu e tampouco sobre o acervo que será recebido ou adquirido.
Museu de História da Cidade era o primeiro nome divulgado para a estrutura que, agora, irá se chamar apenas Museu de Florianópolis, segundo o Sesc.
* Conforme o site Triscele, “a expografia se ocupa com a definição da linguagem e com o design da exposição museológica, abarcando a criação de circuitos, suportes expositivos, recursos multimeios e o projeto gráfico, além de pensar todos os recursos comunicacionais – programação visual, diagramação de textos, imagens, legendas entre outros.”
Histórico
A antiga Casa de Câmara e Cadeia é uma das três edificações mais antigas da cidade. Localizada junto à Praça XV, no Centro, foi construída entre 1771 e 1780, com o projeto do arquiteto Tomás Francisco da Costa. No piso inferior funcionava a cadeia e no superior, a Assembleia Legislativa Provincial.
A cadeia foi desativada em 1930, com a inauguração da penitenciária na Agronômica, e o prédio ficou ocupado pelo legislativo até 2005, quando a Câmara Municipal de Florianópolis mudou-se para o prédio da Rua Anita Garibaldi. Ficou abandonado e chegou a abrigar moradores de rua.
Para as obras da Casa de Câmara e Cadeia foram investidos, ao todo, R$ 7,3 milhões. A maior parte, R$ 4 milhões, veio do governo federal por meio do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O restante veio da prefeitura.
(Diário Catarinense, 08/11/2016)
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