Os arquitetos urbanistas André Schmitt, Nelson Saraiva, Michel de Andrado Mittmann e André Lima apresentaram aos técnicos da Comcap, Ipuf, Floram, Obras, Segurança e Epagri os conceitos do projeto pioneiro do Jardim Botânico para orientar a intervenção que será feita no espaço para abri-lo à visitação pública em 24 de setembro.
A ideia, informou o presidente da Companhia Melhoramentos da Capital, Marius Bagnati, é franquear o acesso das pessoas ao parque, sem comprometer o projeto do futuro Jardim Botânico. Na sexta-feira (12), em reunião no Centro de Treinamento da Epagri, André Schmitt apresentou o conceito inovador do Jardim Botânico com três estações ambientais no Itacorubi, Cidade das Abelhas e Sapiens Parque.
Característica local
Ele lembrou que em 2010, quando foi concebido o projeto pioneiro, “a cidade sonhava com a grana de Eike Batista”. O empresário se antecipava às medidas compensatórias que teria de assumir caso tivesse sido aprovado seu estaleiro em Biguaçu e buscou a Fatma comprometendo-se a patrocinar o projeto ambiental que fosse desejado pela região. Três escritórios de arquitetura _ Marchetti Bonetti, Desenho Alternativo e Studio Methafora – e a Biosphera Consultoria Ambiental associaram-se ao desafio.
“Desde o início, sabíamos que seria um Jardim Botânico para conservação de plantas nativas ou ambientadas. Não iríamos buscar plantas na Noruega ou cactos no México”, apontou Schmitt. O projeto pioneiro também se orienta por conceitos de conectividade do homem com a natureza e de recuperação de ambientes urbanos com novos valores ligados à biodiversidade local.
Três portais no futuro
Na visão dos arquitetos, o futuro Jardim Botânico desempenhará um papel de articulador de maior urbanidade, por meio de três portais de celebração do homem com a natureza, até a utopia que a Ilha inteira de Santa Catarina seja um território de preservação ambiental.
No bioma manguezal, que já serviu de porto para chegada de mercadorias à comunidade do Itacorubi, de lixão para a cidade e, nas últimas décadas, de centro de treinamento para a Epagri, estão previstas várias obras de infraestrutura, que privilegiam o transporte coletivo e alternativo, e uma passarela de 250 metros sobre pilotis para que o mangue possa ser visto por dentro e de cima.
Riqueza do mangue
“Claro que isso é para o futuro, precisa projeto, conseguir investidores, mas o mais caro e difícil que é o jardim já está pronto: é só chegar e olhar”, propôs Nelson Saraiva, sublinhando a riqueza botânica do mangue e da açorianidade apontada no projeto pioneiro pelo biólogo Ademir Reis. A Ilha de Santa Catarina, lembrou, é um dos últimos lugares onde existe mangue. Fora isso, há alguma coisa em Araranguá. “O mangue tem sido invadido de forma agressiva ao longo da história do Brasil, essa parece ser uma história sem volta”, lamentou.
O projeto pioneiro do Jardim Botânico também prevê espaços de educação ambiental, com viveiros de mudas, e um jardim açoriano. “Havia dálias e manacás nas fachadas das casas açorianas. Isso praticamente desapareceu e deveria ser resgatado, assim como os chás medicinais”, indicou Saraiva.
Papel da transformação
Pelo projeto original, no início da Rodovia Admar Gonzaga, na área onde a Comcap opera o Centro de Valorização de Resíduos, com o circuito de visitação monitorada do Museu do Lixo que já recebe mais de 6 mil pessoas por ano, seria implantado um orquidário e uma ligação com o Cemitério do Itacorubi. “Ali teríamos o portal da transformação, mostrando as várias camadas do antigo lixão”, considerou Schmitt.
Por meio de André Schmitt, arquitetos do projeto pioneiro elogiaram a Comcap e os demais órgãos municipais pela coragem de assumir a ocupação da área e colocaram-se à disposição para compartilhar o conhecimento acumulado. Bagnati os agradeceu e garantiu que o trabalho está sendo feito de forma a garantir o futuro do Jardim Botânico.
(Prefeitura de Florianópolis, 18/08/2016)
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