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“SC é o Estado que mais se destaca em inovação”, diz embaixador português em visita a Florianópolis

O embaixador português e chefe da delegação da União Europeia no Brasil João Gomes Cravinho informa que uma das motivações do grupo para visitar SC foi o êxito da integração universidades e economia na área de inovação. Nesta entrevista ao DC ele também destaca avanços das negociações do acordo Mercosul-UE e fala sobre investimentos.

DC – Quais são as expectativas dos embaixadores para esta visita a Santa Catarina?

Cravinho – Santa Catarina é um Estado muito interessante. Nós, embaixadores da União Europeia, procuramos captar um pouco da diversidade do Brasil. Por isso, a cada ano escolhemos um Estado para fazer a nossa reunião anual incluindo uma visita. Este ano, escolhi Santa Catarina porque, em primeiro lugar, é um Estado apontado para o futuro no que toca a retomada da economia. A Europa passou por uma fase muito difícil em termos econômicos. Felizmente, já saímos do túnel. O que nós sabemos, da nossa experiência, é que o motor que puxa a carruagem da cooperação econômica é a inovação. Então, achamos interessante visitar o Estado brasileiro que mais se destaca em inovação, em termos de ligação entre a pesquisa universitária e impacto sobre a vida econômica. Por isso, para nós, nesta fase, com a experiência europeia que temos, com a experiência brasileira do momento, achamos mais interessante visitar Santa Catarina.

DC -Que setores econômicos da Europa têm mais interesse em negócios no Brasil?

Cravinho – As nossas economias são muito complementares. Estamos envolvidos numa negociação comercial com o Brasil (o acordo Mercosul-União Europeia). É uma negociação complicada, difícil, mas promissora porque as economias são complementares. Mas há evolução nos dois lados. Do lado brasileiro, o país é extremamente competitivo no agronegócio. Mas o que interessa ao agronegócio do Brasil não é só carne bovina, carne suína e produtos tradicionais, mas sim a incorporação de inovação no processo de produção. No que diz respeito à manufatura, produção industrial, a Europa tem mais interesses ofensivos na negociação com o Mercosul, mas, ao mesmo tempo, percebemos que há também indústrias inovadoras do Brasil exportando para a Europa. Nós vivemos um momento de transformação da economia mundial. Esse momento nos obriga a tentar antecipar o futuro, criar possibilidades novas de parte a parte. Logo, visitar SC nesta altura é também uma forma de manifestar o interesse europeu nas possibilidades transformadoras, não só de consagração daquilo que já sabemos que funciona, mas da criação de novas oportunidades. A incorporação de inovação é muito importante para nós.

DC – Como vai a negociação do acordo Mercosul-União Europeia?

Cravinho – Há movimentos. Dia 11 de maio houve troca de ofertas. Agora os dois lados estão estudando as ofertas. Dias 22 e 23 de junho haverão reuniões dos negociadores dos dois lados para comparar as ofertas. Essas ofertas são documentos grandes, extensos, muito técnicos. Esperamos outra rodada de negócios em junho. Esperamos outra rodada em julho. No segundo semestre do ano continua. Pela primeira vez, em muitos anos, temos uma boa dinâmica negocial. Esperamos que resulte em um acordo, talvez em 2017. Espero que seja na primeira metade de 2017.

DC- Há um interesse maior de empresas europeias de investir no país em função da queda do preço de ativos aqui?

Cravinho – O Brasil passa por um período complexo em termos de expectativas econômicas para os próximos anos. Mas do lado dos investidores europeus há a certeza de que daqui a cinco, sete ou 10 anos, o país será muito atrativo. Não há segurança de retorno fácil nos próximos 12 meses. Por isso, os investidores que têm capacidade estão muito interessados no Brasil. Os investidores menores, têm mais dificuldades, são mais cautelosos. Se o governo brasileiro conseguir, nos próximos meses, dar demonstração de que o mercado poderá ter confiança nele, haverão mais empresas europeias interessadas em investir. Se continuar com mais dificuldades, o Brasil terá investimento só de quem conseguir pensar num horizonte mais largo como daqui a cinco ou 10 anos.

DC- Temos empresas de SC interessadas em investir na Europa. Como está a economia da UE?

Cravinho – Neste ano, os 28 países da União Europeia vão crescer. Nós damos boas-vindas a todos os investimentos brasileiros. Agora, sabemos que se as perspectivas são boas aqui no Brasil, o investidor local vai olhar para o seu próprio país. Estamos interessados em atrair investimentos de todo mundo, mas sabemos que se o Brasil crescer, é normal que invistam aqui. Nos últimos anos, teve muito investimento brasileiro na Europa em função da crise aqui. Nossa esperança é que o país volte a crescer. Aí, tanto brasileiros quanto europeus poderão investir mais no Brasil.

( Diário Catarinense, 30/05/2016)

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