Memória de Florianópolis: os 90 anos da Ponte Hercílio Luz, o símbolo de Santa Catarina

(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 06/05/2016)

O dia 13 de maio assinala os 90 anos de inauguração da Ponte Hercílio Luz, identificada desde 1926 como o principal ícone de Santa Catarina: é o cartão postal mais difundido do Estado, tanto no Brasil quanto no exterior. E este é o aniversário mais importante da ponte, desde que foi interditada para o tráfego de veículos, pedestres e ciclistas em 1982. Engenheiros e operários da Teixeira Duarte, uma das maiores empreiteiras do mundo, estão concentrados nos trabalhos para realização da etapa definitiva da restauração: a troca dos olhais do vão central, um desafio que vai consumir 30 meses de atividades pesadas e complexas. A equipe portuguesa está em Florianópolis há poucos dias, substituindo os integrantes da Empa, sua subsidiária brasileira, que atuaram na construção das bases de sustentação.

Documento raro: cartão da Associação Filatélica de Santa Catarina, em comemoração aos 25 anos de inauguração (1951), da coleção do colunista

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A decisão do governo do Estado, de dispensar a construção de uma quarta ponte e investir na conclusão da reforma da Hercílio Luz, nem sempre foi bem aceita por setores da sociedade, inconformados com os altos custos da restauração. Mas os atuais governantes entenderam que não faria sentido erguer uma quarta travessia a um custo estimado em até cinco vezes o valor da revitalização.

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Em seu projeto original, a ponte imaginada por Hercílio Luz serviria para o transporte ferroviário, numa ligação entre a Capital e o Planalto Serrano (depois, até o Oeste). A intenção do governador esbarrou em vários fatores, entre os quais os altos custos da empreitada. A estrada de ferro representaria a real integração de Florianópolis ao resto do Estado, como era desejo de Hercílio Luz, em franco combate aos que defendiam a transferência da Capital para o centro de Santa Catarina.

Livro que é a mais importante publicação sobre a construção da ponte

A ponte representa uma notável vitória da engenharia. Foi construída em apenas quatro anos, por um consórcio norte-americano, escolhido pelo governador. A crítica atual, sobre a demora de 34 anos para recuperação do equipamento, desconhece que na época de Hercílio Luz não havia burocracia, nem Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei da Transparência, muito menos Tribunal de Contas ou Ministério Público.

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O mais importante estudo já realizado sobre a Hercílio Luz é da professora Djanira Maria Martins de Andrade, hoje professora aposentada do curso de História da UFSC. A obra foi publicada em 1981, pela Editora da UFSC, e é até hoje a principal referência historiográfica a propósito da ponte, com relatos detalhados e absorventes de toda a saga que representou sua construção. A UFSC está nos devendo uma nova edição desse livro.

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Contemplar a ponte, como fazemos sempre, é um ato de amor, de sincera paixão pelo mais belo símbolo arquitetônico e histórico do Estado. Voltar a usá-la, possivelmente no segundo semestre de 2018, será uma realização amorosa completa, porque foi para isso que foi construída, para ser uma travessia segura, leve e deslumbrante entre a Ilha e o Continente.