Com sua motocicleta, o auxiliar de escritório Gilmar Rodrigues, de 42 anos, saiu do trabalho em Florianópolis, em 11 de dezembro de 2015,e seguia pela BR-101 em direção a sua casa em Forquilhas, em São José. Ele, então, decidiu acessar o corredor para fugir das longas filas do horário das 18h, na região de Barreiros. Mas ao passar em frente a um caminhão que estava parado no congestionamento, o motorista não percebeu a presença de Gilmar e o atropelou, arrastando-o para debaixo do veículo conforme o trânsito fluía. “Eu comecei a dar socos no caminhão, mas ele não percebeu que eu estava embaixo”, relembrou com aflição.
A presença dos motociclistas no trânsito das grandes cidades do Brasil cresce junto às opiniões contraditórias sobre o assunto: por um lado, há os que defendem que o uso da motocicleta não deve ser estimulado pela vulnerabilidade e alto índice de acidentes fatais. Por outro lado, cada vez mais pessoas comuns optam pelo meio de transporte, tanto para fugir dos congestionamentos, quanto pelo baixo custo para comprar e manter uma moto, que surge como uma opção atrativa quando comparada ao valor das passagens de ônibus e ineficácia do sistema de transporte público na Região Metropolitana de Florianópolis.
“Nós temos um transporte público caro e ineficiente, em uma cidade com uma geografia totalmente fora do comum como é a de Florianópolis. Aqui, você só tem uma via para chegar a algumas regiões, e não há interligação entre a maioria dos bairros. Vendo todos esses problemas, qual é a melhor opção? Comprar uma moto, que sai mais barato. Então, é necessário colocar uma lupa sobre essa questão”, destacou Pedro Luis Sabaciauskis, presidente da Amofloripa (Associação de Motociclistas da Grande Florianópolis), ao reclamar que os órgãos competentes ignoram a realidade dos motociclistas na região.
A questão é levantada por Pedro ao citar o Plamus(Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis), que traz um estudo, análise e proposta de soluções para a mobilidade urbana na região. No material, que tem como intuito nortear futuros projetos relacionados ao tema, não há medidas específicas voltadas aos motociclistas. Segundo Guilherme Medeiros, coordenador técnico do Plamus, o motivo é a vulnerabilidade do meio de transporte.
“Tentamos não estimular muito a motocicleta por conta do número altíssimo de acidentes, e por poluir mais que o automóvel. É claro que precisamos mostrar que ela existe, mas também tratar a política da educação do motociclista, para que ele tenha um comportamento de se proteger e proteger aos outros”, disse, ao citar que chegou a ser discutida a possibilidade de projeto para implantação de faixas exclusivas para motos. “Mas consideramos que a faixa exclusiva para motos vai estimular um meio de transporte que é muito arriscado”, detalhou.
Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 14/04/2016.
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