As provocações são comuns pela velha rivalidade no futebol, mas se você encontrar um hermano por aí nos próximos dias, um muchas gracias não cairia nada mal para agradecer o impulsoque eles estão dando à economiacatarinense. Em uma temporada com impacto direto da crise brasileira no gasto dos empresários e no poder de compra do turista local, são os argentinos e seus dólares os principais responsáveis pelo equilíbrio nas contas deste verão, conforme pesquisa que será divulgada nesta quinta-feira pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Santa Catarina.
O levantamento foi feito com 100 estabelecimentos de todo o litoral entre o início de janeiro e o fim do Carnaval. Do total de entrevistados no Estado, 78% disse que a temporada foi boa ou excelente e 45% classificou o período como melhor ou muito melhor do que no ano anterior. A explicação para estas avaliações vem quando a pergunta é sobre os visitantes estrangeiros: 78% afirmam que o número aumentou.
— O que nos trouxe um resultado positivo foi o turista do Mercosul, especialmente o argentino. Continuamos com os mesmos problemas de aumento de custos e no fim as coisas ficam elas por elas, o que em um ano de crise é um bom desempenho, inclusive melhor do que em muitas outras regiões do país — analisa o conselheiro da Abrasel-SC, Evandro Cesar Santos.
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Descobrindo outros destinos em Santa Catarina
Com aumento de poder de compra, câmbio favorável e menos restrições para viajar a turismo, a invasão de argentinos se confirmou em SC, como já projetavam entidades como Fecomércio e FCDL. A movimentação histórica levou os hermanos inclusive a frequentar destinos não procurados por eles em anos anteriores, como Santo Antônio de Lisboa, no norte da Ilha.
— Pra nós esse verão foi melhor do que o ano passado. O pico maior foi na semana de Réveillon e depois a gente teve a surpresa com o movimento da segunda quinzena de janeiro, que normalmente não é tão bom. Sentimos uma grande diferença por conta dos argentinos, que acabaram conhecendo a região — comenta Carla Costa, proprietária do Freguesia Bar e Restaurante.
E mesmo quem considerou a temporada semelhante a de 2014/2015 sabe que manter os números do ano anterior já é balanço satisfatório diante do cenário de instabilidade econômica que vive o Brasil.
— A gente mudou de endereço, saindo da avenida principal para um ponto não tão conhecido, e tivemos um pouco de receio por isso. Mas conseguimos ter um movimento igual ao da temporada passada, com um consumo bem maior dos argentinos — relata o proprietário do H2O Sushi Bar, de Garopaba, Leonardo Daniel Jucinsky.
Influência também no poder de compra
E não é só no número de visitantes que os argentinos são decisivos para o balanço positivo da temporada, mas também no gasto médio do verão em Santa Catarina. A pesquisa com os estabelecimentos mostra que 37% dos entrevistados avaliaram o poder aquisitivo dos turistas como menor do que em 2015, contra 30% que o consideraram maior. O equilíbrio, de acordo com o conselheiro da Abrasel, novamente se deve aos hermanos.
— O turista brasileiro gastou muito menos. O que elevou o ticket médio foi o estrangeiro, até pelo poder de compra dos argentinos em relação ao dólar — destaca Evandro Cesar Santos.
O levantamento apontou ainda as dificuldades que atrapalharam a temporada. Os altos custos do setor lideram as reclamações (27%), seguidos de perto pela falta de mobilidade (22%).
— A alta carga tributária e insumos cada vez mais caros são nossos principais problema —, concorda Santos.
Para o restante do ano, metade dos proprietários tem uma expectativa de que será igual a 2015, enquanto 27% têm previsão de melhora e 25% esperam por meses mais difíceis. Apesar disso, boa parte (38%) pretende realizar novos investimentos em 2016.
(Diário Catarinense, 18/02/2016)
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