Oito entidades da Grande Florianópolis entraram com uma representação junto ao Ministério Público Federal (MPF), na última segunda-feira, questionando a obra do Contorno Viário da região. Segundo as entidades, uma alternativa mais barata ao traçado já em execução foi apresentada à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Autopista Litoral Sul, mas não chegou a entrar em discussão. A representação pede que o MPF emita uma recomendação para que a obra seja paralisada, a fim de que a peça seja avaliada.
A obra do Contorno Viário abrange 53 quilômetros entre Palhoça e Governador Celso Ramos, com o objetivo de desafogar o trânsito na região. O projeto sofreu várias mudanças no traçado, principalmente nos últimos três quilômetros, na região de Palhoça. No dia 9 de julho, uma reunião entre o Fórum Parlamentar Catarinense e a ANTT definiu que a obra seguiria o traçado original, ou seja, sairia da BR-101 e atravessaria a BR-282, passando por dentro dos bairros Aririú, Pachecos e Guarda do Cubatão, em Palhoça. O custo total, segundo a ANTT, é de R$ 454,5 milhões, sendo R$ 240 milhões em desapropriações.
MEDIDA POUPARIA CERCA DE R$ 70 MILHÕES
O grupo de entidades, composto por (Federação Nacional dos Engenheiros, Sindicato dos Engenheiros no Estado de Santa Catarina, Sindicato dos Técnicos Industriais de Santa Catarina, Câmara dos Lojistas de Palhoça, Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de SC, Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas, Conselho Comunitário do Bairro Pachecos e Mitra Metropolitana de Florianópolis – paróquia São Francisco de Assis) afirma que um outro traçado, que passaria pela BR-282 e desembocaria direto na BR-101, sem passar pelos bairros, poderia ser até R$ 70 milhões mais barato. Esta alternativa demandaria menos indenizações por desapropriações — cerca de R$ 76 milhões.
— O procedimento de escolha foi falho, no nosso entendimento. Entramos com a representação para que mais tarde a obra não seja paralisada por problemas. Se é para discutir, que seja agora — afirma o presidente do Sindicato dos Engenheiros de SC, Josué Antônio Latrônico.
— Todas as manifestações, inclusive da comunidade, foram para a manutenção do traçado original (que passa pelos bairros). Essa discussão foi amplamente debatida na Assembleia, no Fórum Parlamentar, no Ministério Público. Tenho medo que essa representação só atrase ainda mais a obra — afirma o coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense, deputado federal Mauro Mariani (PMDB).
Segundo o Fórum, durante as audiências públicas sobre a obra do Contorno Viário, a ANTT apresentou dados que mostravam que as obras do traçado original eram R$ 221 milhões mais baratas do que a proposta defendida em representação pelo grupo de entidades. Os valores repassados pela Agência falam em um custo de R$ 22,7 milhões para a obra original e R$ 244,1 milhões para a alternativa. Questionada, a ANTT não confirmou os valores.
(DC, 03/10/2015)
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