(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 03/10/2015)
A sociedade catarinense cobrou providências pela breve recuperação da Ponte Hercílio Luz logo após seu fechamento, em 1982, ainda no governo de Jorge Bornhausen e Henrique Córdova. Aparentemente, nada foi feito porque, de certa forma, a cidade não precisava da ponte. Segura, com pistas duplas, a Colombo Salles, inaugurada em março de 1975, dava conta do recado até aquele momento, embora já mostrasse sinais de saturação – tanto é verdade que os primeiros empenhos para a construção da terceira, que ganharia o nome de Pedro Ivo, começaram por volta de 1986/1987. Ou seja, ao invés de priorizar o conserto da Ponte Hercílio Luz, o governo preferiu investir em mais uma, pensando no futuro da cidade e nas dificuldades de mobilidade urbana que, inevitavelmente, surgiriam.
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A verdade é que não houve um grande esforço, na década de 1980, pela recuperação da Ponte Hercílio Luz. Não vou dizer má vontade, mas omissão, com certeza. Os governantes deram de ombros, do tipo “deixa estar para ver como é que fica”, além de buscarem recursos para a terceira ponte, prioridade indiscutível à época.
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Houve uma reabertura – entre 1988 e 1991 –, no governo de Pedro Ivo Campos e Casildo Maldaner. Nem assim surgiu alguma mobilização expressiva para sua reforma, apesar das campanhas desenvolvidas por entidades como o Senge (Sindicato dos Engenheiros), Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), jornal O Estado, agência Propague – esta, sempre engajada nas grandes causas de Santa Catarina e da Capital.
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Aliás, a Propague produziu inúmeras peças – tanto para jornal, quanto para TVs e rádios – apelando à sensibilidade governamental e à mobilização da sociedade. Uma destas, talvez a mais bela e dramática de todas, está publicada nesta edição da coluna. Consegui uma cópia com o diretor da empresa, Roberto Costa, que não tem certeza quanto à autoria do texto, mas estima que tenha sido da lavra do brilhante cronista Sérgio da Costa Ramos. Esse anúncio foi veiculado nos jornais em 13 de maio de 1995, data em que a ponte completava 69 anos de inauguração. Não foi o único pedido de socorro, até que surgissem providências efetivas e se intensificassem as obras de manutenção.
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O governo do Estado lançou, no ano 2000, o edital de concorrência internacional para elaboração do projeto de restauração. O governador era Esperidião Amin e os recursos foram assegurados, por meio de convênio, pelo Ministério dos Transportes. O ministro Eliseu Padilha esteve na cabeceira insular da ponte, onde assinou o contrato – a verba foi retirada do orçamento de duplicação da BR-101 Norte.
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E justiça seja feita, o governador Luiz Henrique da Silveira (2003-2007 e 2007-2010) determinou-se, a partir de 2005, a realizar a recuperação integral da ponte. Foi na sua administração que ocorreram as obras de reforma dos viadutos insular e continental. Em 2011, o governador Raimundo Colombo assumiu o compromisso de concluir a restauração – que está em curso e pode ser concluída em até dois anos, dependendo da renovação de contrato com a empreiteira Empa, a ser anunciada nesta segunda-feira, 5.
Cada macaco…
Num raro debate civilizado nas redes sociais escrevi a seguinte resposta: somente engenheiros, profissionais especializados, podem mensurar o valor exato de uma obra, que envolve diferentes composições de custos. Não é tarefa para leigos, advogados, procuradores ou jornalistas. Quanto custa um projeto, que demanda viagens, medições, mobilizações de equipes, gastos com combustível, diárias, horas e mais horas de trabalho etc.?
… no seu galho
Essa é a questão que precisa ser investigada tecnicamente sobre todos os custos acumulados ao longo dos anos em relação à Ponte Hercílio Luz. Mas não por meio de chutes ou avaliações intangíveis. Na ponta do lápis, na exatidão das calculadoras científicas, com método, disciplina, independência e sem parti pris. Houve desvios? Houve corrupção? Se alguém tem provas, deve apresentá-las ao Ministério Público.
Cartão postal
Para os que depreciam a ponte, fazendo até campanha pela sua desmontagem, reproduzo a seguir o resultado de pesquisa feita em março deste ano pelo Instituto Mapa, quanto ao quesito “Quando se fala em cartão postal de Santa Catarina, qual o primeiro símbolo ou nome que lhe vem à mente?”. A ponte levou a preferência geral, com 37,5%. O segundo lugar, a Serra do Rio do Rastro, ficou com meros 5,6%. Todos os outros símbolos citados compõem o restante da sondagem.
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