Na tarde desta quarta-feira, a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis (SME) transferiu oficialmente para a Polícia Militar de Santa Catarina sete obras raras de Ildefonso Juvenal, publicadas na primeira metade do século 20. A solenidade ocorreu na sede do Comando Geral da corporação. Os exemplares são oriundos do acervo do Floripa Letrada, projeto da Prefeitura que distribui gratuitamente livros e revistas para as pessoas que transitam pelos terminais de ônibus de Florianópolis. Negro, Ildefonso foi escritor, teatrólogo, jornalista e Major da PM.
Os livros serão restaurados para compor o acervo histórico da polícia. Os internautas terão acesso ao material, pois tudo será digitalizado e disponibilizado no site da PM.
Para a diretora geral da SME, Maria José Brandão, representando o secretário de Educação Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, “obras como essas obrigatoriamente deveriam ter como destino a Polícia Militar, o grande berço de Ildefonso. Esse foi um dos motivos que nos fez promover essa transferência para a corporação. As obras estão em excelentes mãos”.
Representando o comandante da PM, coronel Paulo Henrique Hemm, assinou o termo de transferência o subcomandante geral, coronel João Henrique Silva. “É uma tarde de gratidão e reconhecimento. Parabenizo a prefeitura pela idealização do Floripa Letrada e agradeço a entrega dos livros à PM. São obras de valor histórico e cultural inestimável”, disse.
Foram repassados os livros “Relevo” (prosa-1919), “Páginas singelas” (prosa- versos-discursos-1929), “Conferencias sobre hygiene” (1935), “Teatro- obras completas” (1942) , “Ensinando a ensinar errado” (1946), “À Nossa gloriosa Marinha de Guerra no dia maior de sua história” (1948) e “Contos de natal” (1952).
Família
Ildefonso foi casado com Ana Gomes da Silva, com quem teve três filhos. Alguns familiares do escritor prestigiaram o evento. Nívea Regina da Silva, 66 anos, sobrinha de Ildefonso, reconhece a importância da transferência. “As obras estão agora onde sempre deveriam estar”, destacou.
Com 64 anos, a neta do escritor Dione da Silva Martins ficou feliz com a descoberta das obras do avô. “É muito bom ver o meu avô ser reconhecido novamente”.
Ela esteve na solenidade com outros netos de Ildefono, Sandra Maia Milles Vieira e Luiz Fernando Juvenal da Silva, e com Norma Milles da Silva, nora de Ildefonso, casada com Uvídio Juvenal da Silva.
Outros familiares de Ildefonso que marcaram presença na solenidade foram Dilma Martins Faustino (bisneta), Ivaldo Martins Faria (tataraneto), Laryssa (tataraneta de apenas dois meses) e Maria Terezinha Pinheiro da Silva (mulher de Nairto da Silva, sobrinho do escritor).
Roberto Rodrigues de Menezes, presidente da Academia de Letras da Polícia Militar de Santa Catarina, igualmente esteve presente.
Negro intelectual
Ildefonso Juvenal nasce em 10 de abril de 1894 em Florianópolis, falecendo em 9 de março de 1957. É considerado em Santa Catarina como o primeiro negro a se formar num curso superior. No ano de 1924, no antigo Instituto Politécnico, é graduado em Farmácia.
Desta forma inicia, em 1926, a carreira na Polícia Militar do Estado, como segundo-tenente farmacêutico. No cargo, organiza a primeira farmácia da corporação. Em 1937, é promovido a primeiro- tenente. Na PM fica até 1947, chegando ao posto de major.
Como jornalista, escreve para diversos jornais sobre fatos da história catarinense, registrando, por exemplo, a questão de limites entre Santa Catarina e Paraná, episódio ocorrido em 1916. Outro artigo de autoria dele, publicado em “A Gazeta”,é sobre o Regimento de Infantaria de Linha da Ilha de Santa Catarina , conhecido como Regimento Barriga Verde.
Pelas suas pesquisas é empossado como membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, em 1942.
Como escritor, marca presença em movimentos literários ao lado do professor Barreiros Filho e da professora Antonieta de Barros. Morador da região continental de Florianópolis, em 1973, Idelfonso Juvenal é homenageado com um nome de rua no bairro Estreito.
(Prefeitura de Florianópolis, 19/08/2015)
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