O presidente da Câmara Municipal de Florianópolis, Erádio Gonçalves (PSD), e vários vereadores participaram na manhã desta quarta-feira, 05 de agosto, da solenidade de inauguração do Mercado Público, fechado há 19 meses para uma revitalização completa em um investimento de quase R$ 15 milhões.
A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades, entre elas o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, o presidente da Assembleia Legislativa, Gelson Merísio e o prefeito de Florianópolis, César Souza Junior.
O prefeito da capital citou os desafios superados desde o início do processo de licitação dos boxes até a conclusão da obra. Entre as dificuldades encontradas estão a retirada dos comerciantes que há anos ocupavam os espaços, a manutenção das peixarias, a atualização de um prédio do século XIX seguindo as normas do século XXI, além da ansiedade dos comerciantes e de toda a população. “Hoje volta a bater o coração de Florianópolis” destacou o prefeito.
Mas, para bater forte, o coração da cidade precisa conservar suas raízes. Desta forma, no mix de lojas do Mercado Público está preservada a tradição de Florianópolis com as pescarias, alguns bares renomados e agora a renda de bilro. Ao todo são 112 boxes com 54 atividades comerciais diferenciadas.
Além do comércio, o Mercado Público é o ponto de encontro mais querido da cidade. Sendo assim, para estimular e promover ainda mais essas reuniões casuais, o vão central também está de cara nova, mais confortável, mais bonito e ainda mais convidativo ao lazer. “Este símbolo restaurado fortalece as raízes da cidade. Aqui não é apenas um encontro de pessoas de Florianópolis ou de Santa Catarina, mas de um mundo todo”, enfatizou o governador do Estado, Raimundo Colombo.
O Mercado Público de Florianópolis foi construído em 1898 com apenas uma ala. Em 1915 foram erguidos a outra ala, as torres, as pontes que as interligam e o vão central. A estrutura que é a alma da cidade passou por alguns acidentes, sendo o mais grave um incêndio em 2005 que destruiu toda a ala esquerda do Mercado. Na época, o espaço foi totalmente reconstruído. Apesar desta obra, essa é a primeira vez que o Mercado Público de Florianópolis é completamente restaurado. “Esse é um momento histórico, um momento especial para toda a cidade que hoje está alegre com a reabertura deste tão querido espaço”, afirmou o presidente da Câmara, Erádio Gonçalves (PSD).
(Câmara Municipal de Florianópolis, 05/08/2015)
A Prefeitura de Florianópolis homenageou grandes nomes da cultura da Capital durante a programação da reabertura da Ala Sul, nesta quarta-feira (5). João Soares de Melo, Luiz Henrique Rosa e Aldírio Simões: Manezinhos de coração e alma que foram eternizados dando nome aos espaços do Mercado Público.
O Mercado Público Aldírio Simões leva o nome do jornalista considerado o “manezinho maior” de Florianópolis desde abril de 2006. O comunicador foi o idealizador do Troféu Manezinho da Ilha e atuou de forma significativa para defender a cultura da Capital. À frente da Fundação Franklin Cascaes e da Fundação Catarinense de Cultura, Aldírio desenvolveu diversas atividades artísticas, folclóricas e carnavalescas da cidade.
Segundo sua ex-esposa Maristela de Figueredo, com quem se relacionou durante 25 anos e teve dois filhos, Aldírio tinha uma ligação profunda com o Mercado Publico. Reunia-se com os amigos para bater papo, ver a vida passar, contar “causos” e buscar inspiração para os três livros que escreveu: Domingueiras, Retratos à Luz da Pomboca e Pirão nosso de cada dia.
Maristela conta que diversas edições do Troféu Manezinho da Ilha aconteceram no Mercado Público. “O Aldírio amava Florianópolis e amava aquele lugar. Ele costumava dizer que ser manezinho é um estado de espírito. E ele viveu esse estado desde pequeno, quando passeava com o pai pelo Mercado e conhecia todos os que passavam por ali e os donos de todos os boxes, desde os mais velhos até os mais novos. Inclusive o troféu era uma réplica do Mercado Público”, disse.
Espaço Cultural Luiz Henrique Rosa
Palco de diversas apresentações culturais, rodas de samba e reuniões de amigos, o vão central do Mercado Público homenageia o catarinense Luiz Henrique Rosa. Nascido em Tubarão, mas com a família em Florianópolis, veio para a Ilha aos 11 anos e designou-se “manezinho com orgulho”. O músico conquistou o Brasil e foi reconhecido também internacionalmente. Gravou sucessos ao lado do manezinho Cláudio Alvim Barbosa, o Zininho, apresentou-se com Elis Regina, esteve ao lado de João Gilberto e teve seu trabalho reconhecido por Vinícius de Moraes. O sucesso internacional aconteceu em Nova York, ao lado de Paul Winter, Bob Hecker, Billy Butterfield, Oscar Brown Jr., Nancy Wilson e Liza Minelli. Gravou sete discos e firmou seu nome no cenário norte-americano.
Segundo Raulino Rosa, filho do músico, em 1971 Luiz Henrique voltou à sua amada Ilha para reunir os músicos da Capital. “Ele preocupou-se em mostrar o valor e o potencial da música de Florianópolis e incentivou os músicos da Capital a comporem. Além disso, em época de bailes e discotecas, introduziu a música ao vivo na Ilha”, disse.
Entre os materiais de arquivo da vida de Luiz Henrique, Raulino conta que um vídeo mostra seu pai em frente ao Mercado Público, reunido com os amigos. “Tive pouca convivência com meu pai, quando ele faleceu eu tinha apenas 4 anos, mas percebo nesses materiais que locais como o Mercado Público faziam parte do cotidiano dele. Meu pai tinha Florianópolis no coração”, afirmou.
Largo João Soares de Melo
Espaço de confraternizações e reuniões de amigos e turistas, o calçadão em frente à Ala Sul homenageia o manezinho João Soares de Melo, que se consolidou como um dos maiores líderes do mercado de embalagens da América Latina. Dono da Royal Pack, seu boxe era um dos mais conhecidos do Mercado Público e por quatro anos consecutivos liderou o mercado nacional no seu ramo. Com seu jeito alegre, humilde e fraterno, João conquistou o coração da cidade.
(Prefeitura de Florianópolis, 05/08/2015)
Dona Yeda Marchiori, 70 anos, manezinha da Lagoa da Conceição, entrou na nova Ala Sul do Mercado Público com os olhos brilhando. Escolheu sua peixaria preferida e pediu uma tainha com ova. “Estava com saudade de vir comprar meu peixe aqui no coração da cidade”, confessou.
Yeda perdeu seu filho ano passado e diz representá-lo nesse evento histórico. “Tenho certeza de que hoje ele estaria aqui no vão central, comemorando com os amigos. Estou aqui por ele, pelo amor que meu filho tinha por essa Ilha maravilhosa”, disse.
Já as amigas Helena Gonçalves, moradora da Palhoça, e Marise Coelho Ouriques, da Trindade, encontraram-se no evento e trocaram histórias sobre o Mercado Público. “Nossas famílias tiveram muitas histórias aqui. Minha mãe trabalhou sete anos em um restaurante no vão central. Fazia frutos do mar e todas as boas comidas da nossa Ilha. Estar aqui na reinauguração da Ala Sul e sentir o cheirinho do pastel de camarão me traz muitas lembranças boas”, disse Helena.
Marise relembrou a época em que seu avô tinha o Bar São Pedro, perto da praça da Alfândega, e ela andava pelo centro da cidade quando era criança. “Na minha época ainda dava pra tomar banho ali perto da rua 7 de Setembro. Era uma alegria para as crianças”, disse.
A história de família se entrelaça com o Mercado Público. “Meus pais se conheceram na rua Conselheiro Mafra, eles namoravam e se encontravam no Mercado Público. Hoje já estão há 65 anos juntos”, disse.
(Prefeitura de Florianópolis, 05/08/2015)
A Prefeitura de Florianópolis realizou, na manhã desta quarta-feira (5), a cerimônia de reinauguração da Ala Sul do Mercado Público da Capital, um patrimônio histórico e marco turístico do estado. Dentre as autoridades que prestigiaram o evento estavam o presidente da Assembleia Legislativa, Gelson Merisio (PSD), e os deputados João Amin (PP) e Mário Marcondes (PR).
As obras tiveram duração de 21 meses. A restauração da Ala Norte foi iniciada em dezembro de 2013 e finalizada em maio de 2014. A reabertura da Ala Sul, que começou a ser reformada em julho de 2014, é a penúltima etapa de um trabalho que consumiu R$ 10 milhões em investimentos. A última fase é a instalação da cobertura retrátil do vão central, que representa mais R$ 4,2 milhões.
Além da restauração completa do prédio histórico, o projeto contemplou as adequações às exigências legais, com itens de segurança, acessibilidade, higiene e sustentabilidade. O prédio agora tem Habite-se e todos os 112 boxes estão legalizados. Eles contam com alvarás sanitários, inspeções dos bombeiros e seguem as normas da NBR 90/50.
O projeto também considerou a renovação do mix de atividades. Antes do processo licitatório, o Mercado Público tinha apenas dez segmentos comerciais. Hoje, o número passou para 53. As licitações para concessão dos novos boxes ocorreram nos anos de 2011 e 2013, na modalidade concorrência, com validade de 15 anos, renovável por igual período. Ao todo, 312 empresas participaram do processo, com 1.038 propostas. O total arrecadado foi de, aproximadamente, R$ 13 milhões.
Outro diferencial é a profissionalização administrativa. Agora, com um contrato de concessão para cada comerciante, a prefeitura terá maior controle sobre o pagamento dos aluguéis. Além disso, deverão estar em dia as despesas de água, luz, seguro individual, limpeza e segurança.
Pronunciamentos
Durante a cerimônia, as autoridades destacaram que a reinauguração da Ala Sul do Mercado Público de Florianópolis é um marco histórico para a cidade e também para o estado. “Agradeço a administração municipal por propiciar não apenas a Florianópolis, mas a Santa Catarina a revitalização desse espaço, que é muito mais do que um ponto de encontro das pessoas de Florianópolis, é um ponto de encontro da cultura catarinense”, ressaltou Merisio.
O deputado João Amin disse estar emocionado com a reabertura do mercado. O parlamentar participou do início do projeto, quando ocupava o cargo de secretário municipal de Obras. “O mercado é o coração da cidade, todos se encontram aqui. E não tem diferença de cor, religião, classe social. Essa obra é um presente para a cidade.”
O governador Raimundo Colombo (PSD) parabenizou todos os envolvidos no processo de revitalização do Mercado Público de Florianópolis. “Ganhamos todos nós. É um símbolo que se fortalece, que tem toda a condição de nos unir, de construir um futuro em cima de um passado glorioso.”
Já o prefeito Cesar Souza Junior (PSD) relatou os desafios enfrentados, como a licitação dos boxes, a desocupação da Ala Norte, a restauração do prédio e a manutenção do funcionamento das peixarias. “Hoje não se inaugura uma obra, muito menos uma reforma. Hoje celebramos a revitalização dos elos com o que somos de fato, com a nossa origem, com as nossas lembranças. Hoje volta a bater o coração de Florianópolis”, comentou. “Tranquilizando os mais saudosistas, não haverá descaracterização e sim inclusão, acessibilidade, adequação à legislação”, acrescentou.
O presidente da Associação de Comerciantes do Novo Mercado Público, Aldonei Brito, declarou estar orgulhoso por participar de um momento considerado histórico. “Todos os comerciantes estão empenhados em resgatar a cultura manezinha.”
Programação da reabertura do Mercado
A solenidade de reabertura da Ala Sul do Mercado Público de Florianópolis contou com a participação da Banda da Polícia Militar e a presença do tradicional bloco carnavalesco Berbigão do Boca.
Ao longo do dia, a população poderá conferir apresentações culturais nos dois palcos montados no espaço entre o vão central do Mercado e o Largo da Alfândega.
O comércio na Ala Sul também já estará aberto. O trânsito na Avenida Paulo Fontes vai estar fechado, na pista sentido Beira-mar, a partir das 15 horas.
Confira a programação completa da festa de reinauguração do Mercado Público.
Ala Sul
O que você vai encontrar por lá: 14 peixarias, sendo 1 especializada em bacalhau, cafeteria, empório, açougues, casa de sucos, hortifrúti, utensílios para cozinha, restaurante, cachaçaria, caldo de cana.
Ala Norte
O que você vai encontrar por lá: artesanato, calçados, confecções, costureira, sapateiro, aviamentos, embalagens, materiais de pesca e artísticos, brinquedos artesanais, tabacaria, chapelaria, sorveterias, barbearia, empório de vinhos, artigos para festas, restaurantes e cafeterias.
Vão central
O que você vai encontrar por lá: área de convivência, alimentação, apresentações artísticas
(Agência Alesc, 05/08/2015)
(Por Visor, DC, 06/08/2015)
Arrombassi, tax ligado?, foi uma das expressões mais ouvidas pelo prefeito Cesar Souza Junior, na reabertura do Mercado Público.
Aliás, perdoem-me os críticos, mas desconheço expressão mais precisa para relatar o que testemunhei. Numa tradução livre do manezês significa “Parabéns”. A turma do vão central do Mercado Público, o espaço mais democrático de Floripa, foi unânime ao elogiar o resultado da reforma. Em plena quarta-feira a festa reuniu rico, pobre, pescador, político, sonhador, empresário, comerciante, mentiroso, jornalista, gente bonita, feia, com dente, banguela, funcionário público, desempregado, agiota, gringos, catarinenses, gaúchos e paulistas sem distinção ou preconceito. Estavam todos lá. Eram exatamente 12h04min quando as portas da ala sul abriram após as formalidades do cerimonial. Foi uma invasão, um formigueiro ávido para conferir os preços e escolher o peixe nosso de cada dia. Pedida ideal para o veranico de agosto. Já neste quesito a primeira boa notícia: a maior parte dos boxes agora aceita cartão de crédito, uma velha briga.
Passado os salamaleques e rapapés protocolares, a multidão tomou conta da área que até dezembro será coberta por um teto retrátil. Faltou mesa para acomodar tanta gente. Naquele instante, a cidade se reencontrou. Em meio a “quiridus” e “negas” (formas de tratamento carinhosas do dialeto mané), a região central respirou uma energia diferente. Foi dia de rever velhos amigos, relembrar histórias e, claro, conhecer pessoas. Até antigos desafetos sentaram e beberam juntos. O chope corria solto ao som do samba. Dourado como as cores do novo Mercado, que entrou no século 21 sem abandonar suas características históricas. Era visível a expressão de alegria no rosto dos que trabalharam para colocar a reforma de pé, mas impressionava ainda mais a felicidade dos mais simples. Estavam em casa ao frequentar o “SEU” mercado.
Mais do que uma obra física, as pessoas puderam compartilhar emoções. E em tempos de massacre diário da Lava-Jato, corrupção, crise econômica e até o time que patina no campeonato, a reabertura daquele espaço foi como um sopro de esperança. Ficou nítido o quanto estamos sedentos por boas-novas. Até a autoestima da turma melhorou.
Mas que fique claro: os problemas não vão acabar porque o Mercado Público está funcionando. Diga-se de passagem, nada além da obrigação da prefeitura. Poderíamos falar da falta de mobilidade, obras atrasadas, creches sem vagas, ocupações irregulares ou outras dificuldades. Fica pra próxima, porque o dia foi de celebração. Afinal, o coração de Floripa voltou a bater. E com este músculo em dia a cidade fica mais humana, tax ligado?
(Por Moacir Pereira, DC, 06/08/2015)
O novo Mercado Público está transformado no mais popular e democrático espaço cultural da Ilha de SC. O ícone maior continua sendo a ponte Hercílio Luz. Mas está lá, estática e fria há 33 anos, esperando que alguma autoridade restabeleça sua funcionalidade. Suas cabeceiras são espaços físicos excepcionais, com cenários deslumbrantes. Mas, os mais desprezados do planeta.
O Mercado, ao contrário, tem rica história que se identifica com a própria Capital. Era ali que a população recebia as canoas e baleeiras trazendo o pescado que a alimentava. Ganhou vida com o comércio ao redor, como as peças de cerâmica popular trazidas de São José e uso doméstico obrigatório em todos os lares.
Com o aterro na década de 1970, o Mercado manteve a tradição e ali se encontrava o que a cidade tinha de melhor em frutos do mar. Vieram os armazéns, diversificando os produtos. Depois o ícone da atração turística com o Box 32.
Esta última fase foi reaberta com uma excepcional e vibrante participação popular. Gente de todas as idades, origens, raças, gêneros, ideologias e condição econômica. Num singular clima de festa. Bares e restaurantes caprichosamente decorados, bebida de qualidade e a boa gastronomia.
Fato relevante: os R$ 11 milhões ali investidos foram oriundos da venda dos novos boxes, segundo a prefeitura. Com a cobertura que virá em dezembro, o Mercado Público deve se transformar no ponto de encontro das famílias. Daqui e do resto do mundo. De dia e de noite. Com sol ou com chuva.
O céu que amanheceu lusco-fusco ficou assim até minutos antes de as portas verde- oliva da ala sul do Mercado Público de Florianópolis serem abertas, pouco depois das 11h. Quando o azul pintou, fazendo brilhar o amarelo queimado da estrutura já cheirando a peixe, autoridades estavam espremidas por centenas de espectadores.
Era uma mistura de ansiedade e alegria com a tal mania do manezinho de ser curioso e por visitar um local fechado por 14 meses.Perfeito não foi. Muitos boxes fechados e o banheiro feminino da ala nova foi interditado logo no começo da tarde. Mas daí a estragar a festa é demais.
– Se já tá assim hoje, imagina a loucura no sábado – ouvia-se.
Será dia de maior movimento, com Mercado novo e véspera de Dia dos Pais.
Orgulho e alegria, muita alegria, deram uma cara de carnaval à quarta-feira que começou cinza e ganhou as cores do boi de mamão cantado no meio da tarde por centenas de pessoas, quando a ala sul já começava a ficar transitável.
De manhã, o Berbigão do Boca. À tarde, roda de samba, rodadas de chope, travessas de pastel de camarão, que se estenderam até a noite com os shows que fecharam a Avenida Paulo Fontes. Sorte de quem pode viver tudo o que estava lá.
(Diario Catarinense, 06/08/2015)
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