(Por *Anderson José Beber ,DC, 24/06/2015)
Constantemente se ouve sobre tenebrosos e apocalípticos futuros a respeito de nossos recursos hídricos. Também que a indústria deve reusar água. Muito do que se fala é verdadeiro. Porém existem mitos para combater essa possibilidade de falta de água no futuro.
A engenharia dispõe de tratamentos que podem trazer essa água bruta para absolutamente qualquer condição de uso final. O mais didático exemplo é o reúso de água na estação espacial. Neste local, não há suprimento gigantesco de água e acúmulo de esgoto, por óbvias razões de logística e custo. A totalidade da água é reaproveitada em processos que conferem grau potável para ser novamente consumida.
Reúso de água industrial: muitos mitos, pouca ação. Um único motivo pelo qual engatinhamos nesse assunto. Não é falta de profissionais capacitados, nem falta de tecnologia. O motivo é financeiro. No atual modelo de captação e devolução de recursos hídricos vigente na maior parte de nosso país é muitíssimo mais atrativo captar novos volumes de água, em uma condição satisfatória, do que realizar alto investimento para trazer a água com condição insatisfatória para um patamar aceitável. Não há incentivo econômico e na absoluta maioria dos casos, a diferença de investimento é muito elevada, sendo inclusive difícil justificar uma eventual ação de marketing da indústria.
Não por coincidência países que impuseram encargos financeiros para captação de água e também para a qualidade de água a ser devolvida são os locais onde mais se observam projetos de reúso de água industrial. Exemplo: indústria com caldeira de alta pressão. Custo de água clarificada até R$ 0,15 por m3; água desmineralizada até R$ 0,40 por m3. Em se querer reusar efluente, a depender da indústria o custo pode aumentar de cinco a 10 vezes. O que é mais vantajoso: reusar a água ou captar novos volumes na natureza? A resposta é aquela que não desejamos.
É inútil debater reúso de água industrial sem estabelecer um modelo adequado de regulação e cobrança por uso de água. Do contrário, continuaremos a poluir os nossos mananciais e forçosamente os custos se elevarão, porém, com forte consequência à natureza. Infelizmente, ainda é mais barato captar água na natureza do que recuperar a que já usamos
*Eng. químico pós-graduado em Gestão Ambiental e Gestão de Negócios – Blumenau
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