Obras de emergência na Ponte Hercílio Luz devem ficar prontas em outubro
11/06/2015
Cidade e esclerose
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Ponte (nem tão) segura

(Por Visor, DC, 11/06/2015)

Para os leigos no assunto, como este colunista, o termo “transferência de carga” lembra uma aula de física na escola. Para os técnicos, trata-se da parte mais delicada e trabalhosa na etapa da restauração da ponte Hercílio Luz. Na prática, significa montar uma estrutura similar às palmas das mãos viradas para cima, dando a sustentação necessária ao maior símbolo catarinense contra um possível colapso. A imagem não é fruto de alguma imaginação fértil, ela consta no ofício número 80/2012 encaminhado pelo engenheiro fiscal da obra à diretoria de Obras e Transportes do Deinfra. Foi neste documento que surgiu pela primeira vez a expressão “ponte segura”, termo criado pelo governo do Estado para dar uma satisfação à opinião pública diante do atraso na obra e impossibilidade de entregá-la nos prazos prometidos.

O ofício também diz que para que se conclua a operação Ponte Segura é necessária a dita “transferência de carga.” Isso só será possível com a instalação de 54 macacos hidráulicos, que, por meio de um software, farão a compensação do peso ao longo de toda a ponte, até que as 5 mil toneladas estejam devidamente assentadas sobre os macacos e sobre o restante da base em formato espalmado.

Somente assim seria possível a retirada dos olhais de sustentação da ponte, exatamente os mesmos com o maior risco de ruptura por conta da corrosão.

O presidente do Deinfra, Wanderley Agostini, esteve ontem fazendo uma vistoria no canteiro de obras. Ressaltou que o ritmo dos trabalhos está acelerado e dentro do previsto. Verdade.

Faltava dizer que transferência de carga não está prevista neste contrato de R $ 10,3 milhões com dispensa de licitação em regime emergencial. Mas ontem Agostini admitiu, pela primeira vez, que a operação ficará para a próxima etapa, já que só o custo dos macacos hidráulicos é de R$ 11 milhões. Por enquanto, serão erguidas quatro torres que vão funcionar como estacas gigantescas para segurar a ponte. Ou seja, o termo ponte segura está mais alicerçado em retórica do que em uma base propriamente sólida.

 

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