Enquanto o custo com logística no país é de 11,19%, no Estado, o número atinge a casa dos 14,14%. Parte da despesa se deve, segundo pesquisa apresentada ontem pela Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), à situação da malha viária, principalmente da região Oeste. Para diminuir custos, a federação cobrou providências das lideranças políticas presentes ao seminário sobre a agenda estratégica de transporte e logística catarinense. No encontro, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), anunciou investimentos no setor e apresentou ainda o projeto executivo da obra de duplicação da Via Expressa (BR-282 no trecho entre Capital e São José).
“É preciso o esforço conjunto de todas as áreas para mudar o cenário atual”, defendeu o professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Carlos Taboada, após apresentar os estudos sobre os custos de logística das indústrias catarinenses. O especialista detalhou que para cada R$ 1 bruto faturado, se gasta R$ 0,14 com logística. Com estoque de produção, a indústria gasta 35% de sua estrutura global, enquanto que os custos com transportes atingem 49%.
O mapeamento que mostrou as deficiências logísticas durante o desempenho das atividades das indústrias foi realizado com 300 empresas. Taboada sugeriu que sejam lançados prêmios de logística, levantamentos por setor e fomentado estudos semelhantes ao apresentado por ele, para que o tema seja mais debatido e aprimorado no Estado. “Se reduzir de R$ 0,14 para R$ 0,13, as despesas com logística, esse um centavo resultará em um ganho de mais de R$ 1 bilhão às indústrias catarinenses”, alertou.
Estradas do Oeste catarinense são as mais esburacadas
Durante o seminário, o engenheiro civil e consultor da Fiesc Ricardo Saporitti apresentou uma análise do Crema (Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias). Mostrou que, no Oeste do Estado, o número de buracos nas rodovias federais causa danos aos caminhões que transportam cargas e também aos veículos de passeio que transitam nas vias. “A situação é calamitosa, deplorável”, alertou, apontando fotos das rodovias repletas de buracos.
Saporiti lembrou ainda que de janeiro de 2014 a 18 de maio de 2015, foram registrados 1.090 acidentes na região. Deste total, 263 ocorrências foram entre São Miguel do Oeste e Dionísio Cerqueira. “Perdem-se vidas e bens materiais”, lamentou, sem deixar de citar a lentidão nas obras de restauração no trecho da BR-282 entre Palhoça e Alfredo Wagner.
O superintendente do Dnit em Santa Catarina, Vissilar Pretto, rebateu as informações apresentadas pelo engenheiro Sapotiri e mostrou fotos da última semana, de rodovias do Oeste, onde foram retomados os trabalhos do Crema. “Rescindimos três dos cinco contratos com empresas que faziam a manutenção das vias. Os novos contratos já foram feitos e os trabalhos foram retomados há uma semana”, justificou.
Pretto garantiu que toda a malha rodoviária de Santa Catarina está coberta por contratos de manutenção. “Vamos investir mais de R$ 60 milhões até o inicio de 2016. Neste ano, realizaremos leilão para concessão de 200 quilômetros de rodovia. No ano que vem, serão mais mil quilômetros”, antecipou.
Dnit promete duplicação da Via Expressa para 2016
Durante o seminário, o Dnit apresentou o projeto executivo – em fase de conclusão – da Via Expressa, acesso por onde passam diariamente 86 mil veículos entre o Continente e Ilha de Santa Catarina. A obra contemplará três pistas de rolamento, com dois acostamentos em cada sentido. Ciclovia e viadutos sobrepostos. O edital será lançado ainda em 2015, e o início dos trabalhos, com duração prevista de até três anos, deverá ocorrer em 2016.
Outra obra importante para melhorar o trânsito na região da Capital, o Contorno Viário da Grande Florianópolis da BR-101 – entre Governador Celso Ramos e Palhoça – será construído no traçado atual, segundo um dos membros do Fórum Parlamentar Catarinense, deputado federal Esperidião Amim (PP). “Já decidimos que não vamos aceitar a nova proposta, que prevê o desemboque Sul na BR-282. Ele será construído de acordo com as licenças ambientais já emitidas”, assegurou, sobre a decisão que será levada à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
(Notícias do Dia Online, 29/06/2015)
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