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11/05/2015

Nota de Falecimento – Senador Luiz Henrique da Silveira

O Ministério Público do Estado de Santa Catarina (MPSC) lamenta o falecimento do Senador Luiz Henrique da Silveira, ocorrido na tarde deste domingo, 10 de maio de 2015, na cidade de Joinville (SC).

Sua atuação na vida pública, notadamente nos poderes legislativo nacional e executivos estadual e municipal, contribuiu para o fortalecimento da democracia e a representatividade de Santa Catarina no desenvolvimento do país.

(Ministério Público de Santa Catarina, 10/05/2015)


Nota de Pesar da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina

Santa Catarina está de luto pela morte de um dos seus maiores líderes políticos. O senador Luiz Henrique da Silveira dedicou mais de 40 anos de sua vida pública ao nosso estado e à nação.

Por duas vezes foi governador de Santa Catarina. Visionário, trabalhou por um Estado moderno, igualitário e justo. A vitória marcou a sua trajetória como político e, aos 75 anos, mantinha-se atuante, fazendo a diferença por Santa Catarina.

Em nome do Parlamento Catarinense, nossos mais sinceros sentimento à família e ao povo catarinense.

Gelson Merisio, Presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina

(Agência ALESC , 10/05/2015)


Reveja programa especial com o senador Luiz Henrique da Silveira

A TVAL, emissora de TV da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, produziu, em outubro de 2013, uma entrevista com o senador Luiz Henrique da Silveira, falecido na tarde deste domingo (10), aos 75 anos, em Joinville. A entrevista faz parte do programa “Fragmentos da História”, do qual participam personalidades políticas de Santa Catarina.

A entrevista pode ser revista no canal da Alesc no Youtube ou durante a programação da TVAL.

Perda

Luiz Henrique da Silveira faleceu na tarde deste domingo, vítima de um infarto. O velório do senador começará ainda neste domingo, a partir das 22 horas, no Centreventos Cau Hansen, em Joinville. O sepultamento será nesta segunda-feira, às 16h30, no cemitério municipal de Joinville.

Nascido em Blumenau, Luiz Henrique era formado em direito pela UFSC. Iniciou a vida pública em 1971, quando foi eleito presidente do Diretório Municipal do MDB em Joinville. Em toda sua vida política, foi filiado ao PMDB. Seu primeiro cargo eletivo foi na Assembleia Legislativa. Em 1973, tomou posse como deputado estadual. Em 1975, elegeu-se deputado federal. Conquistaria ainda outros quatro mandatos na Câmara dos Deputados.

No Executivo, elegeu-se prefeito de Joinville por três vezes, a primeira delas em 1976. Entre 1987 e 1988, quando era deputado federal, licenciou-se do mandato para ser ministro da Ciência e da Tecnologia.

Quando estava no terceiro mandato como prefeito de Joinville, em 2002, renunciou ao cargo para se candidatar a governador de Santa Catarina. Foi eleito, numa das disputas mais acirradas da história do estado. Reelegeu-se governador em 2006.

Em 2010, deixou o Executivo, candidatou-se para o Senado Federal e conquistou uma das duas vagas em disputa. Seu mandato como senador iria até 2019. Com seu falecimento, a vaga deve ser ocupada pelo primeiro suplente Dalírio Beber (PSDB).

(Alesc, 10/05/2015)


LHS: um líder reconhecido por ser articulador e estrategista

Dos maiores líderes do partido até os principais adversários, a definição mais usada para caracterizar o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) é a de um articulador e estrategista político. Costurou apoios, ousou em alianças, uniu adversários e protagonizou disputas acirradas que o tornaram  deputado estadual e federal, três vezes prefeito de Joinville (1977-82 e, em dois mandatos entre 1997 e 2004), duas vezes governador de Santa Catarina (2003-2010) e senador desde 2011.

No currículo, porém, ainda constam os pleitos em que seu papel não era o de candidato: a eleição de seus sucessores. E é justamente neste aspecto que origina sua fama: a mão do senador decidiu eleições. Foi assim com os prefeitos de Joinville, Marco Tebaldi (PSDB) e Udo Döhler (PMDB), com o presidente da Câmara no município, Rodrigo Fachini (PMDB), com o governador Raimundo Colombo (PSD) duas vezes, vencendo inclusive uma disputa interna do PMDB (uma ala queria a candidatura própria), e com o senador Dario Berger (PMDB). Até mesmo a vitória do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) em Santa Catarina em 2002 é atribuída ao seu apoio político.

“Em 20 anos, não teve nenhum estrategista como ele no Estado. Isso não dá para negar, mesmo não concordando com as articulações dele”, disse o deputado federal Pedro Uczai (PT), que apoiou a candidatura de Luiz Henrique em 2002, enquanto era prefeito de Chapecó e atualmente faz oposição ao PMDB catarinense. “Ele sabia reconhecer um bom trabalho, mesmo com divergências políticas”, complementa o petista ao ressaltar que teve apoio do senador para aprovar a Lei das Universidades Comunitárias. “Articulamos ações no Senado, ele tinha uma boa relação na Casa Civil”, conta.

Os líderes do PP, maior adversário político do PMDB e de LHS, Esperidião Amin e Joares Ponticelli, também admitem o peso político do senador. “Nossos pais eram amigos, companheiros de partido. É uma perda para o Estado, certamente, reconheço sua representatividade e seu peso na política catarinense”, disse Amin, derrotado por Luiz Henrique em 2002. Já Ponticelli, que chegou a chamar LHS de “senhor mandão” ao ser derrotado por ele na disputa pela chapa majoritária de Colombo em 2014, vai além. “Foi um grande adversário, que merece o nosso respeito. As vitórias dele comprovam a grande habilidade em construir alianças e articular acordos”.

“O sonho dele era presidir o Senado”, diz Bauer

O senador catarinense e amigo de Luiz Henrique, Paulo Bauer (PSDB), secretário de Estado na gestão de LHS, porém adversário na campanha de 2014, realça o poder de articulação de LHS. “Era um grande articulador e construtor de projetos políticos. Tinha visão de futuro e cumpria com a palavra, sua maior virtude”, afirma ao ressaltar a aproximação dos dois no Senado. “Sempre nos identificamos muito, em sintonia total. Somos do Norte do Estado, defendíamos ações juntos, fui secretário do governo dele. Vivemos no Senado um período de cumplicidade integral, sempre votamos da mesma forma”, conta Bauer. “Nem mesmo a campanha do ano passado mudou isso”, acrescenta.

Bauer, porém, destaca uma eleição em que LHS articulou, mas não saiu vencedor: a disputa pela presidência do Senado, com Renan Calheiros (PMDB). “Ele foi ousado, deu o primeiro passo e conseguiu votos significativos que certamente se tornariam valiosos em 2016, com a saída de Renan da presidência. O sonho dele era ser presidente do Senado e tinha todas as chances para isso no ano que vem”.

Outro tucano admirador do jeito LHS de fazer política é o deputado Leonel Pavan, vice-governador do Estado na primeira eleição de Luiz Henrique, em 2002. “Ele sempre foi articulador, mas não era estrategista da tese “vencer por vencer”, agia com princípios”, afirma Pavan ao listar qualidades do senador peemedebista. “Ele dizia que para fazer política tem que saber conversar, convencer. Para isso, precisava ouvir, planejar e cumprir os compromissos assumidos. Em quatro anos, nunca tivemos uma rusga sequer. Ele me dava liberdade”, aponta.

(Notícias do Dia Online, 11/05/2015)


SC perde sua maior liderança política

O inesperado falecimento do senador Luiz Henrique da Silveira choca, impacta, emociona e enluta milhares de catarinenses. Perdeu o Estado sua principal liderança política. Único governador reeleito na história catarinense, Luiz Henrique era detentor de uma biografia realmente singular. Vinha ascendendo no Senado e tinha todas as credenciais para presidir o Senado. Seria o segundo catarinense a exercer interinamente a Presidência da Repúblia.

Tinha uma ligação pessoal e politica excepcional com a população de Joinville, realizou obras marcantes na cidade que o acolheu e projetou, e exerceu 12 mandatos consecutivos, todos com a marca do voto popular.

Desde quando praticou a política estudantil na Faculdade de Direito até os últimos movimentos dentro do Senado, Luiz Henrique atuou como verdadeiro guardião da Democracia. Até quando tinha posições inarredáveis e posições radicais, pretendia transmitir seu ideal libertário.

Deputado federal, perfilou ao lado das principais lideranças no Congresso Nacional que combateram o regime militar e batalharam pela redemocratização. Uma de suas virtudes – a canina lealdade aos amigos – o credenciou junto ao presidente nacional do PMDB, o deputado Ulissses Guimarães, que cacifou sua indicação para várias missões: a liderança do PMDB, a presidência do Diretório Nacional e o Ministério de Ciência e Tecnologia. Quem ouviu alguns dos discursos de Luiz Henrique testemunhou ao longo de décadas a profunda admiração que nutria por Ulisses.

No governo de Santa Catarina executou uma gestão inovadora, em que se destacaram tres grandes realizações: a politica de descentralização para valorizar os municípios; o programa histórico de ligação asfáltica de todos os municípios de Santa Catarina; e a construção de centreventos em dezenas de cidades.

Nos quatro anos em que exerceu o mandato de senador desfraldou como poucos e com determinação a renegociação da dívida dos Estados e Municípios, e bandeira do pacto federativo, convencido de que sem repactuação da arrecadação nacional e melhor distribuição a Estados e Municípios, o Brasil não sai da crise.

“Perda irreparável”, foi a expressão mais citada por autoridades, instituições, parlamentares e amigos de Liuz Henriqu. Irreparável e, por muito tempo, insubstituível”.

(Por Moacir Pereira, DC, 11/05/2015)


O fim de uma era

Até as últimas horas de vida o senador Luiz Henrique da Silveira fez política, quase como um sacerdócio. A missão derradeira foi tentar a reaproximação entre o governador Raimundo Colombo e o vice Eduardo Pinho Moreira. E a última disputa foi pela presidência do Senado, contra Renan Calheiros (PMDB). Mesmo perdendo saiu com ares de vitória. Morreu ontem e deixou uma lacuna na política catarinense, a gestão da chamada Tríplice Aliança e a função de fiador de uniões

Luiz Henrique da Silveira (PMDB) fez política até o fim. Sábado, véspera do ataque cardíaco que resultou em sua morte aos 75 anos, o senador trabalhava na missão de reaproximar o governador Raimundo Colombo (PSD) do vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB) e recolocar no prumo a intrincada aliança política que desenhou e que governa o Estado desde 2006.

Não poderia ser diferente. Desde 1970, quando disputou sua primeira eleição para deputado estadual, Luiz Henrique viveu diariamente a política em suas diferentes esferas. Mesmo depois de uma trajetória que o guindou cinco vezes à Câmara dos Deputados, três à prefeitura de Joinville, duas ao governo do Estado e ao atual mandato de senador, o peemedebista poderia gastar horas tentando arbitrar uma disputa entre vereadores do partido.

Foi exercendo com maestria a arte de ouvir, conversar e articular acordos que Luiz Henrique se tornou o principal nome da política catarinense contemporânea. Sua morte encerra um capítulo da história de Santa Catarina que vai além dos oito anos em que governou o Estado e dos últimos cinco em que atuou como fiador da aliança política entre o PMDB e o DEM, depois PSD, sócios majoritários da coalizão política que dá sustentação ao governo de Raimundo Colombo.

Esse protagonismo ganhou forma em 2002. O então governador Esperidião Amin (à época do PPB, hoje PP) era considerado favorito à reeleição e pilotava uma ampla aliança. Mesmo coligado ao PSDB, LHS acabou favorecido pelo crescimento do PT, que o apoiou no segundo turno.

Por cerca de 20 mil votos, o peemedebista venceu uma disputa considerada impossível. No governo, tentou consolidar a composição com os petistas. Foi essa articulação fracassada que levou Luiz Henrique a construir a aliança que governa o Estado até hoje: ao atrair para a base governista a bancada do então PFL, pavimentou uma aliança com o então senador Jorge Bornhausen e a coligação com os antigos adversários históricos.

– Na época erámos oposição e passamos a apoiar o governo. Essa mudança ocorreu pela sua grande capacidade de diálogo – lembra Gelson Merisio (PSD), hoje presidente da Assembleia.

O APOIO DOS ANTIGOS RIVAIS

Como resultado, Luiz Henrique acabou reeleito em nova disputa contra Amin, desta vez apoiado pelos seus antigos rivais. Mediando conflitos pontuais, sua especialidade, ele conseguiu manter a chamada tríplice aliança – PMDB, PSDB e PFL/DEM – até a primeira eleição de Raimundo Colombo ao governo, ainda pelo DEM. Quatro anos depois, lutou e garantiu a manutenção da coligação, já sem os tucanos e com Colombo abrigado ao PSD.

Este ano, ousou buscar o protagonismo nacional ao encarar uma disputa com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pela presidência do Senado. Articulou dissidências na base governista, aglutinou a oposição, mas foi derrotado por 49 votos a 31. Mesmo perdendo, consolidou-se como referência e mirava a próxima disputa – quando poderia igualar o feito do catarinense Nereu Ramos, que também presidiu o Senado.

Enquanto projetava o futuro, tentava cuidar de sua base. Eram 23h de sábado quando ligou para Colombo. Estava em Itapema, em sua casa de praia, onde havia conversado com Pinho Moreira por cerca de duas horas. A relação do governador e do vice está estremecida desde a entrevista ao colunista Moacir Pereira em que Moreira disse não ter espaço na gestão, há duas semanas.

– Na nossa última conversa, mostrou-se mais uma vez o companheiro de sempre, conciliador e respeitador – lembrou Moreira.

– Luiz Henrique me ligou. Estava bem. Estou profundamente comovido. E hoje toda SC está em lágrimas, com a despedida desse grande líder – afirmou Colombo.

Aproximar os dois, manter em pé a obra que criou, foi a última missão de Luiz Henrique. Missão encerrada simbolicamente às 15h15min de domingo, com a morte do senador em Joinville. Curiosamente, repetindo o número do partido em que sempre militou. Colombo e Moreira se reencontram hoje em seu velório. A partir desta segunda-feira, está vago o papel de fiador da aliança governista em Santa Catarina.

(DC , 11/05/2015)

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