A interrupção no fornecimento de energia em oito bairros, na madrugada de segunda-feira (18), alerta para problemas em Florianópolis. Nos primeiros meses de 2015, foram registrados casos como a explosão em um dos alimentadores da subestação da Celesc no bairro Córrego Grande, em 26 de março, além da queda de energia em mais de 53 mil unidades, no dia 11 de maio, quando um temporal ocasionou a queda de postes e de árvores sobre os fios de alta tensão e o rompimento de cabos.
Responsável pelo fornecimento de eletricidade, a Celesc reconhece a dificuldade do trabalho de manutenção dos equipamentos, mas indica que a complexidade da rede elétrica é um fator decisivo para os problemas recorrentes. Além da dimensão, a região tem outro “inimigo” quando o assunto é distribuição. “Em 2015, foram registrados eventos climáticos adversos, como um ciclone extratropical. A Grande Florianópolis sofre, também, com a salinidade [maresia] corroendo alguns componentes da rede. A chuva, muitas vezes, funciona como uma lavagem, mas o problema é o vento. Chuva e vento são os maiores geradores de ocorrências”, explicou o chefe da Divisão Técnica Regional da Celesc, Adriano Luz.
Nem problema com chuvas, nem defeito na subestação. A queda de energia que afetou os bairros, Caieira, Centro, Córrego Grande, Costeira do Pirajubaé, José Mendes, Pantanal, Prainha e Saco dos Limões, entre a madrugada e a manhã de ontem, teve como causa a quebra de um componente dos postes de luz. “O caso da madrugada de ontem foi atípico: um problema no isolador”, afirmou Adriano, se referindo ao equipamento que assegura o isolamento dos condutores entre si e a terra, e são responsáveis pela sustentação e fixação dos cabos e fios.
Tecnologia para diminuir ocorrências
A Celesc informa que tem trabalhado na manutenção para evitar problemas como o de ontem e que busca maneiras de assegurar o funcionamento da rede elétrica mesmo em dias de tempestades. “Estamos trabalhando em várias frentes para aumentar a confiabilidade do sistema elétrico da Grande Florianópolis, com investimento em redes compactas e isoladas, formadas por cabos mais resistentes às interferências do ambiente e que evitam o corte no fornecimento”, assegurou Adriano Luz.
De acordo com o chefe da Divisão Técnica Regional da Celesc, a empresa trabalha, também, para “isolar” eventuais defeitos e diminuir o número de pessoas afetadas falta de eletricidade. “Estamos instalando ‘religadores’, equipamentos ao longo da rede que sentem uma falha e conseguem rapidamente isolar o defeito. Além disso, estamos investindo nas nossas equipes e modernizando a comunicação entre as equipes de campo e os centros de operação da distribuição”, afirmou.
Atenção aos direitos do consumidor
Além de deixar as pessoas no escuro, as oscilações e quedas da distribuição de energia podem causar transtornos aos cidadãos, sobretudo queimando aparelhos eletrônicos. De acordo com legislação específica, estabelecida pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), eventuais danos são de responsabilidade das empresas fornecedoras de energia, que, caso seja comprovada sua responsabilidade, deverão ressarcir o cidadão.
Para tal, o Procon indica que a melhor maneira de buscar os direitos é acionar a empresa imediatamente. “O primeiro procedimento é fazer uma reclamação na Celesc. Eles vão verificar se realmente houve queda de energia no local, o horário e o tempo de duração, para, em seguida, mandar uma pessoa na casa do consumidor para verificar o aparelho. É importante frisar que o consumidor não pode consertar o aparelho antes da vistoria. Depois do laudo, se proceder, eles fazem o ressarcimento” afirmou a diretora do Procon-SC Elizabeth Fernandes.
Como evitar danos aos aparelhos
Mesmo que o ressarcimento de eventuais danos causados pela queda de energia elétrica esteja previsto na legislação, é sempre mais recomendável prevenir a remediar. A queima de aparelhos eletrônicos acontece por causa da oscilação da tensão na rede elétrica, mas é bastante simples de ser evitada. “Basicamente, o ideal é tirar o equipamento da tomada, principalmente quando há descarga na atmosfera (raios e relâmpagos)”, indica Adriano Luz.
Equipamentos como estabilizadores (cuja função é justamente estabilizar a voltagem distribuída da tomada para os aparelhos eletrônicos) e no-breaks (equipamentos que armazenam certa quantidade de energia e mantém o funcionamento dos aparelhos após a queda de luz) também podem ser importantes aliados na hora de evitar danos à televisores, computadores, geladeiras etc.
Alguns cidadãos têm o costume de checar a chave-geral da casa ou a rede elétrica durante a queda de luz, mas a Celesc ressalta os perigos de atitudes como essa. “A pessoa não pode mexer na fiação elétrica enquanto faltar energia, porque a Celesc está trabalhando e a qualquer momento a energia pode retornar. As pessoas têm que considerar isso e tomar cuidado”, disse Luz.
(Notícias do Dia Online, 19/05/2015)
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