No momento em que a diminuição das reservas de água potável tem sido motivo de preocupação em todo o mundo, os organismos responsáveis pelo abastecimento hídrico buscam alternativas para minimizar os efeitos econômicos, ambientais e sociais que esse problema pode provocar. E é justamente com esse propósito que a Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental, e a Casan estão firmando uma importante parceria que pode trazer uma significativa economia de água potável para o município.
“Estamos buscando alternativas para o uso sustentável da água, recurso indispensável para todos os seres vivos e cada vez mais escasso. E num momento como este, quando é fundamental preservar os reservatórios de água potável, utilizar esta mesma água na lavação de espaços públicos ou rega de canteiros e jardins é uma prática incoerente. Por isso estamos firmando esta parceria com a Casan, inspirada em modelos já existentes mas ainda não difundidos em nosso município ou no Estado”, informou o secretário de Habitação, Domingos Zancanaro.
Baseada no estudo desenvolvido pelo Setor Operacional de Esgoto (Seope) da Casan, a parceria tem como foco o reúso urbano, que consiste em utilizar a água de reúso para demandas não potáveis. Ou seja: além das utilizações já apontadas pelo secretário de Habitação, a água proveniente de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) poderia ser utilizada no combate a incêndios, limpeza e desentupimento de galerias de águas pluviais e até em chafarizes ornamentais. Embora parte deste consumo não seja diretamente tributado, os custos para a manutenção de seu abastecimento acabam sendo repassados aos consumidores.
De acordo com o engenheiro Daniel Crippa Lemos, chefe do Seope, o projeto-piloto em desenvolvimento pela Casan tem como foco inicial o esgoto tratado na ETE Insular, localizada na cabeceira da Ponte Pedro Ivo, na entrada da Ilha de Santa Catarina.
“Esta é a maior e mais eficiente unidade de tratamento da Casan, com capacidade de tratar 278 litros/segundo de esgoto, e, a partir do momento em que o projeto se mostrar viável, a iniciativa pode ser replicada em todo o Estado, gerando uma grande economia de água potável”, afirmou Crippa. A água resultante do esgoto tratado é desinfetada com cloro e livre de microorganismos patogênicos, tem baixo índice de cor e é rica em nutrientes, que acabam incrementando seu uso em irrigação (como fósforo e nitrogênio).
O volume tratado na ETE Insular corresponde a aproximadamente 1.000 m³/hora, e para se ter uma ideia da economia proporcionada por iniciativa semelhante, é possível utilizar como exemplo a ação da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), do Rio de Janeiro, que implantou um sistema de água de reúso, destinando o esgoto tratado à limpeza urbana e consumo industrial. Segundo dados da Companhia Municipal de Limpeza Urbana daquele município, a Comlurb, cerca de 12.000 m³ de água de reúso são utilizados a cada mês apenas em limpeza urbana.
Para discutir e efetivar a parceria já foram realizadas três reuniões entre a Secretaria de Habitação e os engenheiros Crippa e Felipe Trennepohl, do corpo técnico da Casan.
“No primeiro momento fomos ‘apresentados’ ao projeto piloto e elencamos os potenciais parceiros, e num segundo encontro fomos conhecer de perto o trabalho de tratamento na ETE. Na última reunião, realizada semana passada (10), trouxemos alguns dos prováveis ‘consumidores’ da água de reúso (Corpo de Bombeiros, Comcap e Floram), e todos se manifestaram positivamente em relação a esta parceria. Vamos ainda buscar as secretaria de Obras e de Mobilidade Urbana, que com certeza também abraçarão esta ideia, proporcionando ao município uma considerável economia de água própria para o consumo humano”, destacou o secretário Zancanaro.
Segundo ele, a ideia é amadurecer e ampliar a proposta, desenvolvendo logística e condições para que a ETE Insular possa destinar todo o esgoto ali tratado para o reúso, e por conta disso colocar em prática algumas ações, que incluem estimular as novas edificações a utilizarem a água tratada em suas instalações sanitárias e desenvolver estudos, inclusive, para a instalação de redes paralelas para abastecimento de água de reúso.
“Sabemos que para isso será necessário uma mudança de cultura e uma adaptação de todos os envolvidos, mas aos poucos essa nova prática acaba se tornando uma rotina e os resultados alcançados compensam quaisquer esforços e investimentos iniciais”, completou.
(Prefeitura de Florianópolis, 17/04/2015)
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