Dois dias depois de a Empa retomar as obras de sustentação do vão central da ponte Hercílio Luz, técnicos e diretores da norte-americana American Bridge Company estiveram em Florianópolis, nesta quinta-feira, para uma visita técnica na ponte. O governo do Estado entregou o projeto executivo e o detalhamento técnico da obra, que será analisado e aprimorado pela companhia. Dentro de 60 dias, a American Bridge, responsável pela construção da ponte entre 1922 e 1926, deverá definir o projeto final e os custos para executar os trabalhos. O governador Raimundo Colombo (PSD) afirmou que o processo para a contratação da empresa está em fase final de negociação, mas ainda sem contratos formalizados e prazo de finalização da obra.
A expectativa do governo é de que a empresa que ergueu a ponte seja a mesma que deverá colocar um ponto final na novela que se tornou a restauração da Hercílio Luz. “A ponte é um símbolo catarinense e a oportunidade de melhorar muito a mobilidade em Florianópolis. É uma obra de grande complexidade de engenharia, e um dos maiores desafios de engenharia mundial. A American tem mais de 3.000 pontes construídas entre as maiores do mundo, e estamos em uma fase muito adiantada do projeto”, disse Colombo.
De volta a Pittsburgh, nos Estados Unidos, Michael Cegelis, vice-presidente da American Bridge, e Dan Raynor, engenheiro, que estiveram em Florianópolis, vão se debruçar nos próximos dois meses para definir os métodos que serão utilizados na reforma e no orçamento final que será acertado com o governo catarinense. “A parte mais complicada será trocar todas as estruturas antigas por novas. Não sabemos agora qual o custo total da obra neste momento”, afirmou Cegelis.
Governo tem R$ 130 milhões para a obra
A intenção do governador Raimundo Colombo é fazer a contratação com dispensa de licitação, assim como foi feito com a Empa, que deu início às obras emergenciais de sustentação do vão central da ponte. Caso o contrato com a American Bridge seja efetivado, a empresa deverá começar a trabalhar na ponte após a conclusão das obras da Empa, dentro de seis meses. Segundo Colombo, o governo tem em caixa R$ 130 milhões assegurados em financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a restauração da ponte.
Após visitas à ponte Hercílio Luz, reuniões com o Deinfra e com o governador, os representantes da American Bridge receberam todos os detalhamentos técnicos que serão levados aos Estados Unidos para discutir o projeto a ser executado. Caso a empresa feche efetivamente a obra com o governo, uma equipe norte-americana trabalhará em tempo integral em Florianópolis, utilizando mão de obra brasileira.
Será um desafio, diz vice-presidente
A American Bridge é uma empresa especializada em construção de pontes, mas segundo Michael Cegelis, este será um trabalho desafiador. “Certamente é complexo. Já fizemos trabalhos parecidos em outras pontes, mas este é um desafio. O diferencial desta ponte é que ela não é feita de fios e sim de barras de olhais, não é algo usual”, disse.
Após nove meses de obras paradas, o governo assinou a ordem de serviço para a retomada dos trabalhos na última terça-feira. Sob responsabilidade da Empa, que faz parte do grupo português Teixeira Duarte, as obras emergenciais do vão central custarão R$ 10,3 milhões aos cofres públicos. A empresa substitui o consórcio liderado pela Construtora Espaço Aberto, que teve o contrato rescindido em agosto de 2014.
( Notícias do Dia Online, 10/04/2015)
(Por Carlos Damião, ND, 10/04/2015)
Compreendo, mas não gosto dos raciocínios simplistas sobre a Ponte Hercílio Luz, do gênero “derruba e constrói outra”, porque reduzem a importância do símbolo arquitetônico e histórico de Santa Catarina. Mais do que isso, revelam um razoável desconhecimento da complexidade técnica que envolve a recuperação da primeira travessia ilha-continente. Mesmo em seu período de construção, entre 1922 e 1926, a Ponte Hercílio Luz foi uma obra de engenharia pesada. E por causa disso o governador Raimundo Colombo teve a ideia de buscar socorro junto à American Bridge, sucessora da empresa original que construiu a ponte em apenas quatro anos. Na quinta, 9, apresentou à imprensa um grupo de representantes da companhia estadunidense, que veio conhecer mais de perto os problemas estruturais da ponte. Eles confirmaram a existência de muitas dificuldades técnicas no processo de reforma da ponte. Até porque, se a revitalização fosse fácil, já estaria pronta. Parece-nos, à primeira vista, que contratar a American Bridge para concluir os trabalhos é a melhor solução possível para a Ponte Hercílio Luz. Restar saber como isso será feito, em vista da dispensa de licitação, um procedimento atípico do ponto de vista legal, uma vez que a empresa dos Estados Unidos não é a única especializada e não há uma situação emergencial que justifique a inexigibilidade de licitação. Se o caminho for esse mesmo, o governo certamente se cercará de todos os procedimentos legais para viabilizar a contratação. O fato é que a ponte precisa ser devolvida – e íntegra, segura – ao uso da população.
Executivos e engenheiros da empresa norte-americana que construiu a Ponte Hercílio Luz estiveram nesta semana em Florianópolis para avaliar as condições do principal cartão-postal da capital catarinense. O governador Raimundo Colombo anunciou oficialmente ontem que a American Bridge apresentará uma proposta de trabalho com orçamento nos próximos 60 dias referente à obra de restauração final da estrutura.
O vice-presidente da empresa, Michael Cegelis, afirma que é possível realizar a revitalização, mas evitou falar sobre preços. Os americanos chegaram a Florianópolis na quarta-feira e fizeram uma vistoria na ponte.
Atualmente, está em andamento na estrutura a obra emergencial que vai sustentar a ponte para que seja feita a obra no restante da ligação. Além dessa etapa, há outros três obstáculos a serem vencidos para a conclusão da restauração. Veja ao lado quais são.
O QUE FALTA SER RESOLVIDO
1A disputa entre o Deinfra e o Consórcio Florianópolis Monumento, antigo responsável pelos serviços na ponte, tem gerado um clima de insegurança jurídica. Após o governo rescindir o contrato em agosto de 2014, o consórcio ingressou na Justiça para interromper as obras até que houvesse um levantamento de valores pendentes. O processo continua em andamento. No fim do ano passado, uma decisão judicial chegou a vetar qualquer serviço no local por um mês.
2Raimundo Colombo quer fechar o contrato com a American Bridge com dispensa de licitação, o que contraria o projeto inicial da restauração e pode gerar problemas administrativos futuros. Para isso, ele já estabeleceu conversas informais com o Ministério Público Estadual, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e Assembleia Legislativa para articular o encaminhamento, mas por enquanto não está definido se a contratação será possível dessa forma.
3A American Bridge já vistoriou pessoalmente a ponte e agora estabeleceu um prazo de 60 dias para apresentar uma proposta orçamentária. Por enquanto, não faz nenhuma estimativa de preço. O governo estadual tem reservado R$ 130 milhões, de financiamento do BNDES, para investir nessa etapa da obra. Mas com a alta do dólar, que gira em torno dos R$ 3, há preocupação de que o custo final seja maior do que a capacidade do Estado.
4Se tudo der certo, a American Bridge só poderá começar os trabalhos após a empresa Empa, do grupo português Teixeira Duarte, finalizar a etapa da “Ponte Segura”, referente à estrutura de sustentação inferior, cujo contrato é de R$ 10 milhões. A Empa já reiniciou as atividades no canteiro de obras e possui um prazo de 180 dias para levantar as quatro torres que irão sustentar a ponte durante a restauração.
( DC, 10/04/2015)
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