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Cúria Metropolitana negocia prédio do antigo Cine Ritz com a Prefeitura de Florianópolis

A tinta azul das paredes do antigo Cine Ritz perde a cor ao mesmo tempo em que os cupins deterioram o interior do prédio, inaugurado em 1935. Os murais, onde eram colados os cartazes dos filmes, ainda permanecem nas laterais das portas. Mesmo assim, as condições do espaço — antes voltado à sétima arte — em nada lembram os tempos áureos do Centro da cidade. Sem dinheiro para reforma, e nem para terminar de pagar o imóvel, adquirido do Badesc (Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina), a Cúria Metropolitana de Florianópolis tenta vender o edifício para a prefeitura da Capital. O espaço é tombado como patrimônio histórico e artístico municipal desde 1986.

Segundo o secretário da SMDU (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Marcelo Martins da Rosa, a prefeitura tem interesse na área, mas ainda não foram definidos valores e o que será feito do prédio, caso ele seja comprado pelo Executivo municipal. “Estivemos reunidos com o prefeito [Cesar Souza Júnior] na sexta-feira passada e um dos temas foi esse. Conversamos há anos sobre esse tema e agora ele foi retomado”, explica Rosa. Uma reunião nesta quarta-feira, entre prefeitura, Badesc e a Catedral, deve dar um encaminhamento mais conclusivo à questão.

O imóvel do número 110 da rua Arciprestes Paiva foi um dos cinemas mais concorridos de Florianópolis até a década de 1980, quando foi desativado. A Cúria Metropolitana adquiriu o espaço em um leilão, em 2007, quando o local abrigava uma igreja evangélica. Desde então, o edifício permanece fechado. De acordo com o pároco local, Davi Antônio Coelho, o prédio, que pertence à Ação Social da igreja, não oferece condições de ocupação. “Utilizamos o prédio para acomodar doações”, disse, negando que um brechó em prol da Ação Social esteja em funcionamento no local, como registrado pela equipe do Notícias do Dia, na tarde de ontem.

Espaço interno está deteriorado e reforma custaria mais de  R$ 8 milhões

O pároco da Catedral, Davi Coelho, não quis detalhar ontem o débito com o Badesc. Mas, em entrevista ao ND em 2011, o padre disse que a dívida ultrapassava R$ 1 milhão. Coelho espera que a negociação com a prefeitura — que se prolonga há mais de um ano — seja concluída o mais breve o possível e que o poder público abrigue no local um centro de convenções voltado à cultura. “Se a prefeitura desistir, vamos vender a quem tiver interesse. O valor da reforma é muito alto”, assegurou o padre.

Segundo o secretário da SMDU, um espaço cultural é uma das opções mais fortes de projeto para o local. O Executivo está em contato com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para viabilizar a captação de recursos para o restauro do prédio.

O antigo Cine Ritz foi locado pela Faculdade Borges de Mendonça, que instalaria ali um projeto cultural. De acordo com o padre, o projeto nunca saiu do papel. A reforma do local, com capacidade para mais de 700 espectadores, custaria mais de R$ 8 milhões. O prédio foi tombado como patrimônio histórico e artístico de Florianópolis pelo decreto municipal 270, de 1986, com NP (Nível de Preservação) número dois, que preserva somente a área externa e telhado do imóvel.

(Notícias do Dia Online, 28/04/2015)

mm
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