Três reajustes farão conta de energia elétrica subir cerca de 55% neste ano
SEM SUBSÍDIOS FEDERAIS para atenuar custo de operação de usinas, despesa do serviço será repassada em maior parte para o consumidor. O tarifaço é resultado ainda da falta de chuva nos últimos meses e da entrada em vigor de bandeiras
A chance de levar um choque é grande: não bastasse o início da cobrança da bandeira tarifária a partir de janeiro, que representará alta de 11% na fatura, os usuários devem encarar outros dois aumentos em 2015 na conta de luz. Juntos, o tarifaço pode chegar a 55% em 12 meses. Para este ano, a projeção da inflação está em 6,6%.
A dimensão exata do reajuste ainda não é conhecida, mas projeção de especialistas apontam alta de 30%, na melhor das hipóteses. Se São Pedro continuar não ajudando e a seca na região Sudeste persistir, o avanço pode chegar a 55% segundo cálculos de Paulo Steele, analista que atuou por cerca de cinco anos na Aneel, no desenvolvimento do cálculo dos custos de longo prazo para concessionárias que hoje atua na consultoria TR Soluções.
O tarifaço recorde é resultado de uma série de fatores. A falta de chuva tem obrigado as empresas de distribuição a comprar energia gerada nas termelétricas – muito mais cara – desde 2013 e a conta para o consumidor começa a ser repassada só agora, em 2015.
A entrada em vigor das bandeiras tarifárias em janeiro já no vermelho, também pesa. Representa R$ 3 para cada 100 KWh consumidos.
Mas isso tudo já era esperado por especialistas. A surpresa veio com o anúncio do Planalto que iria reduzir o tamanho da ajuda para as distribuidoras e a possibilidade de um tarifaço extra no primeiro semestre, uma maneira de garantir mais dinheiro para as companhias e evitar uma quebradeira do setor.
– De modo bastante grosseiro, cada R$ 1 bilhão de aumento de custo das empresas representa de 0,8% a 1% de aumento na conta para o usuário. Mas isso varia bastante de região para região.
Empresas do Norte e Nordeste recebem mais ajuda, então podem ter impactos ainda maiores – explica Nelson Fonseca Leite, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
EM 2014, GOVERNO SOCORREU EMPRESAS
No ano passado, o governo socorreu as empresas de energia em duas frentes: aportes do Tesouro e facilitando a tomada de empréstimos das empresas com os bancos. O afago foi suficiente para equilibrar o caixa das companhias até outubro, mas faltou cerca de R$ 2,5 bilhões para fechar o orçamento.
O Planalto vai dar aval para um último empréstimo, mas já sinalizou que para 2015 vai diminuir o apoio oferecido e que qualquer aumento de custo da energia deve ser dividido com o consumidor. É o chamado “realismo tarifário”.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, indicou que o custo é muito pesado para o governo dentro do atual contexto de ajustes e que o gasto para sanar a crise das distribuidoras será bancado pelos consumidores nas contas.
(DC, 14/01/2015)
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